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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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histórico do sexo. Tal movimento permitiu pensar que, em realida<strong>de</strong>, o sexo é também<br />

resultado discursivo, e que o gênero constitui aquilo que é tomado como o sexo.<br />

A construção <strong>de</strong> uma bipolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero associada aos órgãos sexuais<br />

estabelece que nosso corpo é um corpo generificado, culturalmente <strong>de</strong>finido pelos<br />

genitais associados a uma das polarida<strong>de</strong>s socialmente construídas do masculino ou<br />

feminino. Há, portanto, uma relação entre a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e a instituição <strong>de</strong><br />

certos órgãos como sexuais e reprodutores. Este sexo se produziu como um objeto<br />

central <strong>de</strong> políticas e da gover<strong>na</strong>mentalida<strong>de</strong> que buscam regular, controlar e<br />

normalizar os corpos, <strong>de</strong>finindo a normalida<strong>de</strong> e tendo como estabelecido o que se<br />

<strong>de</strong>finiria como anormal.<br />

A teoria da construção social tornou visíveis as assimetrias <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que<br />

permitiram e mantém a domi<strong>na</strong>ção masculi<strong>na</strong>, mas não teve sucesso em problematizar<br />

as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que constituem corpos-i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>na</strong>turalizados em oposição a<br />

corpos-i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s anormais. A teoria da materialização proposta por Judith Butler<br />

escapa às oposições presentes no essencialismo, como mulher em oposição a homem<br />

ou feminino em oposição ao masculino. Neste sentido, o verda<strong>de</strong>iro sexo é o efeito da<br />

<strong>na</strong>turalização <strong>de</strong> uma norma materializada, e o gênero não é uma construção social<br />

imposta a uma matéria antes <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da (o sexo), e sim um efeito performático que<br />

possibilita a constituição e o reconhecimento <strong>de</strong> uma trajetória sexuada, a qual adquire<br />

estabilida<strong>de</strong> em função da repetição e da reiteração <strong>de</strong> normas. Segundo Judith Butler<br />

(1996), a performativida<strong>de</strong> é um processo temporal <strong>de</strong> construção dos corposi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

que opera através da reiteração <strong>de</strong> normas. A reiteração presente <strong>de</strong> uma<br />

norma ou um conjunto <strong>de</strong> normas oculta ou dissimula as convenções das quais é uma<br />

repetição, assim, emerge a impressão <strong>de</strong> <strong>na</strong>turalida<strong>de</strong> dos corpos, dos gestos, das<br />

fronteiras e diferenças. Como coloca Butler: “não há i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero por trás das<br />

expressões do gênero, essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é performaticamente constituída, pelas próprias<br />

‘expressões’ tidas como seus resultados.” (JUDITH BUTLER, 2003, p.48) Na<br />

performativida<strong>de</strong>, encontramos um processo <strong>de</strong> materialização que se estabiliza com o<br />

tempo para produzir um efeito <strong>de</strong> fronteira, <strong>de</strong> permanência, <strong>de</strong> superfície, ou seja, <strong>de</strong><br />

matéria. É a performativida<strong>de</strong> que cria os corpos que importam, os corpos que têm

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