A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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família, outros acreditavam que a instituição privilegiada para tal função <strong>de</strong>veria ser a<br />
<strong>escola</strong>. Embora fossem propostas estratégias diferentes para cuidar da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong><br />
infantil, apesar das discordâncias, havia o consenso sobre a necessida<strong>de</strong> da educação<br />
<strong>sexual</strong>, o assunto era extensivamente <strong>de</strong>batido em conferências <strong>de</strong> educação.<br />
Ao fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 30, temas vinculados com higiene e educação <strong>sexual</strong><br />
estavam amplamente dissemi<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> Escola Normal. Para instrumentalizar melhor o<br />
professor/a foi lançado em 1939 o livro: Biologia Educacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> autoria do professor<br />
Almeida Júnior, o qual foi reeditado até a década <strong>de</strong> 60. Neste livro, apresenta-se o<br />
estudo da Evolução, seguida pela Genética, passando à Fisiologia, com estudo<br />
<strong>de</strong>talhado da inteligência, sua herança e caracterização racial, e, por fim, Eugenia e<br />
Eutecnia. A sua utilização quase obrigatória nos cursos <strong>de</strong> formação do magistério por<br />
mais <strong>de</strong> três décadas fez <strong>de</strong>ssa publicação um marco <strong>na</strong> educação brasileira.<br />
As primeiras iniciativas <strong>de</strong> educação <strong>sexual</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s tiveram influência das<br />
correntes médicas e higienistas européias que priorizavam uma educação voltada ao<br />
combate à masturbação e ao contágio <strong>de</strong> doenças <strong>sexual</strong>mente transmissíveis, além <strong>de</strong><br />
se centrar no papel reprodutivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. A <strong>escola</strong>, pensada como lugar<br />
privilegiado para a difusão às famílias <strong>de</strong> comportamentos sanitários e higiênicos,<br />
hábitos e atitu<strong>de</strong>s sadias, físicas e morais a<strong>de</strong>quados, tor<strong>na</strong>-se alvo das preocupações<br />
do Estado e das políticas públicas que trazem por referência i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> e<br />
utilida<strong>de</strong> produtiva. A <strong>escola</strong> ao se inscrever em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições discipli<strong>na</strong>res,<br />
além <strong>de</strong> possibilitar o aprendizado das interdições, estabeleceu práticas <strong>de</strong> um novo<br />
cuidado <strong>de</strong> si para si, associado à prática da saú<strong>de</strong>, aos modos <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r. É nessa<br />
proposta <strong>de</strong> cuidado <strong>de</strong> si, da valorização do asseio e do amor próprio que se passou a<br />
intervir <strong>na</strong> educação <strong>sexual</strong> das crianças e dos jovens através da observação <strong>de</strong>talhada<br />
e da classificação, constituindo-se menos em reprimir e mais corrigir os vícios, <strong>de</strong>feitos<br />
e erros, <strong>de</strong> modo a construir o caráter <strong>de</strong> futuros e autênticos cidadãos.<br />
Também a psicologia e a pedagogia se organizaram com o propósito <strong>de</strong><br />
estabelecer uma nova educação que possibilitasse a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> um novo cidadão e o<br />
estabelecimento <strong>de</strong> uma nova raça: sadia e ativa. Desta maneira, <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 1920<br />
dissemi<strong>na</strong>ram-se as reformas chamadas <strong>de</strong> “Movimento da Escola Nova”.