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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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matéria são inteligíveis, normais; esses corpos-i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são <strong>na</strong>turais porque<br />

conformados às normas da aceitabilida<strong>de</strong> social.<br />

Todas estas teorias e discursos permanecem compondo o campo <strong>de</strong> estudos<br />

sobre o gênero e a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, eles convivem e entram em conflito, mas estas<br />

teorizações <strong>de</strong>ixam suas marcam <strong>na</strong>s produções <strong>de</strong> saber e <strong>na</strong> maneira com que as<br />

pessoas percebem-se a si próprias e fazem a leitura <strong>de</strong> suas práticas. Assim, estamos<br />

enten<strong>de</strong>ndo neste estudo o corpo como um projeto social em andamento, objeto <strong>de</strong><br />

pedagogias reiteradoras das normas <strong>de</strong> sexo e gênero. Os “corpos que importam” são<br />

os corpos conformados às normas, mas estes corpos aceitáveis, normalizados, só<br />

existem em uma relação ambígua com os “corpos que escapam”. (BUTLER, 1996).<br />

Não se trata <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> inclusão e aceitação social versus exclusão e rejeição,<br />

mas <strong>de</strong> uma lógica que confere forma e legitimida<strong>de</strong> a alguns ape<strong>na</strong>s, recusando<br />

<strong>na</strong>turalida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong> a outros. Os corpos que não importam ou são errados não<br />

estão fora da norma, sua existência não se dá numa exteriorida<strong>de</strong>, estes indivíduos,<br />

que não são reconhecidos como sujeitos, são aqueles que constituem os limites do<br />

aceitável e do que é consi<strong>de</strong>rado normal. Neste sentido, “certos tipos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gênero parecem ser meras falhas do <strong>de</strong>senvolvimento ou impossibilida<strong>de</strong>s lógicas,<br />

precisamente porque não se conformam às normas <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> cultural”<br />

(BUTLER, 2003, p.39). Quando a autora fala em performativida<strong>de</strong>, afirma que quando a<br />

linguagem se refere aos corpos e aos sexos não faz ape<strong>na</strong>s uma constatação ou uma<br />

<strong>de</strong>scrição, mas fabrica aquilo que nomeia, isto é, produz os corpos e os sujeitos. Tal<br />

mecanismo é prescritivo, pois o sujeito não <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sobre o sexo que assumirá, as<br />

normas regulatórias oferecem possibilida<strong>de</strong>s que o sujeito assume, adota e materializa.<br />

Pensar <strong>na</strong>s constituições possíveis em um momento temporal para as<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos é o que vai nos permitir refletir sobre o efeito dos múltiplos<br />

discursos acerca dos indivíduos que os constituem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong> que são sugeridas, propostas, impostas por discursos associados a<br />

saberes. Enten<strong>de</strong>mos que toda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é um efeito <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, on<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das possibilida<strong>de</strong>s são excluídas para afirmar e estabilizar outras. Toda<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> se afirma à custa <strong>de</strong> um outro exterior que a limita e a constitui como

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