A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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20.02.2015 Views

121 conteúdos, fomos para a sala e ele foi perguntando para a turma, como que eles não sabiam nada se ele tinha dado a matéria.” Os argumentos falam de saúde, porém as justificativas mais correntes na escola para que se evite uma gravidez vão no sentido da dificuldade financeira, estão relacionados à classe: “a mãe com uma penca de filhos”, “ela tem um atrás do outro”, “com 20 anos elas têm uns dois, três filhos”. Tudo isso relacionada à crença, por vezes não explícita, da suposta ignorância das pessoas pobres, incapazes de gerirem suas vidas. “As próprias mães... tem uma que veio aqui sexta feira, ela já tem oito filhos, seis pais diferentes, o mais novo eu acho que tá...fez dois anos agora em março, a mais velha tem 17, quase todos com registro de infreqüência na escola, cai a reclamação no conselho tutelar, ela veio sexta-feira com um marido que deve ter a idade da filha, grávida, com outro na barriga. As próprias mães, ela tem 34, 35 anos, as mães não tem interesse em fazer em si, esse controle e não tem como cobrar das filhas ou dos filhos essa questão da prevenção da gravidez. A mãe de um menino aqui, 27 anos ela, morreu de aids...” ( supervisora pedagógica) Nas intervenções destes profissionais se atravessam enunciados que trazem como ideal um modo de vida que estes/as educadores/as relacionam como seu modo de vida: “E agora aconteceu uma gravidez, como tu vai enfrentar isso? Eu não vou enfrentar, ela vai abortar. Tudo é muito banalizado, o aborto é banalizado, muito banalizado, mas agora ela vai abortar, mas tu sabe as implicações que tem um aborto? Tanto para a saúde dela, tanto quanto para a questão jurídica, legal, que aborto é crime, que não é liberado no Brasil, e que... enfim, decorrem uma série de transtornos do aborto, implica numa série de conseqüências e de riscos. Ah, mas nós já decidimos que ela vai abortar. E a família dela? A família dela diz que paga o aborto, então vai fazer o aborto. Então assim, é tão simples e nós aqui nos preocupando por eles. E é tão simples resolver isso. Ela aborta. E aí tu tenta trabalhar assim, então vamos tentar olhar o outro lado disso, quem sabe tu pensa na questão do aborto, quem sabe tu tente encaminhar da melhor forma, quem sabe tu pensa em fazer um curso profissionalizante, quem sabe tu pensa em passar para a noite para ter a possibilidade de trabalhar de dia, quem sabe tu pensa em continuar namorando, não vivendo junto, aí tu tenta passar também uma outra estrutura por que isso não significa que tem que casar e morar junto, ser totalmente responsável por essa pessoa, quem sabe e ai tu começa a trabalhar de uma outra ótica com o aluno, tenta desequilibrar eles a pensar em outras questões, quem sabe tu pensa em trabalhar, quem sabe, vai dando outras alternativas, quem sabe a gente tenta junto contigo arrumar um curso quem sabe a gente tenta fazer contigo fazer um outro encaminhamento, quem sabe a gente faz um outro movimento, vamos tentar ver um curso, um acompanhamento pré-natal que o

Hospital Fêmina dá, ai vai trabalhar com vocês não só do âmbito da questão orgânica, física, mas do âmbito do emocional, psicológico, falei para ele: vamos chamar a família, vamos ver se a família se integra nesta parceria de ajudar...” (Sonia - orientadora educacional) 122

Hospital Fêmi<strong>na</strong> dá, ai vai trabalhar com vocês não só do âmbito da questão orgânica,<br />

física, mas do âmbito do emocio<strong>na</strong>l, psicológico, falei para ele: vamos chamar a família,<br />

vamos ver se a família se integra nesta parceria <strong>de</strong> ajudar...” (Sonia - orientadora<br />

educacio<strong>na</strong>l)<br />

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