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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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não como um domínio somente <strong>de</strong> repressão, <strong>de</strong> obrigação, <strong>de</strong> interditos morais e/ou<br />

sociais, ao contrário, enfocando a positivida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r, Foucault perguntava: como<br />

ocorre que em nosso espaço <strong>de</strong> pensamento a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> – as práticas sexuais, a<br />

escolha <strong>sexual</strong> – se tenham tor<strong>na</strong>do o fundamento <strong>de</strong> nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>? Como<br />

acontece que nossa relação com o sexo diz o que nós somos?<br />

A <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, se constituiu como um gran<strong>de</strong><br />

campo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong> classificação, <strong>de</strong> normalização e <strong>de</strong> distribuição das<br />

singularida<strong>de</strong>s. Eis, portanto, a razão pela qual o discurso muda com a história. O que<br />

se diz hoje sobre o sexo e a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> (através do saber médico, do psiquiátrico,<br />

psica<strong>na</strong>lítico, psicológico, outros) é diferente do que era dito em outros momentos<br />

históricos.<br />

Neste sentido, e pensando a <strong>escola</strong> como lugar privilegiado <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong><br />

saber e <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s, propomos mapear relações <strong>de</strong> saber-po<strong>de</strong>r<br />

que se instauram principalmente, <strong>na</strong> sua positivida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> a sua instauração, este<br />

espaço institucio<strong>na</strong>l é lugar <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber sobre o educando e sobre o<br />

educador.<br />

A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> conhecimentos não se dá à parte <strong>de</strong> outras produções discursivas<br />

concorrentes. E é exatamente a articulação entre política e saberes que nos leva a um<br />

dos pontos centrais do trabalho do filósofo Michel Foucault: a estreita relação entre<br />

saber e po<strong>de</strong>r. Ao voltar sua análise ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> instituição <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> discursos<br />

científicos e, como forma <strong>de</strong> combate aos efeitos totalizantes <strong>de</strong>stes discursos, Foucault<br />

propôs a genealogia como: “acoplamento dos conhecimentos eruditos e das memórias<br />

locais” (FOUCAULT, 1999, p.13), para a elaboração <strong>de</strong> uma crítica local a partir <strong>de</strong><br />

saberes não legitimados contra discursos globalizantes. Segundo Foucault, a<br />

genealogia constitui-se em uma “tática <strong>de</strong> intervenção” sobre os discursos da ciência,<br />

frente ao que ele chamou <strong>de</strong> crise <strong>na</strong>s discipli<strong>na</strong>s do conhecimento, que não ape<strong>na</strong>s<br />

coloca em jogo os limites e incertezas do campo <strong>de</strong> conhecimento, mas “interroga as<br />

relações entre as estruturas econômicas e políticas <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> e o<br />

conhecimento, não em seus conteúdos falsos e verda<strong>de</strong>iros, mas em suas funções <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r-saber” (FOUCAULT, 1990, p. 118).

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