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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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históricos, buscando questio<strong>na</strong>r a universalida<strong>de</strong> atribuída ao homem; categoria esta<br />

constituída por relações sociais baseadas <strong>na</strong>s diferenças percebidas entre os sexos, e<br />

que se instituíam no interior <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Este conceito inicialmente<br />

relacio<strong>na</strong>do aos estudos em que a mulher se constituía como objeto, adquiriu um<br />

sentido mais amplo e passou a ser entendido como uma construção social, histórica e<br />

cultural elaborada sobre as diferenças sexuais. O conceito <strong>de</strong> gênero não se refere<br />

especificamente a um ou outro sexo, mas sobre as relações que são socialmente<br />

construídas sobre eles.<br />

Nos anos 60 as discussões se centravam <strong>na</strong> análise dos mecanismos <strong>de</strong><br />

domi<strong>na</strong>ção, <strong>na</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre homens e mulheres, porém, as feministas dos anos<br />

70 a 80, como Monique Wittig, questio<strong>na</strong>ram a <strong>na</strong>turalização da maternida<strong>de</strong> e a<br />

heteros<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> obrigatória. Muitos argumentos <strong>de</strong> diferença/<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> das<br />

mulheres centravam-se <strong>na</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>produção</strong> como crucial, a divisão em<br />

homens e em mulheres utilizou-se <strong>de</strong> uma explicação biológica. Para Wittig (1992), ao<br />

a<strong>de</strong>rir a esta lógica "<strong>na</strong>turaliza-se a história e se passa a crer que homens e mulheres<br />

sempre existiram e sempre existirão do mesmo modo" (WITTIG, 1992, p.10). Os<br />

<strong>de</strong>bates centravam-se <strong>na</strong> luta política que objetivava <strong>de</strong>rrubar as categorias <strong>de</strong><br />

mulheres e <strong>de</strong> homens como uniformes, <strong>na</strong>turais e imutáveis (WITTIG, 1992: 20).<br />

Somaram-se discussões em que a análise passou a associar as categorias<br />

econômicas, políticas e étnicas como forma <strong>de</strong> combater os argumentos <strong>de</strong> que algo<br />

no corpo po<strong>de</strong> ser imutável, <strong>de</strong> que o biológico po<strong>de</strong> fornecer dados sobre os seres<br />

humanos fora dos aspectos construídos.<br />

As análises <strong>de</strong> Gayle Rubin foram amplamente utilizadas como referências nos<br />

estudos <strong>de</strong> gênero, sua contribuição para a compreensão do sistema <strong>de</strong> sexo e gênero<br />

representou um apoio aos argumentos em favor <strong>de</strong> uma perspectiva construcionista <strong>de</strong><br />

gênero. Gayle Rubin afirma que é preciso verificar e a<strong>na</strong>lisar o “conjunto <strong>de</strong><br />

disposições pela qual uma socieda<strong>de</strong> transforma a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> biológica em produtos<br />

da ativida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, e nos quais essas necessida<strong>de</strong>s huma<strong>na</strong>s transformadas são<br />

satisfeitas.” (Rubin, 1993, p. 97). Neste ponto <strong>de</strong> vista, a diferença <strong>sexual</strong> é ape<strong>na</strong>s o<br />

ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> um processo maior <strong>de</strong> construção social, das convenções sobre as<br />

práticas sexuais e sobre a relação assimétrica entre masculino e feminino. Mantém-se

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