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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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“Isso se percebe <strong>de</strong> diversas maneiras, a maneira com que o grupo se dirige a<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do aluno, o tom, a expressão que utiliza sobre <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do a aluno. O grupo<br />

<strong>de</strong> professores, o grupo <strong>de</strong> alunos, as situações acontecem, nem todo o discurso é um<br />

discurso com início meio e fim, ele às vezes se dá quando se fala: aquele que é<br />

bichinha, aquele que é ...Então tu percebe que <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, essas questões estão<br />

absolutamente mal trabalhadas. Aliás, eu diria que essas situações menos<br />

verbalizadas muitas vezes expressam exatamente como as pessoas pensam sobre as<br />

coisas, no pátio, no recreio, <strong>na</strong>s confusões <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula.” (César- diretor)<br />

“Sim, têm <strong>escola</strong>s on<strong>de</strong> eles segregam, quando fazem trabalhos, para o trabalho em<br />

grupo não convidam, <strong>na</strong> hora do lanche eles sentam numa mesa separada, ficam<br />

longe, não querem ficar misturados, não querem ficar junto com alguém que é<br />

homos<strong>sexual</strong> assumido ou que tem tendências, vamos dizer assim, segundo a visão<br />

<strong>de</strong>les, quem tem essa peculiarida<strong>de</strong> eles não querem ficar junto. Aqui <strong>na</strong> <strong>escola</strong> eu não<br />

observei isso não. Nos <strong>de</strong>bates inclusive que nós fizemos <strong>na</strong> turma do ano passado<br />

que estou falando do ano passado por que este ano não fizemos, não cheguei nesse<br />

tema ainda...mas, as turmas do ano passado que era uma turma <strong>de</strong> formandos <strong>de</strong> C30,<br />

que a gente fez, vários <strong>de</strong>les, várias vezes verbalizaram isso, ah professor o que<br />

importa é ser feliz, professor, se gosta <strong>de</strong> mulher, <strong>de</strong> homem, não tem problema<br />

nenhum, cada um sabe da sua vida e tal, muitos verbalizaram isso, achei bem<br />

interessante, até porque...eu não esperava, embora...muitos <strong>de</strong>les tem uma visão muito<br />

machista, <strong>de</strong>sta idéia <strong>de</strong> que, inclusive - eu vou casar com fula<strong>na</strong>, que é um<br />

homos<strong>sexual</strong>, eu vou casar com fulano para ele arrumar minha casa, para limpar<br />

minhas coisas, tipo assim, é mulher então vai fazer as coisas <strong>de</strong> mulher, é um<br />

machismo neste sentido, mas não há, não percebi que haja uma discrimi<strong>na</strong>ção, vamos<br />

dizer, o tratamento dispensado a eles é o tratamento, é o mesmo que eles dispensam<br />

para uma meni<strong>na</strong>, que claro é um tratamento preconceituoso, neste sentido machista,<br />

que eu falo, é esse o tratamento.” (Marcos – Professor)<br />

A questão da preparação dos/as professores/as para trabalhar temas específicos<br />

como este das <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>s se reapresenta, muitas vezes para justificar a atitu<strong>de</strong><br />

omissa dos/as educadores/as, que é entendida como uma não atuação sem refletir<br />

sobre as relações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sala <strong>de</strong> aula, as quais são atravessadas pelo lugar <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong> do/a professor/a, conseguindo o “domínio da turma” ou não, é ele/ela quem<br />

está autorizado/a a falar e “colocar cada um no seu lugar”. Carlos Skliar questio<strong>na</strong> se é<br />

necessário ou não criar ou recriar e reproduzir um discurso racio<strong>na</strong>l, técnico,<br />

especializado, sobre este outro específico que está sendo chamado à inclusão.<br />

Afirma-se que a <strong>escola</strong> e os professores não estão preparados para receber os “estranhos”,<br />

os “anormais”, <strong>na</strong>s aulas. Não é verda<strong>de</strong>. Parece-me que ainda não existe nenhum consenso<br />

sobre o que signifique “estar preparado” e, muito menos, acerca <strong>de</strong> como se <strong>de</strong>veria pensar a<br />

formação quanto às políticas <strong>de</strong> inclusão propostas em todo o mundo. ( CARLOS<br />

SKLIAR, 2006, p. 32)

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