A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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heterossexuais da lei, da ciência e psicologia” (PARKER, 2001, p.140), fato que teve<br />
como reflexo e conseqüência a resolução do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> e <strong>de</strong> outras<br />
Organizações Cientificas Brasileiras, a partir <strong>de</strong> 1985 2 , <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a<br />
homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> como doença passando a reconhecê-la como uma orientação<br />
<strong>sexual</strong>. Com isso, “o <strong>de</strong>bate sobre as praticas sexuais e <strong>de</strong> gênero vem se tor<strong>na</strong>ndo<br />
cada vez mais acalorado, especialmente provocado pelo movimento feminista, pelo<br />
movimento <strong>de</strong> gays e lésbicas” (LOURO, 2001, p.10).<br />
As temáticas que discutem a <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong> começam a fazer parte dos<br />
programas das políticas públicas neste período. De 1989 a 1992, a prefeitura <strong>de</strong> São<br />
Paulo <strong>de</strong>senvolveu um projeto <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s com participação do<br />
GTPOS (Grupo <strong>de</strong> Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual). A Prefeitura Municipal<br />
<strong>de</strong> Campi<strong>na</strong>s realizou entre 1984 e 1998 um projeto <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong> que previa o<br />
Grupo <strong>de</strong> Trabalho para Formação e Capacitação <strong>de</strong> Professores em Orientação<br />
Sexual e o Encontro Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Adolescentes, em que adolescentes e professores <strong>de</strong><br />
todo o Brasil que participavam <strong>de</strong> trabalhos semelhantes em suas cida<strong>de</strong>s iam relatar<br />
suas experiências. Neste período também a Secretaria <strong>de</strong> Educação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo lançou cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores/as e a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Porto<br />
Alegre <strong>de</strong>senvolveu um projeto <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, em 1987, nos mesmos<br />
mol<strong>de</strong>s e, em 1990, cria o projeto Sexo em Debate <strong>na</strong> Escola. Em todas estas<br />
iniciativas se apresentava um capítulo reservado à discussão da homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>,<br />
on<strong>de</strong> se incluía a discussão sobre o preconceito. Neste momento, o diferente era a<br />
figura do homos<strong>sexual</strong> como contraponto ao comportamento heteros<strong>sexual</strong>. Nos<br />
materiais didáticos não apareciam travestis, transgêneros, bissexuais e as lésbicas<br />
ficavam invisibilizadas no termo geral ‘homos<strong>sexual</strong>’. No material <strong>de</strong> suporte das<br />
capacitações aparecia a discussão do aborto, que se mantém até hoje como um<br />
assunto pouco abordado e gerador <strong>de</strong> muita polêmica.<br />
Iniciado em 1996, o projeto Prevenção também se ensi<strong>na</strong>: propôs a ação<br />
preventiva dirigida a crianças e adolescentes das <strong>escola</strong>s do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
visando à formação <strong>de</strong> recursos humanos <strong>na</strong> área da educação, capacitando-os para a<br />
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Cabe ressaltar aqui o tempo <strong>de</strong>corrido entre a <strong>de</strong>cisão brasileira e aquela da Associação<br />
Psiquiátrica America<strong>na</strong>, a qual tomou esta <strong>de</strong>cisão em 1973.