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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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Po<strong>de</strong>-se pensar que a condição <strong>de</strong> classe po<strong>de</strong> ser um diferenciador <strong>na</strong><br />

percepção dos indivíduos em termos das suas experiências em torno <strong>de</strong> gênero, raça,<br />

<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, como parte <strong>na</strong> constituição <strong>de</strong> sua subjetivida<strong>de</strong>, porém, estas diferenças<br />

têm sido tratadas, no cotidiano <strong>escola</strong>r, <strong>de</strong> modo a estabelecer uma escala <strong>de</strong> valores,<br />

on<strong>de</strong> a lógica que se mantém <strong>na</strong>turalizada é <strong>de</strong> um discurso polarizado e moralizado. O<br />

discurso das/os professoras/es, com freqüência, responsabiliza "o meio" on<strong>de</strong> as<br />

crianças vivem por seus comportamentos "<strong>de</strong>sviantes": agressivos, <strong>de</strong>sinteressados,<br />

"sem-educação", sem objetivos, “vileiras”, etc. Os/as educadores/as reproduzem<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos enunciados que afirmam e estabelecem relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r enquanto<br />

rejeitam outros produzindo processos <strong>de</strong> <strong>na</strong>turalização da diferença.<br />

Enunciados homofóbicos ou sexistas estão profundamente articulados com<br />

aqueles <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> classe, assim, diferentes <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s se sobrepõem e<br />

se reforçam. Em torno <strong>de</strong>ste referencial constrói-se um universo <strong>de</strong> diferenças e lugares<br />

<strong>de</strong>svalorizados, <strong>de</strong> sub-cidadãos.<br />

“A gente tem, não sei, eu agora falo por mim tenho muito nítido que nós temos <strong>de</strong>ntro<br />

da <strong>escola</strong> dois mundos, que é o mundo dos nossos, da nossa formação cultural, moral,<br />

<strong>de</strong> princípios e tal, e que eles vivem num mundo num universo diferente da gente né,<br />

que eles tem outros princípios <strong>de</strong> valor, outras coisas que para eles são fundamentais,<br />

pesa muito mais para eles, eles choram muito mais aqui conosco por questões <strong>de</strong><br />

alimentação do que por um filho que engravidou <strong>na</strong> adolescência, então para eles é<br />

muito mais importante as estruturas básicas da vida cotidia<strong>na</strong>, que tu crie tuas questões<br />

fundamentais da tua vida cotidia<strong>na</strong> lá, <strong>de</strong> alimentação, <strong>de</strong> moradia, <strong>de</strong> teto <strong>de</strong>... sabe,<br />

isso é um valor muito maior para eles. O alimento é fundamental, a questão da<br />

locomoção...”(Sonia - orientadora educacio<strong>na</strong>l)<br />

No campo da educação uma diferença, vista como resistente, das classes<br />

populares tem sido percebida como uma dificulda<strong>de</strong> para o processo educativo. Uma<br />

gran<strong>de</strong> interpretação mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> centrou-se <strong>na</strong> ignorância daqueles que não tinham<br />

condições <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o sentido dos novos valores da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e supôs,<br />

<strong>de</strong>ntro da visão <strong>de</strong> mundo evolucionista, que haveria uma mudança gradual, uma<br />

incorporação das verda<strong>de</strong>s do progresso. Os enunciados atuais <strong>na</strong> educação não<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> lado totalmente esse mo<strong>de</strong>lo e convivem com aqueles que afirmam o<br />

interesse e valorização da diferença, porém estas explicações <strong>de</strong> mundo não<br />

<strong>de</strong>sapareceram e convivem às vezes sem contradições aparentes no cotidiano <strong>escola</strong>r.

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