A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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4 POLÍTICAS PÚBLICAS<br />
Para po<strong>de</strong>rmos pensar sobre políticas públicas vamos utilizar o entendimento <strong>de</strong><br />
Foucault do conceito <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong> como uma base comum <strong>de</strong> todas as<br />
formas mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s <strong>de</strong> racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> política, <strong>na</strong> medida em que elas constroem as<br />
tarefas dos gover<strong>na</strong>ntes em termos <strong>de</strong> supervisão e maximização calculadas das forças<br />
da socieda<strong>de</strong>. A gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong> como o “conjunto formado pelas instituições,<br />
procedimentos, análises e reflexões, os cálculos e as táticas, que permitem o exercício<br />
<strong>de</strong>sta forma muito específica, embora complexa, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e que tem como alvo a<br />
população” ( FOUCAULT, 1997, p.20)<br />
Ao utilizar o conceito <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong>, Foucault afirma a<br />
inter<strong>de</strong>pendência entre o exercício do gover<strong>na</strong>mento (práticas) e as mentalida<strong>de</strong>s que<br />
sustentam tais práticas, a gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser entendida como o exercício <strong>de</strong><br />
criar sujeitos governáveis através <strong>de</strong> várias tecnologias <strong>de</strong> controle, normalização e<br />
moldagem das condutas das pessoas. Portanto, há uma relação entre o gover<strong>na</strong>mento<br />
do Estado (política) e o gover<strong>na</strong>mento do eu (moralida<strong>de</strong>), a qual dá sustentação para a<br />
construção do sujeito <strong>na</strong> sua relação com a formação do Estado. A gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong><br />
articula as práticas gover<strong>na</strong>mentais e as mentalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>mento que<br />
racio<strong>na</strong>lizam e perpetuam práticas <strong>de</strong> “conduta da conduta”. Segundo Dean (1999),<br />
gover<strong>na</strong>mos a nós mesmos e aos outros exercendo nosso pensamento sobre “o que<br />
consi<strong>de</strong>ramos verda<strong>de</strong>iro”.<br />
No livro A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber (FOUCAULT, 1997) e no curso Em <strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong><br />
(FOUCAULT, 1999) emerge o conceito <strong>de</strong> biopo<strong>de</strong>r como um po<strong>de</strong>r que se constitui <strong>na</strong><br />
articulação entre a tecnologia discipli<strong>na</strong>r, dirigida aos indivíduos, e a tecnologia<br />
biopolítica, dirigida à população. Nesta dinâmica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>stacam-se as temáticas<br />
da raça, da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>generescência conectadas através do discurso médico.<br />
A discipli<strong>na</strong> se estabelece como forma central <strong>de</strong> exercício do po<strong>de</strong>r <strong>na</strong> constituição do<br />
indivíduo mo<strong>de</strong>rno e atua conjuntamente com aos po<strong>de</strong>res dirigidos sobre à vida<br />
dispersos e difundidos pelo corpo social.<br />
Por meio <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> governo, criou-se o que passou a ser nomeado<br />
políticas públicas, ou seja, formas <strong>de</strong> administração da população, e como tais,