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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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7.5 – Gênero<br />

“...a questão <strong>de</strong> gênero é muito forte, ouvir a palavra do César, que é homem e negro é<br />

muitíssimo diferente, do que uma professora branca, magrinha e fraca.” (César - diretor)<br />

Pela manhã, funcio<strong>na</strong> o terceiro ciclo e vários professores estão presentes (em<br />

torno <strong>de</strong> 10) <strong>na</strong>s reuniões. Percebo que eles têm uma dinâmica diferenciada das<br />

professoras <strong>na</strong>s suas ativida<strong>de</strong>s. Nas reuniões pedagógicas se sentam no fundo da<br />

sala, agrupados, não costumam <strong>de</strong>bater e se envolvem pouco <strong>na</strong>s tarefas burocráticas.<br />

Em uma reunião pedagógica on<strong>de</strong> o grupo se dividiu para sistematizar as discussões<br />

do Plano Político e Pedagógico, que estava sendo cobrado pela SMED, nenhum<br />

professor foi voluntário. Quando foram intimados pela professora que coor<strong>de</strong><strong>na</strong>va a<br />

reunião: “Algum representante da ala masculi<strong>na</strong>?” eles reagiram retrucando em tom <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>boche: “Nem que a vaca tussa!”, “Nem pagando!” A supervisora insiste: “O professor<br />

Artur disse que antes <strong>de</strong> se aposentar vai participar <strong>de</strong> alguma coisa...” Eles ficam<br />

quietos, não há resposta. Tive a impressão que as colegas não esperavam outra<br />

reação, parece ser a atitu<strong>de</strong> costumeira e permitida da assim chamada “ala masculi<strong>na</strong>”.<br />

Na reunião on<strong>de</strong> se organizou a festa juni<strong>na</strong>, <strong>na</strong> distribuição <strong>de</strong> tarefas, <strong>de</strong>ste<br />

que era “um dia <strong>de</strong> trabalho”, a participação dos educadores, seu engajamento<br />

mostrou-se menor que o das professoras. Fez-se uma lista das doações <strong>de</strong> comidas<br />

para as barracas e não se tocou no nome dos professores e estes pareciam resistentes<br />

ao trabalho <strong>na</strong>s bancas <strong>de</strong> alimentação e brinca<strong>de</strong>iras. Porém, <strong>na</strong>s entrevistas, a<br />

diferente postura <strong>de</strong> homens e mulheres no trabalho não é percebida <strong>de</strong> maneira muito<br />

clara, havendo divergência <strong>na</strong>s opiniões, a orientadora não i<strong>de</strong>ntifica estas relações<br />

como problemáticas:<br />

“Muitos professores homens. E as relações são ótimas. Tanto é que assim, para tu ver<br />

os cargos eletivos <strong>de</strong> direção, então é uma coisa que mescla bem, eu entrei há 21 anos<br />

atrás era um diretor homem, <strong>de</strong>pois foi eleito outro homem, <strong>de</strong>pois foi eleito por três<br />

gestões o Rogério, e agora voltou outro homem. Então neste sentido...”<br />

Ela não percebe o fato dos homens nesta <strong>escola</strong> monopolizarem o cargo <strong>de</strong><br />

direção a um comportamento relacio<strong>na</strong>do às relações <strong>de</strong> gênero hierarquizadas e uma<br />

postura dos professores em relação à divisão <strong>sexual</strong> do trabalho. Enquanto que a<br />

supervisora pedagógica já percebe <strong>de</strong> outra maneira: “São! São ainda menos

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