A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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conteúdos, fomos para a sala e ele foi perguntando para a turma, como que eles não<br />
sabiam <strong>na</strong>da se ele tinha dado a matéria.”<br />
Os argumentos falam <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, porém as justificativas mais correntes <strong>na</strong> <strong>escola</strong><br />
para que se evite uma gravi<strong>de</strong>z vão no sentido da dificulda<strong>de</strong> fi<strong>na</strong>nceira, estão<br />
relacio<strong>na</strong>dos à classe: “a mãe com uma penca <strong>de</strong> filhos”, “ela tem um atrás do outro”,<br />
“com 20 anos elas têm uns dois, três filhos”. Tudo isso relacio<strong>na</strong>da à crença, por vezes<br />
não explícita, da suposta ignorância das pessoas pobres, incapazes <strong>de</strong> gerirem suas<br />
vidas.<br />
“As próprias mães... tem uma que veio aqui sexta feira, ela já tem oito filhos, seis pais<br />
diferentes, o mais novo eu acho que tá...fez dois anos agora em março, a mais velha<br />
tem 17, quase todos com registro <strong>de</strong> infreqüência <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, cai a reclamação no<br />
conselho tutelar, ela veio sexta-feira com um marido que <strong>de</strong>ve ter a ida<strong>de</strong> da filha,<br />
grávida, com outro <strong>na</strong> barriga. As próprias mães, ela tem 34, 35 anos, as mães não tem<br />
interesse em fazer em si, esse controle e não tem como cobrar das filhas ou dos filhos<br />
essa questão da prevenção da gravi<strong>de</strong>z. A mãe <strong>de</strong> um menino aqui, 27 anos ela,<br />
morreu <strong>de</strong> aids...” ( supervisora pedagógica)<br />
Nas intervenções <strong>de</strong>stes profissio<strong>na</strong>is se atravessam enunciados que trazem<br />
como i<strong>de</strong>al um modo <strong>de</strong> vida que estes/as educadores/as relacio<strong>na</strong>m como seu modo<br />
<strong>de</strong> vida:<br />
“E agora aconteceu uma gravi<strong>de</strong>z, como tu vai enfrentar isso? Eu não vou<br />
enfrentar, ela vai abortar. Tudo é muito ba<strong>na</strong>lizado, o aborto é ba<strong>na</strong>lizado, muito<br />
ba<strong>na</strong>lizado, mas agora ela vai abortar, mas tu sabe as implicações que tem um aborto?<br />
Tanto para a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>la, tanto quanto para a questão jurídica, legal, que aborto é<br />
crime, que não é liberado no Brasil, e que... enfim, <strong>de</strong>correm uma série <strong>de</strong> transtornos<br />
do aborto, implica numa série <strong>de</strong> conseqüências e <strong>de</strong> riscos. Ah, mas nós já <strong>de</strong>cidimos<br />
que ela vai abortar. E a família <strong>de</strong>la? A família <strong>de</strong>la diz que paga o aborto, então vai<br />
fazer o aborto. Então assim, é tão simples e nós aqui nos preocupando por eles. E é tão<br />
simples resolver isso. Ela aborta. E aí tu tenta trabalhar assim, então vamos tentar olhar<br />
o outro lado disso, quem sabe tu pensa <strong>na</strong> questão do aborto, quem sabe tu tente<br />
encaminhar da melhor forma, quem sabe tu pensa em fazer um curso<br />
profissio<strong>na</strong>lizante, quem sabe tu pensa em passar para a noite para ter a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong> dia, quem sabe tu pensa em continuar <strong>na</strong>morando, não vivendo junto, aí<br />
tu tenta passar também uma outra estrutura por que isso não significa que tem que<br />
casar e morar junto, ser totalmente responsável por essa pessoa, quem sabe e ai tu<br />
começa a trabalhar <strong>de</strong> uma outra ótica com o aluno, tenta <strong>de</strong>sequilibrar eles a pensar<br />
em outras questões, quem sabe tu pensa em trabalhar, quem sabe, vai dando outras<br />
alter<strong>na</strong>tivas, quem sabe a gente tenta junto contigo arrumar um curso quem sabe a<br />
gente tenta fazer contigo fazer um outro encaminhamento, quem sabe a gente faz um<br />
outro movimento, vamos tentar ver um curso, um acompanhamento pré-<strong>na</strong>tal que o