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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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está inserida num contexto mais amplo. Nesse sentido, a <strong>escola</strong> é atravessada e<br />

marcada pela configuração social, mas também tem o papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o sujeito, seja<br />

através das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre professores/as e alunos/as, seja <strong>na</strong> forma pela<br />

qual se pensa a aprendizagem. Importa problematizar como uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é<br />

produzida e legitimada no sujeito; que tipos <strong>de</strong> instrumentos po<strong>de</strong>m ser utilizados neste<br />

processo; evi<strong>de</strong>nciar a exteriorida<strong>de</strong> <strong>na</strong> constituição do sujeito.<br />

Queria ver como estes problemas <strong>de</strong> constituição podiam ser resolvidos no interior<br />

<strong>de</strong> uma trama histórica, em vez <strong>de</strong> remetê−los a um sujeito constituinte. E preciso<br />

se livrar do sujeito constituinte, livrar−se do próprio sujeito, isto é, chegar a uma<br />

análise que possa dar conta da constituição do sujeito <strong>na</strong> trama histórica. E isto que<br />

eu chamaria <strong>de</strong> genealogia, isto é, uma forma <strong>de</strong> história que dê conta da<br />

constituição dos saberes, dos discursos, dos domínios <strong>de</strong> objeto, etc., sem ter que<br />

se referir a um sujeito, seja ele transcen<strong>de</strong>nte com relação ao campo <strong>de</strong><br />

acontecimentos, seja perseguindo sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> vazia ao longo da história.<br />

(FOUCAULT,1990, p. 7)<br />

A subjetivida<strong>de</strong> é produzida a partir <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> subjetivação cuja existência<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um jogo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> estabelecido <strong>na</strong> <strong>produção</strong> e circulação <strong>de</strong> enunciados,<br />

práticas, instituições que, para se consolidarem, tiveram <strong>de</strong> chegar a uma visibilida<strong>de</strong><br />

impondo-se sobre outras formas <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, criando uma divisão entre o verda<strong>de</strong>iro e<br />

o falso, reforçando tanto um quanto outro. O que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong><br />

veridicção, um tipo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> tor<strong>na</strong>-se a verda<strong>de</strong>. Nestes termos é que Foucault nos<br />

diz: “só po<strong>de</strong> haver certos tipos <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> conhecimento, certas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />

certos domínios <strong>de</strong> saber a partir <strong>de</strong> condições políticas que são o solo em que se<br />

forma o sujeito, os domínios <strong>de</strong> saber e as relações com a verda<strong>de</strong>”. (FOUCAULT,<br />

1999, p. 27)<br />

As verda<strong>de</strong>s constituem padrões normativos que <strong>na</strong>turalizados cumprem a função<br />

política <strong>de</strong> articular uma forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que nos interessa particularmente, o biopo<strong>de</strong>r,<br />

o qual se aplica à população como um todo e sobre os corpos individuais. Esses<br />

po<strong>de</strong>res são exercidos pelo Estado, pela família, pela <strong>escola</strong>, pela clínica e pelas<br />

instituições <strong>de</strong> modo geral. Sobre cada um dos corpos que compõe a população,<br />

nenhum elemento está fora do social, tanto as partes sadias como as consi<strong>de</strong>radas<br />

anormais passam a ser alvo permanente <strong>de</strong> cuidados. Neste estudo vamos trabalhar

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