A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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bobagens.” “Não é todo mundo que consegue falar sobre este tema.” “Quando falamos
em sexualidade estamos entrando em um terreno delicado.” “É um tabu.” Estas foram
algumas colocações sempre presentes em formações para professores/as abordando o
tema da sexualidade e justificativa para uma maior discussão sobre as questões de
sexualidade e gênero nas escolas.
Tendo acompanhado estas formações que foram direcionadas para
professores/as que se propõem a trabalhar sexualidade, diversidade sexual, gênero,
pude observar discursos com argumentações contraditórias, demonstrando a
multiplicidade de abordagens presentes neste campo. A afirmação da sexualidade
como algo da ordem natural do ser humano convive com discursos que se apóiam em
abordagens construcionistas. Muitas vezes o proposto se encontra associado a uma
visão da sexualidade colocada como sendo alvo de repressões e preconceitos e tendo
como objetivo uma desrepressão de aspectos naturais que deveriam ser tratados com
naturalidade. Esta visão, muito presente em formações nos anos 90, traz o discurso da
liberação que se fundamenta em uma concepção da sexualidade de cunho humanista,
essencialista e universalista. Influenciado pelas teorias de Reich, freudo-marxismo de
Marcuse e outros autores, o discurso da liberação postula uma sexualidade natural,
plena, prévia às restrições sociais relacionadas a estrutura patriarcal, sexista. Havia
uma defesa de rompimento com o silêncio sobre a sexualidade, surgindo sem a devida
reflexão sobre o extensivo falar acerca do sexo e as infindáveis classificações
contemporâneas de práticas e identidades sexuais. Um funcionamento que me chamou
muito a atenção é que, no geral, os/as educadores não se consideram agentes ativos
na proposição e aprovação/desaprovação de comportamentos relacionados ao gênero
e sexualidade.
Uma questão presente nas formações se refere a quem são os educadores
sexuais, ou multiplicadores, e que é necessário para ser um. Desde as primeiras
propostas de implementação sexual no Brasil há um debate sobre o perfil deste
educador/a sexual, que foi explícito em alguns momentos e atualmente é um debate
que fica encoberto por propostas de cunho democrático como: aberto aos interessados.
No Rio Grande do Sul o projeto de maior abrangência: o curso de Formação de
Orientadores Educacionais Da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, realizado em