A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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com o conceito do dispositivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> como um conjunto <strong>de</strong> tecnologias e<br />
estratégias <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> corpos e dos sujeitos, no sentido que:<br />
A <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> é nome que se po<strong>de</strong> dar a um dispositivo histórico: não à realida<strong>de</strong><br />
subterrânea que se apreen<strong>de</strong> com dificulda<strong>de</strong>, mas à gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> da superfície em que a<br />
estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação<br />
dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, enca<strong>de</strong>iam-se uns aos<br />
outros, segundo algumas gran<strong>de</strong>s estratégias <strong>de</strong> saber e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. (FOUCAULT, 1997,<br />
p. 100)<br />
Foucault vê no dispositivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> um dos elementos mais estratégicos e<br />
<strong>de</strong> maior instrumentabilida<strong>de</strong> para o biopo<strong>de</strong>r. O dispositivo da <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> se instala,<br />
principalmente, através <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ligados a função <strong>de</strong> intensificação e<br />
gestão da vida. “[...] a tecnologia do sexo, basicamente, vai se or<strong>de</strong><strong>na</strong>r, a partir <strong>de</strong>sse<br />
momento, em torno da instituição médica, da exigência <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> e, ao invés da<br />
questão da morte e do castigo eterno, do problema da vida e da doença. (FOUCAULT,<br />
1999, p.111). O biopo<strong>de</strong>r funcio<strong>na</strong> como um po<strong>de</strong>r que não exclui a técnica discipli<strong>na</strong>r<br />
mas que a integra, que a modifica parcialmente, e que, sobretudo, vai utilizá-la como<br />
suporte.<br />
No início do século XIX, o aparecimento das tecnologias médicas do sexo<br />
possibilita uma verda<strong>de</strong>ira explosão do discurso sobre a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. O sexo tor<strong>na</strong>-se<br />
assunto do po<strong>de</strong>r público que objetiva regulá-lo e administrá-lo por meio <strong>de</strong> discursos<br />
úteis e públicos. Quando a população se configura como um problema econômico e<br />
político com seus fenômenos próprios à espécie, pouco a pouco, os <strong>de</strong>mógrafos e os<br />
administradores públicos começam estabelecer como problema o comportamento<br />
<strong>sexual</strong> da população. Houve a constituição <strong>de</strong> um controle público e privado da<br />
<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> que envolveu instituições, saberes e práticas a seu respeito. O sexo<br />
tornou-se assunto do po<strong>de</strong>r público no sentido <strong>de</strong> regulá-lo e administrá-lo por meio <strong>de</strong><br />
discursos úteis e públicos. No início do século XIX, o aparecimento das tecnologias<br />
médicas do sexo, com o surgimento <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> domínio médico-psi das perversões<br />
possibilitou uma verda<strong>de</strong>ira explosão do discurso sobre a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. A medici<strong>na</strong> das<br />
perversões e os programas <strong>de</strong> eugenia aparecem como duas gran<strong>de</strong>s inovações<br />
tecnológicas da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX.