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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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enfrentamento e por vezes uma colocação <strong>de</strong> um abismo entre os professores/as e as<br />

pessoas da comunida<strong>de</strong> que são percebidas como fazendo parte <strong>de</strong> outra cultura. Este<br />

processo permite que lógicas que atribuem comportamento promíscuo às classes<br />

populares se instalem e <strong>de</strong>terminem um tratamento às <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s diversas como<br />

<strong>de</strong>svios. A lógica eugênica/higienista está profundamente instalada e neste contexto, é<br />

o que vai reger as justificativas das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> políticas públicas<br />

que se mantém <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> olhares marcados pela patologização da pobreza. As ações<br />

muitas vezes são <strong>de</strong>mandadas no sentido <strong>de</strong> maior controle social, e direcio<strong>na</strong>das a um<br />

público em específico: os que não conseguem gerir suas vidas a bom termo como,<br />

principalmente, os pobres, a eles associadas toda uma série <strong>de</strong> incompetências e<br />

comportamentos <strong>de</strong>sregrados em relação à <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos perceber que os discursos que se constituem como verda<strong>de</strong>s em<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do espaço institucio<strong>na</strong>l, num momento histórico específico, não se<br />

estabelecem <strong>de</strong> maneira absoluta <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ndo o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s<br />

anteriores ou contraditórias. Verificamos uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos que se compõe<br />

como uma trama, e conformam as práticas dos/as educadores/as, discursos que não<br />

são homogêneos, alguns relacio<strong>na</strong>dos a práticas ditas extintas no campo da educação,<br />

mas que ainda <strong>de</strong>ixam suas marcas <strong>na</strong> <strong>escola</strong>. As inclusões/exclusões estão embutidas<br />

em sistemas <strong>de</strong> reconhecimento, divisões e distinções que constroem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

Observamos, em gran<strong>de</strong> parte dos enunciados que se referem à inclusão, a<br />

permanência e impreg<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> um discurso que se aproxima da chamada Teoria da<br />

Carência Cultural, idéias surgidas, nos anos 1960, nos Estados Unidos, e muito<br />

presente no Brasil nos anos da ditadura militar, justificando os déficits e diferenças<br />

culturais presentes <strong>na</strong>s camadas mais pobres da população. Embora tal concepção<br />

tenha sido duramente criticada nos anos 1980 e 1990, verificamos a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> tais idéias quando se trata <strong>de</strong> pensar a educação inclusiva. Estão<br />

presentes <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das concepções negativas que socialmente se construíram a<br />

respeito daqueles que são o público alvo <strong>de</strong>stas políticas, principalmente quando se<br />

refere à criança e ao/à adolescente oriundos das camadas populares. Achamos<br />

importante discutir como tais concepções atravessam as práticas e configuram as<br />

maneiras com que são compreendidas as ações gover<strong>na</strong>mentais e sua instalação no

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