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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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capacida<strong>de</strong>s, interesses, ritmos e estilos <strong>de</strong> aprendizagem que os alunos e alu<strong>na</strong>s. Há<br />

a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma pedagogia que oportunize as crianças terem vozes e serem ouvidas<br />

<strong>na</strong>s suas experiências <strong>de</strong> vida e riqueza pessoal, assim como as suas necessida<strong>de</strong>s e<br />

carências não sejam ignoradas e negligenciadas pelo professor ou pela <strong>escola</strong>, mas<br />

façam parte integrante da vida <strong>escola</strong>r. Uma <strong>escola</strong> que acolha e encare a <strong>diversida<strong>de</strong></strong><br />

como algo <strong>na</strong>tural. Nestes argumentos o que aparece é uma <strong>diversida<strong>de</strong></strong> relacio<strong>na</strong>da a<br />

diferenças culturais e <strong>de</strong> aprendizado sem discutir os valores que geraram<br />

classificações, como se o processo <strong>de</strong> diferenciação fosse da or<strong>de</strong>m do <strong>na</strong>tural,<br />

<strong>na</strong>turalmente somos diferentes, esta maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado os valores<br />

e as hierarquias que <strong>de</strong>finem as diferenças. Este tratamento à questão tem sido<br />

discutido por diversos autores:<br />

Suspeito, como muitos outros, do termo “<strong>diversida<strong>de</strong></strong>”. Este termo confere um perfume às<br />

reformas educativas e implica uma rápida e pouco <strong>de</strong>batida absorção <strong>de</strong> alguns discursos<br />

igualmente reformistas. Diversida<strong>de</strong> tem sempre me parecido “bio<strong>diversida<strong>de</strong></strong>, isto é, uma<br />

forma levia<strong>na</strong>, ligeira e <strong>de</strong>scomprometida, <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver as culturas, as comunida<strong>de</strong>s, as<br />

línguas, os corpos, as <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s, as experiências <strong>de</strong> ser outro, etc, E me parece, outra<br />

vez, uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção do outro, dos outros sem que se curve em <strong>na</strong>da a<br />

onipotência da mesmice “normal”. (CARLOS SKLIAR, 2006, p. 30)<br />

Com o tratamento da <strong>diversida<strong>de</strong></strong>, no geral, as políticas públicas <strong>de</strong> inclusão, da<br />

maneira que estão sendo feitas no Brasil, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a inclusão do diferente, aquele que<br />

possui algo que os normais não têm. A inclusão, implantada <strong>de</strong>sta forma, po<strong>de</strong> ficar<br />

circunscrita ao âmbito da norma, ou seja, a norma funcio<strong>na</strong> como uma matriz <strong>de</strong><br />

inteligibilida<strong>de</strong> <strong>na</strong> qual as políticas públicas e as práticas <strong>de</strong> inclusão fazem sentido e<br />

são justificadas. Um tipo <strong>de</strong> inclusão que obe<strong>de</strong>ceria a uma normalização restritiva seria<br />

uma forma <strong>de</strong> resolver um impasse frente às reivindicações das minorias, pois o outro<br />

estaria ali também garantindo a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema do qual ele nunca teria, <strong>de</strong><br />

fato, legitimida<strong>de</strong> para ocupar um lugar oficial. Existiria sempre uma diferença entre o<br />

que lhe é sugerido/imposto e o que é possível/<strong>de</strong>sejado e isto também garantiria uma<br />

confortável distância entre nós e os outros. Colocar a inclusão a serviço da<br />

normalização restritiva seria uma forma <strong>de</strong> ter o outro por perto, mas em uma distância<br />

segura.

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