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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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interiorida<strong>de</strong>. Assim, sexo é o resultado complexo <strong>de</strong> uma experiência histórica singular<br />

e não uma invariante passível <strong>de</strong> diversas manifestações. Desta forma, falar <strong>de</strong><br />

<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> é também se referir à <strong>produção</strong> dos saberes que a constituem, aos<br />

sistemas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que regulam suas práticas e às formas pelas quais os indivíduos<br />

po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem se reconhecer como sujeitos sexuados (FOUCAULT, 1990, p.10). A<br />

diferenciação dos sexos, ser homem ou mulher, não é um simples fato ou uma<br />

condição estática e sim “uma construção i<strong>de</strong>al forçosamente materializada através do<br />

tempo” (BUTLER, 2003, p.18). Ser “sexuado” é estar submetido a um conjunto <strong>de</strong><br />

regulações sociais, as quais constituem uma norma, a heteronormativida<strong>de</strong> que, ao<br />

mesmo tempo em que produz uma inteligibilida<strong>de</strong> e uma coerência entre sexo, gênero,<br />

prazeres e <strong>de</strong>sejos funcio<strong>na</strong> como um princípio hermenêutico <strong>de</strong> auto-interpretação<br />

(BUTLER, 2003, p.142). Butler vai propor uma leitura do sexo como efeito do processo<br />

<strong>de</strong> <strong>na</strong>turalização da estrutura social do gênero e da matriz heteros<strong>sexual</strong>. O sujeito é<br />

chamado a i<strong>de</strong>ntificar-se com uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>sexual</strong> e <strong>de</strong> gênero baseado<br />

<strong>na</strong> crença <strong>de</strong> que esta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> respon<strong>de</strong> a uma interiorida<strong>de</strong> que esteve ali antes<br />

mesmo que o sujeito fosse interpelado.<br />

Seguindo este raciocínio, os efeitos <strong>de</strong> gênero, ou mesmo <strong>de</strong> corpos, entendidos<br />

como <strong>produção</strong> <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, emergem <strong>na</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> através da reiteração da<br />

matriz heteros<strong>sexual</strong> constituída ao mesmo tempo pela domi<strong>na</strong>ção masculi<strong>na</strong> e pela<br />

exclusão da homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>.<br />

Quando falamos <strong>de</strong> heteronormativida<strong>de</strong>, não enten<strong>de</strong>mos como aquilo que rege<br />

exclusivamente o par heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>/homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, embora inclua a<br />

heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> compulsória a que se referia Adrienne Rich, mas também engloba<br />

todos os bi<strong>na</strong>rismos, como o que opõe masculinida<strong>de</strong> e feminilida<strong>de</strong>. Em termos das<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero e sexuais, o padrão hegemônico implica heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>,<br />

características físicas e comportamentos relacio<strong>na</strong>dos ao masculino e ao feminino.<br />

Entretanto, a lógica que estabelece esses significados é a mesma que <strong>de</strong>screve quem<br />

são os anormais, quem são aqueles que vivem seu gênero e sua <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

maneiras diferentes do que é consi<strong>de</strong>rado normal. Tanto a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> hegemônica<br />

como as <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s ditas <strong>de</strong>sviantes são <strong>na</strong>rrativas instituídas, não se referem a

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