A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
21<br />
3 IDENTIDADES SEXUAIS E DE GÊNERO<br />
Apresentaremos neste capítulo uma discussão sobre i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong><br />
contemporânea, nos <strong>de</strong>tendo <strong>na</strong>s i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sexuais e <strong>de</strong> gênero para po<strong>de</strong>rmos<br />
pensar as formas como os discursos sobre essas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e as relações entre elas<br />
transparecem no trabalho pedagógico da <strong>escola</strong>. Procuraremos evi<strong>de</strong>nciar as formas<br />
como as noções <strong>de</strong> diferença e <strong>na</strong>turalização das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s individuais e coletivas<br />
permeiam os discursos sobre a <strong>diversida<strong>de</strong></strong> que se instalam no contexto <strong>escola</strong>r. As<br />
discussões acerca das <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s se situam num campo múltiplo com vários<br />
embates teóricos.<br />
As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero e sexuais, <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal, têm se constituído<br />
como centrais para a constituição das subjetivida<strong>de</strong>s. A mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> colocou o sexo<br />
em palavras, <strong>de</strong>sse discurso do sexo, característico da socieda<strong>de</strong> discipli<strong>na</strong>r e<br />
normalizadora, os indivíduos <strong>de</strong>scobrem-se com uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o ser <strong>sexual</strong><br />
<strong>de</strong>sempenha um papel central. O indivíduo não consegue furtar-se a ser a sua<br />
<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, a ser o que a sua <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> é, como se ela fosse <strong>de</strong>positária da sua<br />
verda<strong>de</strong> mais íntima, que afeta a totalida<strong>de</strong> do que ele é. Por vezes, ele é traduzido<br />
como só isso, o seu ser <strong>sexual</strong>: o homos<strong>sexual</strong>, a travesti, a bis<strong>sexual</strong>, a lésbica; <strong>na</strong><br />
classificação dos/as <strong>de</strong>sviantes. A figura do criminoso <strong>sexual</strong> é o maior exemplo da<br />
<strong>sexual</strong>ização total do indivíduo.<br />
É importante <strong>de</strong>stacar que lidar com i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> necessariamente exige lidar com<br />
gênero, pois como afirma Judith Butler: “Seria errado supor que a discussão sobre a<br />
‘i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>’ <strong>de</strong>va ser anterior à discussão sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, pela simples<br />
razão <strong>de</strong> que as ‘pessoas’ só se tor<strong>na</strong>m inteligíveis ao adquirir seu gênero em<br />
conformida<strong>de</strong> com padrões reconhecíveis <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero” (JUDITH<br />
BUTLER, 2003, p.37). Assim, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>-chave <strong>de</strong> todo indivíduo é a <strong>de</strong> gênero, a<br />
qual tem se associado fortemente com os órgãos sexuais, sobre uma base material<br />
que se coloca como neutra.<br />
A categoria gênero, introduzida pelas feministas <strong>de</strong> língua inglesa <strong>na</strong> década <strong>de</strong><br />
1970, surgiu <strong>na</strong>s discussões sobre a mulher, e sobre mulheres, como sujeitos