A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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6 Escola Estadual<br />
A aproximação com a <strong>escola</strong> estadual aconteceu durante a formação para<br />
professores/as da ong Somos. Acompanhei um módulo <strong>de</strong> três dias em agosto <strong>de</strong><br />
2007, o qual reuniu as três turmas que até então trabalhavam em pequenos grupos. Era<br />
a segunda edição realizada em parceria com a SEC. No primeiro curso a Secretaria<br />
selecionou gestores <strong>de</strong> <strong>escola</strong>s para participarem da capacitação, neste segundo, a<br />
ong optou por fazer a divulgação <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s através da SEC, mas aberta aos/às<br />
interessados/as. Esta mudança se <strong>de</strong>u pelo fato <strong>de</strong> perceberem que havia um critério<br />
<strong>de</strong> escolhas das <strong>escola</strong>s que não contemplava o interesse que po<strong>de</strong>ria haver <strong>na</strong><br />
implantação <strong>de</strong> intervenções, por exemplo, as <strong>escola</strong>s escolhidas pela Secretaria foram<br />
aquelas não haviam participado da última greve. Neste curso me chamou a atenção o<br />
cartaz <strong>de</strong> divulgação: um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um menino, com sapatos femininos, gran<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>mais para seus pés, se olhando num espelho colocando um vestido a sua frente, e o<br />
título do projeto: Construindo I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, Desconstruindo Preconceitos.<br />
Neste módulo participaram em torno <strong>de</strong> 20 educadoras/es e percebi que as<br />
professoras da <strong>escola</strong> estadual eram bastante participativas e noto que uma <strong>de</strong>las é<br />
travesti. A orientadora educacio<strong>na</strong>l Nádia parece ter um papel <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, ser<br />
referência para o restante do grupo. Quando me apresento e coloco que estou fazendo<br />
uma pesquisa abordando a <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong> <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e gostaria <strong>de</strong> conversar com<br />
ela e as colegas sobre o trabalho que elas estão <strong>de</strong>senvolvendo. Ela diz: “Não estamos<br />
fazendo <strong>na</strong>da! É muito pouco!”. Mas que elas estão tentando levar a discussão com os<br />
alunos e diz que é muito incipiente. Diz que a visita dos coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores da formação <strong>na</strong><br />
<strong>escola</strong> <strong>de</strong>u uma sacudida e elas estão dispostas a não parar, seguir discutindo. Ela diz<br />
que a professora <strong>de</strong> ciências e a vice-diretora da tar<strong>de</strong> também estão fazendo o curso e<br />
esta conta que no ano anterior à formação <strong>de</strong>u aula <strong>de</strong> ciências e <strong>de</strong> educação religiosa<br />
e, nestas aulas trabalhou homofobia com os alunos e que foi muito bom. Ela diz que ela<br />
não ensi<strong>na</strong> religião, ensi<strong>na</strong> respeito. Afirma que somente um pai <strong>de</strong> alu<strong>na</strong> veio este ano<br />
colocar que se houverem estas aulas <strong>de</strong> novo a filha <strong>de</strong>le (“que é da oitava série!”) não<br />
vai participar, que o pastor disse que ela não podia participar <strong>de</strong> aulas sobre este<br />
assunto. A professora disse: “Tudo bem! Eu não estou mais dando ensino religioso e já