20.02.2015 Views

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

114<br />

foi exposto constituindo uma trama em específico para este homem: negro, professor,<br />

com cargo <strong>de</strong> direção, classe média.<br />

7.6 - Festa juni<strong>na</strong><br />

A <strong>escola</strong> estava cheia <strong>de</strong> gente circulando pelo pátio, os portões da <strong>escola</strong> estão<br />

abertos, percebo que a comunida<strong>de</strong> está participando. Caixas <strong>de</strong> som e microfone:<br />

serviço <strong>de</strong> recadinhos acontecendo, principalmente recados <strong>de</strong> <strong>na</strong>moro: Re<strong>na</strong>n tu é<br />

muito lindo! Gislaine manda um beijo para o gato mais lindo da C20!<br />

Tocava funk num volume alto. A vice diretora faz questão <strong>de</strong> me dizer em relação<br />

à música que está tocando: “Tudo o que a gente não gosta! Mas eles...” A música tem<br />

uma letra bastante <strong>sexual</strong>izada: “do creu”, então juntam-se grupinhos <strong>de</strong> meni<strong>na</strong>s<br />

fazendo coreografias. No centro do pátio uma meni<strong>na</strong> aparentando 3 ou 4 anos faz a<br />

coreografia da música com perfeição, incli<strong>na</strong>-se coloca as mãozinhas nos joelhos e<br />

remexe os quadris, quem passa ri, alguns elogiam: “que gracinha!’<br />

Muitos casais jovens, 15, 16 anos, vários com filhos. A estética é a <strong>de</strong> correntes<br />

<strong>de</strong> metal no pescoço, tênis vistosos, abrigos ou bermudões coloridos, bonés... As<br />

meni<strong>na</strong>s com calças justas e baixas no quadril, muitos piercings nos umbigos, todos <strong>de</strong><br />

fora. Percebo muita movimentação das pessoas que moram à volta da <strong>escola</strong>, elas<br />

participam da festa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ter filhos/as freqüentando a <strong>escola</strong>, todos/as<br />

parecem vinculados a esse espaço. Da festa juni<strong>na</strong> ficou a lembrança <strong>de</strong><br />

movimentação, muitas cores, sons, uma mistura <strong>de</strong> gerações, uma festa concorrida.<br />

A festa juni<strong>na</strong> mostra uma dinâmica da relação da <strong>escola</strong> com a comunida<strong>de</strong> que<br />

parece por vezes contraditória: a <strong>escola</strong> se propõe a ser uma “<strong>escola</strong> aberta” no sentido<br />

da participação da comunida<strong>de</strong> em seus espaços e processos educativos, o que<br />

fisicamente acontece; ao mesmo tempo, o discurso <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> irredutível é<br />

muito marcante nos/as educadores/as. A re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> fato aten<strong>de</strong> um público que<br />

vive em situação econômica muito <strong>de</strong>sfavorável: “<strong>de</strong> periferia”, “<strong>de</strong> vila”, e esta situação<br />

parece ser vivida como a <strong>de</strong> um abismo cultural e, no seu extremo, moral. Isto é<br />

percebido <strong>na</strong>s reuniões pedagógicas on<strong>de</strong> se comenta da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar com as<br />

mães e pais. A supervisora pedagógica que coor<strong>de</strong><strong>na</strong>va uma reunião coloca: “Na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!