A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
27<br />
uma essência. Um processo <strong>de</strong> exclusão é produzido à medida que as diferenças são<br />
classificadas como <strong>de</strong>svios da norma.<br />
No caso da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> saberes produzidos em diferentes áreas,<br />
como psicologia, tecnologia reprodutiva, medici<strong>na</strong>, biologia é que estão sendo criadas<br />
formas <strong>de</strong> normatizar a heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> e, a partir daí, normalizar os indivíduos que<br />
estão fora das normas produzidas por aqueles saberes, afi<strong>na</strong>l “o que caracteriza a<br />
norma é uma lógica, uma economia, uma maneira <strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r refletir as suas<br />
estratégias e <strong>de</strong>finir os seus objetos” (EWALD, 1993, p. 78).<br />
A norma, antes do século XIX, estava ligada à retidão, literalmente ligada ao esquadro;<br />
a partir <strong>de</strong>sse período, “norma” passa a relacio<strong>na</strong>r-se com média, propagando-se por<br />
todos os campos do social, atinge as condutas individuais, constituindo políticas<br />
sociais. Emerge o que Ewald (1993) chama <strong>de</strong> “inflação normativa”; e uma das<br />
conseqüências <strong>de</strong>sse fato é a constituição do dispositivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> (FOUCAULT,<br />
1997). O dispositivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> vai penetrar <strong>na</strong> relação do sujeito consigo mesmo.<br />
E através <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ve-se buscar a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> entranhada nos <strong>de</strong>sejos, fantasias,<br />
sonhos, para ter acesso, ou melhor, construindo a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>sexual</strong>. Segundo<br />
Foucault:<br />
É pelo sexo efetivamente, ponto imaginário fixado pelo dispositivo <strong>de</strong> <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, que todos<br />
<strong>de</strong>vem passar para ter acesso a sua própria inteligibilida<strong>de</strong> (já que ele é, ao mesmo tempo, o<br />
elemento oculto e o principio produtor <strong>de</strong> sentido), à totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu corpo (pois ele é uma<br />
parte real e ameaçada <strong>de</strong>ste corpo do qual constitui simbolicamente o todo), à sua<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (já que ele alia a força <strong>de</strong> uma pulsão à singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma história).<br />
(FOUCAULT, 1997, p. 145).<br />
Para Foucault a homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> surge como parte do conjunto <strong>de</strong> perversões<br />
que aparecem como efeito da aplicação da tecnologia <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que é o dispositivo da<br />
<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. As perversões, além <strong>de</strong> se multiplicarem são incorporadas ao indivíduo<br />
como uma interiorida<strong>de</strong> essencial ou <strong>na</strong>tureza que os <strong>de</strong>fine enquanto sujeitos, com<br />
características <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das e diferenciáveis do resto dos outros indivíduos.<br />
Para a norma se estabelecer, é preciso que ela i<strong>de</strong>ntifique a média, os <strong>de</strong>svios,<br />
tudo que se enquadra como estranho diante do que é valorizado socialmente.<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer que a norma, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, estabelece valores e medidas, coloca