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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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compromisso com uma formação voltada para a promoção <strong>de</strong> relações interpessoais<br />

dotadas <strong>de</strong> significados não discrimi<strong>na</strong>dores, privilegiando-se a articulação do conteúdo<br />

do bloco concernente ao gênero “com as áreas <strong>de</strong> História, Educação Física e as<br />

situações <strong>de</strong> convívio <strong>escola</strong>r” (BRASIL, 1997, v.10, p.145).<br />

Os projetos anteriores à década <strong>de</strong> 1990 utilizavam o termo educação <strong>sexual</strong> ao<br />

invés <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong>. Este termo foi proposto pela primeira vez pelo GTPOS<br />

(Grupo <strong>de</strong> Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual), instituição responsável pela<br />

implantação, no fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 1980, <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong>s<br />

<strong>escola</strong>s da prefeitura da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Enquanto em países <strong>de</strong> língua inglesa e<br />

francesa o termo Educação <strong>sexual</strong> ou Educação para a Sexualida<strong>de</strong> é mais comum, no<br />

Brasil, <strong>na</strong> Educação, tem sido proposta, nos últimos anos, a substituição por orientação<br />

<strong>sexual</strong>, o qual é utilizado pelos PCNs e pela Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. No campo da Educação, essa escolha parece estar ligada ao termo<br />

orientação educacio<strong>na</strong>l, uma vez que, historicamente, os orientadores educacio<strong>na</strong>is<br />

dividiram com os professores <strong>de</strong> Ciências a responsabilida<strong>de</strong> por trabalhar esse tema<br />

<strong>na</strong> <strong>escola</strong> (BONATO, 1996), fato comprovado por Maria José Werebe (1978) em sua<br />

pesquisa com orientadores/as educacio<strong>na</strong>is, on<strong>de</strong> verificou que em quinze estados se<br />

<strong>de</strong>senvolviam, através <strong>de</strong>stes profissio<strong>na</strong>is, algum tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ligada à educação<br />

<strong>sexual</strong>. Aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o termo <strong>de</strong> Orientação Sexual colocam a justificativa da<br />

mudança da nomeação das intervenções como <strong>de</strong> uma marca <strong>de</strong> mudança<br />

metodológica, um <strong>de</strong>slocamento do foco das ações. Enquanto a educação <strong>sexual</strong> é<br />

apresentada como um processo <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong> conhecimento e conformação <strong>de</strong><br />

práticas sexuais mais a<strong>de</strong>quadas, a orientação <strong>sexual</strong> seria proposta como um conjunto<br />

<strong>de</strong> saberes que <strong>de</strong>vem ser oferecidos aos alunos para que eles próprios <strong>de</strong>cidam sobre<br />

as suas relações afetivo-sexuais. Apresenta-se uma mudança nos discursos que agora<br />

se centram num auto-gerenciamento do indivíduo, <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong> cuidado <strong>de</strong> si.<br />

No entanto, a utilização do termo orientação acarreta problemas <strong>de</strong> interpretação, pois<br />

no campo <strong>de</strong> estudos da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> e nos movimentos sociais, assim como, <strong>de</strong> um<br />

modo geral, <strong>na</strong> bibliografia inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, orientação <strong>sexual</strong> é o termo sob o qual se<br />

<strong>de</strong>sig<strong>na</strong> a orientação erótico-afetiva, termo utilizado por ativistas como uma maneira <strong>de</strong><br />

evitar uma associação direta da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Com este significado, mesmo

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