A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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Neste sentido, buscamos a teoria <strong>de</strong> Michel Foucault vendo no instrumental da<br />
Genealogia um suporte que nos permite <strong>de</strong>sacomodar o já <strong>na</strong>turalizado e abrir espaço<br />
para pensar sobre as condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da emergência dos discursos acerca<br />
da <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong> que se instalam em um campo permeado por enunciados<br />
referentes à inclusão <strong>escola</strong>r e aos direitos humanos. Discursos mais amplos que se<br />
configuram através <strong>de</strong> embates e disputas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res.<br />
Um estudo <strong>de</strong> orientação genealógica não busca <strong>na</strong>s práticas dados <strong>de</strong>finitivos, e<br />
sim um processo, que se modifica com o tempo e o local. Neste estudo procuramos<br />
olhar as formas <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>mento como uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> operações, buscando como foco<br />
o que permaneceu <strong>na</strong>turalizado por sua proximida<strong>de</strong> e por sua permanência, olhando<br />
para as práticas, as ações, as maneiras <strong>de</strong> viver. Seguindo os princípios da genealogia<br />
não preten<strong>de</strong>mos buscar uma origem ou uma essência; mas sim <strong>de</strong>s<strong>na</strong>turalizar os<br />
objetos e mostrar como os mesmos são historicamente constituídos. A pesquisa <strong>de</strong><br />
orientação genealógica busca, portanto, explicitar como <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos objetos passam<br />
a ganhar certa consistência e operacio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> em alguns contextos históricos<br />
específicos:<br />
O genealogista não preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir entida<strong>de</strong>s substanciais (sujeitos, virtu<strong>de</strong>s, forças)<br />
nem revelar suas relações com outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste tipo. Ele estuda o surgimento <strong>de</strong> um<br />
campo <strong>de</strong> batalha que <strong>de</strong>fine e esclarece um espaço. Os sujeitos não preexistem para, em<br />
seguida, entrarem em combate ou em harmonia. (...) os sujeitos emergem num campo <strong>de</strong><br />
batalha e é somente aí que <strong>de</strong>sempenham seus papéis. (DREYFUS & RABINOW,<br />
1995, p.122)<br />
Uma das afirmações <strong>de</strong> Foucault em relação a seu trabalho genealógico po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>stacada: o retorno ao passado tem, sobretudo, o objetivo <strong>de</strong> apontar para a análise<br />
do presente. Foucault por diversas vezes afirma que seu objetivo é construir um<br />
pensamento sobre a atualida<strong>de</strong>, sobre o passado que ainda a constitui, passado que é<br />
ainda presente. Ou do passado que, por ser diferente, interfere e fere as certezas <strong>de</strong><br />
uma or<strong>de</strong>m presente consi<strong>de</strong>rada imutável. Partindo do método genealógico <strong>de</strong><br />
Foucault, segundo o qual a singularida<strong>de</strong> dos acontecimentos <strong>de</strong>ve ser buscada <strong>na</strong>s<br />
práticas cotidia<strong>na</strong>s, nos <strong>de</strong>talhes, vamos tomar como foco a problemática do<br />
funcio<strong>na</strong>mento <strong>na</strong>turalizado da heteronormativida<strong>de</strong> que se apresenta neste contexto<br />
específico. A análise dos problemas tratados traz a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma consciência