A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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histórica da situação presente como condição para o estudo das lutas em torno da<br />
subjetivida<strong>de</strong>. Consciência dos antigos e novos acontecimentos que interferiram e<br />
interferem <strong>na</strong> constituição das subjetivida<strong>de</strong>s atuais, tendo presente o tipo <strong>de</strong> realida<strong>de</strong><br />
com o qual estamos lidando.<br />
Os argumentos <strong>de</strong> Foucault apontam para uma crescente intensificação das lutas em torno<br />
da subjetivida<strong>de</strong> <strong>na</strong> atualida<strong>de</strong>, lutas pelo governo dos outros e pelo governo <strong>de</strong> si que têm<br />
ocasio<strong>na</strong>do significativas transformações tanto <strong>na</strong>s relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r como <strong>na</strong>s ações<br />
resistentes implicadas em seu exercício. Nestas transformações, novos valores,<br />
sentimentos, prazeres e corpos passam a ser criados, incitados e induzidos, com a criação e<br />
valorização <strong>de</strong> outros imperativos <strong>de</strong> conduta e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> pensamento através da<br />
propagação <strong>de</strong> novos repertórios <strong>de</strong> sentidos e jogos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> no imaginário social.<br />
(LUCIANA CALIMAN, 2001, p. 90)<br />
Desta maneira, Foucault (1996) vai aprofundando sua análise através do<br />
entendimento das condições que possibilitaram o surgimento e permanência <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das práticas discursivas, através da genealogia. Tal perspectiva possibilita a<br />
compreensão da formação discursiva como construção histórica, valorizando as<br />
condições abertas no ambiente – características e necessida<strong>de</strong>s existentes – que<br />
produzem ou permitem a emergência <strong>de</strong>sta mesma prática discursiva como integrante<br />
do dispositivo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r:<br />
A genealogia seria, pois, relativamente ao projeto <strong>de</strong> uma inserção dos saberes <strong>na</strong><br />
hierarquia do po<strong>de</strong>r próprio da ciência, uma espécie <strong>de</strong> empreendimento para <strong>de</strong>ssujeitar os<br />
saberes históricos e torná-los livres, isto é, capazes <strong>de</strong> oposição e <strong>de</strong> luta contra a coerção<br />
<strong>de</strong> um discurso teórico unitário, formal e científico. (FOUCAULT, 1999, p.14)<br />
Tendo Foucault como suporte teórico, tomaremos a linguagem como constituinte<br />
da realida<strong>de</strong>, e olhar os <strong>de</strong>poimentos obtidos como fruto <strong>de</strong> práticas discursivas, as<br />
quais, por sua vez, são históricas. Os sujeitos entrevistados não nos remetem a uma<br />
essência e sim a uma posição, que po<strong>de</strong> ser ocupada por indivíduos variados, pois<br />
existem condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> impossibilida<strong>de</strong> para a <strong>produção</strong> discursiva.<br />
Assim, nos propomos a utilizar a genealogia como uma metodologia que visa a a<strong>na</strong>lisar<br />
os jogos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> atuando em contexto prático, ligados às condições que permitiram<br />
sua emergência, fazendo a análise histórica das condições políticas <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong><br />
dos discursos; <strong>de</strong>sta forma, não buscando a origem, mas a proveniência. O que precisa<br />
ser consi<strong>de</strong>rado é que, nos enunciados, existe um lugar <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do e vazio que po<strong>de</strong><br />
ser ocupado por diferentes indivíduos. Se uma proposição, uma frase, um conjunto <strong>de</strong><br />
signos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados enunciados, diz Foucault, não é porque houve um dia