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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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O <strong>de</strong>senvolvimento da Escola Nova vai possibilitar um maior alcance do discurso<br />

da higiene <strong>escola</strong>r ao articulá-lo mais consistentemente à área da educação. A Escola<br />

Nova valorizava o discurso científico, especialmente da Psicologia, com o objetivo <strong>de</strong><br />

melhor compreen<strong>de</strong>r e conhecer a criança, alvo das intervenções pedagógicas. A<br />

psicologia, no Brasil, se legitima <strong>na</strong> área da educação entre 1931 e 1934, tomando as<br />

crianças como objeto psico-médico-biológico, passíveis <strong>de</strong> serem medidas, testadas,<br />

or<strong>de</strong><strong>na</strong>das e <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>das normais e anormais. Como Patrícia Zucoloto (2007) afirma:<br />

“Esta patologização das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>escola</strong>rização persiste até hoje, como já<br />

falamos, e teve início <strong>na</strong>s primeiras aproximações da medici<strong>na</strong> com a educação <strong>escola</strong>r<br />

e <strong>na</strong> <strong>de</strong>fesa da presença médica para fiscalizar e garantir a saú<strong>de</strong> dos educandos.”<br />

A Psicologia se tornou necessária quando o movimento da Escola Nova<br />

construiu <strong>de</strong>mandas específicas para a psicologia do <strong>de</strong>senvolvimento e da<br />

aprendizagem, as principais teorias do <strong>de</strong>senvolvimento são <strong>de</strong>ste período. Nas<br />

práticas <strong>escola</strong>res a Psicologia do Desenvolvimento se instituiu e colaborou com várias<br />

teorias para o entendimento do florescer <strong>sexual</strong> como um processo subjetivo universal e<br />

a adolescência resultado do processo hormo<strong>na</strong>l e psíquico que vai <strong>de</strong>sembocar numa<br />

maturida<strong>de</strong> que, sem intercorrências, será heteros<strong>sexual</strong> e <strong>sexual</strong>mente responsável.<br />

Este entendimento do processo <strong>de</strong> maturação <strong>sexual</strong> está por trás <strong>de</strong> muitas práticas<br />

<strong>escola</strong>res atuais e permeia as informações que são passadas aos jovens que entram<br />

<strong>na</strong> adolescência, que são subjetivados no sentido <strong>de</strong> viverem esta fase, com<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do comportamento e dos quais se espera que administrem seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong><br />

maneira responsável: controlem seus hormônios.<br />

Na década <strong>de</strong> 1960 é que, efetivamente, <strong>escola</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo e<br />

Belo Horizonte introduzem a educação <strong>sexual</strong> no currículo. As experiências <strong>de</strong>ste<br />

período foram relatadas em vários estudos (Barroso e Bruschini, 1982; Guimarães,<br />

1995; Figueiró, 1995; Werebe, 1977; Gallacho, 2000). Para Ribeiro (1990), as iniciativas<br />

<strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> orientação <strong>sexual</strong> entre os anos <strong>de</strong> 1963 e 1969 foram contidas<br />

pelo golpe militar que, em 1964, praticamente encerrou este trabalho <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s.<br />

Alguns professores foram até processados quando realizaram algumas ações neste<br />

campo. Somente a partir <strong>de</strong> 1978, com a abertura política, que se retoma oficialmente a<br />

implementação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> educação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s, assumidas pela Prefeitura

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