20.02.2015 Views

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

113<br />

comprometidos que o restante das professoras, estes não se envolvem em nenhuma<br />

discussão!”<br />

Os relatos acerca das relações <strong>de</strong> gênero aparecem <strong>na</strong>s justificativas <strong>de</strong><br />

atuações e este está atravessado pelas relações <strong>de</strong> etnia e classe. Na fala <strong>de</strong>ste<br />

educador po<strong>de</strong>-se perceber a presença da influência <strong>de</strong> vários enunciados, alguns<br />

contraditórios, a que o sujeito ficou exposto e o constituiu.<br />

“Acho que homens não são mulheres, homens não são mulheres, homem tem cabeça<br />

<strong>de</strong> homem, mulher tem cabeça <strong>de</strong> mulher, tem questões que tem características <strong>de</strong><br />

gênero, que não tem <strong>na</strong>da a ver com ser superior ou inferior, enten<strong>de</strong>u? Alguns<br />

trabalham melhor com a questão da autorida<strong>de</strong>, muitas vezes a mulher, a mulher<br />

trabalha com a questão da sensibilida<strong>de</strong>, então, eu me atrevo a dizer, por ter sido<br />

criado por mulheres e ter tido profissões eminentemente femini<strong>na</strong>s, eu consegui<br />

construir e equilibrar a questão da sensibilida<strong>de</strong> com a autorida<strong>de</strong>. Mas eu percebo,<br />

muitas vezes, eu, João, sou infinitamente mais feminino do que gran<strong>de</strong> parte das<br />

mulheres com as quais eu convivo, às vezes eu trabalho muito melhor com a questão<br />

da sensibilida<strong>de</strong> do que muitas mulheres que parece que ao longo do tempo<br />

incorporaram uma postura absolutamente masculi<strong>na</strong> e acontece aí <strong>de</strong> eu ser tido como<br />

feminino. Eu, um outro dia conversando com uma pessoa, eu dizia bem assim: como<br />

vocês trabalham sendo dois homens vivendo <strong>na</strong> mesma casa dormindo <strong>na</strong> mesma<br />

cama, porque eu percebo uma colega, os dois são absolutamente masculinos, eu digo<br />

masculino aqui a nível <strong>de</strong> cabeça, não em termos <strong>de</strong> sexo. E hoje nós percebemos que<br />

as mulheres, muitas <strong>de</strong>las são absolutamente masculi<strong>na</strong>s, enten<strong>de</strong>ndo masculi<strong>na</strong> como<br />

uma questão, saindo da questão do sexo e chegando <strong>na</strong> questão do comportamento, o<br />

que eu acho particularmente que nós passamos por essas anomalias, e a questão i<strong>de</strong>al<br />

é a questão do equilíbrio entre masculino e feminino, numa mesma pessoa. Ter a<br />

questão da sensibilida<strong>de</strong> e a questão da autorida<strong>de</strong>. É nesse sentido que eu to falando<br />

masculino e feminino. E eu como sempre tive profissões femini<strong>na</strong>s e fui criado por<br />

mulheres <strong>de</strong> vanguarda que era a minha mãe, então ficou essa coisa mais equilibrada.<br />

Minha mãe lavava roupa para fora, mas tinha essa questão do respeito com o feminino<br />

muito claro, as pessoas têm que ser respeitadas.”(César- diretor)<br />

Nesta fala concorrem e convivem enunciados vindos <strong>de</strong> várias vertentes:<br />

feminismo, argumentos vindos do essencialismo biológico e construcionismo<br />

psicológico, etc. Os comportamentos associados ao masculino e ao feminino são<br />

<strong>na</strong>turalizados e atravessam o conjunto <strong>de</strong> percepções que foram se constituindo neste<br />

indivíduo, que apesar <strong>de</strong> “feminista”, pois se permite ter sensibilida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ra o<br />

<strong>de</strong>slocamento das atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mulheres para o dito pólo masculino como problemática.<br />

Pu<strong>de</strong> perceber, ainda, uma certa carga <strong>de</strong> valoração e até <strong>de</strong> provocação em relação a<br />

estas mulheres masculinizadas. Seus argumentos revelam diferentes enunciados a que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!