A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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73 institucional com o estado somente se deu na sua segunda edição e sempre se revelou como mais tênue; ao contrário da ong Somos, que seu público foi do estado, inclusive seu primeiro curso foi exclusivamente de profissionais selecionados pela SEC. Isto parece estar relacionado com uma diferença de enfoques nas duas propostas de formação: a posição política da ong nuances consiste na defesa da livre expressão e diversidade sexual, na ong Somos o termo identidade é mais presente, configurando por vezes um conflito presente nos movimentos LGBTT, entre posicionamentos mais apoiados nas estratégias de políticas identitárias e aqueles que se utilizam majoritariamente da defesa de direitos sexuais sem uma vinculação identitária. Uma tensão presente entre estes grupos e que parece delimitar seus campos de atuação e parcerias.
74 6 Escola Estadual A aproximação com a escola estadual aconteceu durante a formação para professores/as da ong Somos. Acompanhei um módulo de três dias em agosto de 2007, o qual reuniu as três turmas que até então trabalhavam em pequenos grupos. Era a segunda edição realizada em parceria com a SEC. No primeiro curso a Secretaria selecionou gestores de escolas para participarem da capacitação, neste segundo, a ong optou por fazer a divulgação nas escolas através da SEC, mas aberta aos/às interessados/as. Esta mudança se deu pelo fato de perceberem que havia um critério de escolhas das escolas que não contemplava o interesse que poderia haver na implantação de intervenções, por exemplo, as escolas escolhidas pela Secretaria foram aquelas não haviam participado da última greve. Neste curso me chamou a atenção o cartaz de divulgação: um desenho de um menino, com sapatos femininos, grandes demais para seus pés, se olhando num espelho colocando um vestido a sua frente, e o título do projeto: Construindo Identidades, Desconstruindo Preconceitos. Neste módulo participaram em torno de 20 educadoras/es e percebi que as professoras da escola estadual eram bastante participativas e noto que uma delas é travesti. A orientadora educacional Nádia parece ter um papel de liderança, ser referência para o restante do grupo. Quando me apresento e coloco que estou fazendo uma pesquisa abordando a diversidade sexual na escola e gostaria de conversar com ela e as colegas sobre o trabalho que elas estão desenvolvendo. Ela diz: “Não estamos fazendo nada! É muito pouco!”. Mas que elas estão tentando levar a discussão com os alunos e diz que é muito incipiente. Diz que a visita dos coordenadores da formação na escola deu uma sacudida e elas estão dispostas a não parar, seguir discutindo. Ela diz que a professora de ciências e a vice-diretora da tarde também estão fazendo o curso e esta conta que no ano anterior à formação deu aula de ciências e de educação religiosa e, nestas aulas trabalhou homofobia com os alunos e que foi muito bom. Ela diz que ela não ensina religião, ensina respeito. Afirma que somente um pai de aluna veio este ano colocar que se houverem estas aulas de novo a filha dele (“que é da oitava série!”) não vai participar, que o pastor disse que ela não podia participar de aulas sobre este assunto. A professora disse: “Tudo bem! Eu não estou mais dando ensino religioso e já
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Dedico este trabalho ao Póti e ao
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