A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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<strong>na</strong>turalização da perda do vínculo familiar em famílias pobres. O mo<strong>de</strong>lo da família<br />
nuclear produz outros lugares e conceitos como a família <strong>de</strong>sestruturada e o <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sagregação familiar, sendo que, por exemplo, no caso <strong>de</strong> um jovem não contar com<br />
a presença do pai <strong>na</strong> família, esta já seria consi<strong>de</strong>rada como <strong>de</strong>sagregada ou<br />
<strong>de</strong>sestruturada. Quanto à <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> percebe-se atuando teorias que relacio<strong>na</strong>m a<br />
falta da figura pater<strong>na</strong> como um motivo que predispõe à homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> e a falta <strong>de</strong><br />
limites. Estes termos têm sido largamente empregados nos campos da Psicologia, do<br />
Serviço Social, da Pedagogia, entre outros, para se referir a famílias que não<br />
correspon<strong>de</strong>m ao mo<strong>de</strong>lo nuclear e que tem associado um perfil sócio-econômico, ou<br />
seja, famílias pobres, que seria a causa, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos teóricos, <strong>de</strong><br />
problemas/transtornos/<strong>de</strong>svios diversos. Tais termos costumam ser usados <strong>de</strong> forma<br />
<strong>na</strong>turalizada, isto é, parte-se da compreensão que existe um mo<strong>de</strong>lo familiar i<strong>de</strong>al, o<br />
qual <strong>de</strong>ve necessariamente ser <strong>de</strong> uma forma específica para que seus membros<br />
possam ter um <strong>de</strong>senvolvimento tido como saudável e normal. Para Larrosa:<br />
(...) o discurso pedagógico e o discurso terapêutico estão hoje intimamente relacio<strong>na</strong>dos. As<br />
práticas pedagógicas, sobretudo quando não são estritamente <strong>de</strong> ensino, isto é, <strong>de</strong><br />
transmissão <strong>de</strong> conhecimentos ou <strong>de</strong> “conteúdos” em sentido restrito, mostram importantes<br />
similitu<strong>de</strong>s estruturais com as práticas terapêuticas. A educação se esten<strong>de</strong> e se pratica<br />
cada vez mais como terapia, e a terapia se esten<strong>de</strong> e se pratica cada vez mais como<br />
educação ou reeducação. (JORGE LAROSSA,1994, p. 40)<br />
O processo <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ção é <strong>na</strong>turalizado: “Então chega um ponto em que eles<br />
não querem mais vir à aula.”, “quantas vezes a gente foi conversar com a turma, ia lá e<br />
conversava: as diferenças, o respeito, patati patatá, ficava tudo calmo, no outro dia era<br />
aquele fuzuê!” A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contor<strong>na</strong>r ou <strong>de</strong> solucio<strong>na</strong>r estas situações parece ficar<br />
incorporada ao cotidiano do exercício da profissão, “é assim...”<br />
“Com estes maiores não, com os menores, a gente está com um menino <strong>de</strong> B20 24 que<br />
ta com bastante problemas, os alunos, os colegas são..muito fácil falar: seu bichinha, o<br />
que ta fazendo guriazinha, mulherzinha, ele vem para cá e chora, chora, chora, chora,<br />
chora, chora e aí vem o irmão e conversa e... qualquer <strong>de</strong>slize eles caem em cima.”<br />
(Tânia- supervisora pedagógica)<br />
24 No ensino seriado equivale a uma quinta série, a faixa <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> seria <strong>de</strong> 10 a 11 anos.