A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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intervenções que se apresentam nas salas de aula: “Eu prefiro falar da maneira correta:
pênis, vagina. A gente não dá apelido para nariz, cotovelo.”
Até das meninas que estão grávidas não se fala deste assunto, poderia aproveitar e
trabalhar isso, mas não. Esta menina que está grávida agora veio uma colega dizer que
ela tava com vergonha de justificar a falta porque foi fazer pré natal, prá que ter
vergonha? Então eu acho que as coisas ficam muito veladas. Não se conversa sobre.
(Tânia - supervisora pedagógica)
Esta questão não é relacionada com a sexualidade de forma mais ampla, o foco
é nas adolescentes, o pai é pouco mencionado, mostrando novamente o que outros
estudos já confirmaram: que a responsabilidade da contracepção é percebida como de
responsabilidade da mulher. Às vezes, parece que a adolescente engravida sozinha. E
existe uma atitude ambivalente relacionada à maternidade, o exercício da maternidade
com um alto valor para todas as mulheres, convivendo com uma série de prescrições
de como deve ser uma gestação: depois de terminar a escolarização e poucos filhos,
principalmente para as famílias pobres (LISANDRA MOREIRA, 2008). A gravidez
precoce neste público da escola pública é colocada como um problema de saúde
pública:
A gravidez na adolescência tem implicações biológicas, familiares, emocionais e econômicas,
bem como jurídico-sociais, limitando ou mesmo adiando os projetos de vida dessas
adolescentes. Em geral, a adolescente para de estudar e passa apresentar sentimentos de
baixa auto-estima e depressão. Devido às repercussões sobre a mãe e sobre o concepto é
considerada gestação de risco pela OMS, embora se considere na atualidade que esse risco
seja mais social do que biológico. É importante ressaltar que a gravidez na adolescência traz
mais problemas porque a gestante adere tardiamente à assistência pré-natal. O
acompanhamento da gestante e do feto desde o início reduz as taxas de óbito materno e
infantil. (RIO GRANDE DO SUL, Programa de Saúde Escolar, 2006)
A escola é cobrada no sentido de participar das campanhas de prevenção e nas
formações do SPE, para o qual a prevenção é o foco central. No evento de abertura da
Mostra Nacional do SPE de 2008 (no qual estive presente), o representante de uma
Secretaria Municipal de Saúde inicia sua fala relatando: “Eu entrei numa sala de ensino
fundamental e tinham oito meninas grávidas! De 38 alunas, oito estavam grávidas, não
é possível numa escola municipal. Sem nenhum esclarecimento! É um fracasso!
Comecei a fazer perguntas para elas e elas não sabiam responder, não sabiam o que
era ovulação! Chamei o professor de Biologia, ele falou que tinha trabalhado esses