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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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cotidiano <strong>escola</strong>r. Turmas on<strong>de</strong> é i<strong>de</strong>ntificado um/a aluno/a diferente é nomeada, é<br />

apontada com a fala: “<strong>na</strong>quela turma tem aluno <strong>de</strong> inclusão”. “Os professores não<br />

querem pegar uma turma que tem aluno <strong>de</strong> inclusão.” Uma série <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s que<br />

surgem <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula são atribuídas ao público que compõe o alu<strong>na</strong>do: indiscipli<strong>na</strong>,<br />

<strong>de</strong>srespeito, pouca higiene, violência, uso <strong>de</strong> drogas.<br />

Quanto à <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, as propostas <strong>de</strong> intervenção relacio<strong>na</strong>das ao erotismo e<br />

ao prazer não são percebidas como interferências fora <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, como coloca Maria<br />

Ávila: “Do meu ponto <strong>de</strong> vista, foi tor<strong>na</strong>do tão <strong>na</strong>tural o controle do Estado sobre a<br />

intimida<strong>de</strong>, a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, que muitas vezes isso não é consi<strong>de</strong>rado um dilema.”<br />

(MARIA ÁVILA, 2003:26) Muitas vezes estas ações são justificadas no âmbito da<br />

saú<strong>de</strong>, mas no que tange à <strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>sexual</strong> ela se justifica, neste momento, como<br />

uma ação protetiva do Estado <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>da a uma população em situação <strong>de</strong><br />

vulnerabilida<strong>de</strong>. O discurso dos direitos humanos parece estar sendo apropriado como<br />

direcio<strong>na</strong>do a alguns que necessitam legitimar sua humanida<strong>de</strong>, novamente: os outros.<br />

No entanto, esforços mais amplos que envolvem verbas mais significativas se<br />

relacio<strong>na</strong>m, geralmente, a justificativas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m da saú<strong>de</strong>. Isto se apresenta nos<br />

argumentos em relação à prevenção da gravi<strong>de</strong>z <strong>na</strong> adolescência, nos programas<br />

direcio<strong>na</strong>dos à violência doméstica, aos sempre utilizados dados sobre suicídio <strong>de</strong><br />

jovens <strong>de</strong> diferentes orientações sexuais.<br />

Não estamos ignorando a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes fatos ou sua importância, porém é<br />

necessário refletir sobre como se constroem as legitimida<strong>de</strong>s dos grupos que po<strong>de</strong>m se<br />

constituir como alvos <strong>de</strong> ações das políticas públicas. O indivíduo passa a po<strong>de</strong>r ter<br />

benefícios <strong>na</strong> medida em que sua condição inspire cuidados ou traga problemas, como<br />

po<strong>de</strong> ser o caso <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s tidas como irresponsáveis quanto ao exercício da<br />

<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, como a não utilização do preservativo, que po<strong>de</strong> comprometer toda uma<br />

população sadia.<br />

Parece haver uma suposta visão no imaginário social <strong>de</strong> que se produzem<br />

<strong>de</strong>mandas em interesse próprio, que as reivindicações estão relacio<strong>na</strong>das a grupos<br />

específicos, não são percebidas como do interesse da socieda<strong>de</strong> como um todo. Os

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