A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
32<br />
po<strong>de</strong>mos pensá-las como constituintes da biopolítica. No século XX, no Brasil, as<br />
políticas públicas voltam-se para os campos da saú<strong>de</strong>, da educação, da habitação,<br />
entre outros, e passam a gerir a vida por meio da relação entre ciência e economia.<br />
Estas formas <strong>de</strong> governo têm como suportes campos <strong>de</strong> saber que objetivam estes<br />
campos <strong>de</strong> intervenção, mas, sobretudo, objetivam certo modo <strong>de</strong> ser, realizam o que<br />
Foucault chamou <strong>de</strong> governo das condutas. Neste sentido, procuramos pensar,<br />
contextualizar as condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> do surgimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> inclusão que<br />
tem como alvo a <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong>; investigar o que permite que tenha se constituído<br />
um sujeito que é objeto para estas políticas, a minoria <strong>sexual</strong>, vista como sofrendo <strong>de</strong><br />
um processo <strong>de</strong> exclusão.<br />
Para po<strong>de</strong>rmos discutir esta questão é necessário problematizar aquilo que foi<br />
construído como regime <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>: compreen<strong>de</strong>r o discurso da inclusão buscando<br />
revelar que o objeto <strong>de</strong>sse discurso: a pessoa que está pensada em situação <strong>de</strong><br />
vulnerabilida<strong>de</strong> ou risco está sendo construída <strong>de</strong>ntro dos processos sociais, históricos,<br />
econômicos e culturais que regulam e constituem a forma como são pensados e<br />
inventados os corpos e as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste outro. A meta da inclusão sendo entendida<br />
como um processo <strong>de</strong> modificação dos procedimentos normativos. Estando implicados<br />
aí, principalmente, dois saberes interiores ao regime <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> que participam da<br />
construção dos discursos acerca <strong>de</strong>ste sujeito, que é o diverso <strong>sexual</strong>mente, e o<br />
colocam no registro da inclusão: o saber médico e o pedagógico.<br />
Da mesma forma que o conceito <strong>de</strong> normal e <strong>de</strong> diferente não são conceitos essenciais,<br />
estáticos, a igualda<strong>de</strong> é também uma fabricação. Não existe em si mesma, como<br />
conceito pressupõe o <strong>de</strong> diferença. O que estamos propondo discutir é a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> serem a<strong>na</strong>lisadas as condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa construção.<br />
A <strong>escola</strong> ao assumir um olhar nomalizador ou negando a diferença através do discurso<br />
<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, continua produzindo um contínuo <strong>de</strong> sujeitos diferentes, sem se<br />
consi<strong>de</strong>rar agente da construção dos espaços <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos às diferenças, como não<br />
houvesse efeitos das práticas pedagógicas sobre cada um <strong>de</strong>stes diferentes.<br />
Vivemos um contexto histórico-político no Brasil que possibilita a inclusão da<br />
discussão sobre <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong> e gênero nos textos legais e reformas referentes à<br />
educação, privilegiando a educação <strong>escola</strong>r vista como um dos espaços relevantes