A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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“Alguns (professores) ignoram totalmente, trabalham como se aquilo fosse...como se<br />
aquela situação não fizesse parte daquele contexto, como se fosse um aluno, bom o<br />
nome <strong>de</strong>le é tal, figura masculi<strong>na</strong>, vamos tratá-lo como masculino, eu acho que <strong>na</strong>quele<br />
momento que o professor ta dando aula, uns não se preocupam com essa questão <strong>de</strong><br />
gênero, né? E tratam como se <strong>na</strong>da tivesse acontecendo e outros se preocupam mais,<br />
e tentam também conversar, enten<strong>de</strong>r, aconselhar, mandar para cá, trocar mais com a<br />
gente aqui <strong>na</strong> orientação.”( Sonia – orientadora pedagógica)<br />
A supervisora relatou o caso <strong>de</strong> um aluno que teve problemas com “dois<br />
professores homens”, acontecia um conflito gran<strong>de</strong> com estes professores, com um em<br />
especial “chegou ao ponto do aluno se recusar a entrar <strong>na</strong> aula <strong>de</strong>ste professor.”<br />
Quando ele entrava: “Não dava cinco minutos e começava a gritaria, dava para ouvir<br />
daqui, toda a <strong>escola</strong> ouvia, os dois gritando, o professor também, chegava uma hora<br />
que estava aos gritos, então ele vinha para cá, sentava aqui e a gente ficava<br />
acalmando, dava ativida<strong>de</strong>s, ele ficava aqui <strong>na</strong> nossa sala.” Ela consi<strong>de</strong>ra que o<br />
professor não conseguiu lidar com a “opção <strong>sexual</strong>” que este aluno estava construindo,<br />
“o professor não conseguiu suportar o processo <strong>de</strong>ste aluno, ele tinha alguns<br />
problemas <strong>de</strong> discipli<strong>na</strong> com outros professores mas não eram nem <strong>de</strong> perto parecidos<br />
com o que acontecia com este professor, era uma coisa terrível, ele (o aluno) acabou<br />
saindo da <strong>escola</strong>...” Apesar <strong>de</strong> acontecer um conflito explícito com este aluno, a<br />
supervisora contou que nunca colocaram “em palavras” a discrimi<strong>na</strong>ção promovida pelo<br />
professor, as abordagens foram centradas <strong>na</strong> discussão do comportamento do aluno e<br />
sua in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> postura acerca <strong>de</strong> sua <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. Parece que não houve um<br />
espaço para refletir acerca da atitu<strong>de</strong> do professor, não houve um questio<strong>na</strong>mento<br />
explícito <strong>de</strong> sua atitu<strong>de</strong> frente ao aluno. A supervisora pedagógica afirmou perceber que<br />
se tratava <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> homofóbica do professor, mas não conseguiu explicitar a<br />
situação, não se sentiu autorizada. Quanto ao professor parece ter atribuído o problema<br />
ao aluno que estaria num momento <strong>de</strong> conflito com sua <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>:<br />
“Não, ele teve problemas com vários professores, comigo ele teve essa postura <strong>de</strong> se<br />
negar a participar, <strong>de</strong> não vou entrar <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula, mas teve com vários outros<br />
professores, problema <strong>de</strong> indiscipli<strong>na</strong>, <strong>de</strong> convivência, mesma coisa: <strong>de</strong> andar pela<br />
sala, <strong>de</strong> perturbar e tal, mas comigo teve isso <strong>de</strong> não querer participar das ativida<strong>de</strong>s,<br />
se negar a participar, algumas vezes ele nem entrava <strong>na</strong> sala. E nós achamos, nós<br />
avaliamos que era o fato <strong>de</strong>le não, e nós avaliamos que po<strong>de</strong>ria ter a ver com isso, nós<br />
ficamos convencidos que tinha a ver com a opção que ele tava fazendo, essa dúvida,<br />
<strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, porque era um negócio engraçado, que ele tinha <strong>na</strong>morado, mas ele ficava<br />
beijando as meni<strong>na</strong>s pela <strong>escola</strong> aí, ele ficava com as gurias também, mas ele tinha