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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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fortalecer”, se posicio<strong>na</strong>r frente à situação <strong>de</strong> conflito, pois em última análise é <strong>de</strong>vido a<br />

sua opção que a vulnerabilida<strong>de</strong> surge. Um/a adolescente ser i<strong>de</strong>ntificado/a como<br />

problemático/a, se ampara em uma série <strong>de</strong> interpretações da Psicologia que ao<br />

compreen<strong>de</strong>r o psiquismo como uma constituição inter<strong>na</strong>, invisibiliza o contexto social<br />

que produz aquela subjetivida<strong>de</strong>. Uma concepção vigente <strong>na</strong> Psicologia sobre a fase da<br />

adolescência tem sido, freqüentemente, marcada por uma visão <strong>na</strong>turalizante e a-<br />

histórica concebida como um momento <strong>de</strong> vida. De acordo com esta abordagem,<br />

<strong>de</strong>sequilíbrios e instabilida<strong>de</strong>s seriam inerentes ao jovem, assim como certa in<strong>de</strong>finição<br />

com relação a sua <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>. Assim, com base em tal perspectiva, a adolescência<br />

consistiria em um período <strong>de</strong> contradições, confusões, em que "o adolescente” passa<br />

por in<strong>de</strong>finições, o que po<strong>de</strong> gerar instabilida<strong>de</strong>s em relação a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>sexual</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber que à psicologia é en<strong>de</strong>reçada uma solicitação dicotomizada:<br />

normal/patológico, família estruturada/<strong>de</strong>sestruturada, homossexuais/heterossexuais. O<br />

discurso científico vem produzindo subjetivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>squalificadas – famílias<br />

incompetentes e negligentes – colocando os sujeitos em uma posição <strong>de</strong> tutela em<br />

relação ao conhecimento dos especialistas. As práticas, ao constituírem certo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tido como i<strong>de</strong>al, <strong>de</strong>sejável, normal, produzem assim, conjuntamente,<br />

uma verda<strong>de</strong> sobre <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos modos <strong>de</strong> ser e viver que são instáveis, incertos,<br />

imaturos, perversos.<br />

A supervisora pedagógica comenta que um fato que a impressio<strong>na</strong> muito é: “a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alunos com pais não <strong>de</strong>clarados, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças que não tem<br />

o nome do pai <strong>na</strong> certidão <strong>de</strong> <strong>na</strong>scimento”. “Eles até sabem quem é o pai, mas tu vai<br />

olhar <strong>na</strong> certidão não tem o nome do pai.” Alunos são muito carinhosos com um<br />

professor homem e ela associa: “Parece uma carência da figura pater<strong>na</strong>, a maioria não<br />

tem, alguns são criados por vó, pela tia, então parece que eles têm falta <strong>de</strong>ste<br />

referencial masculino.”<br />

O <strong>de</strong>slocamento do foco <strong>de</strong> questões sociais para os aspectos individuais<br />

através <strong>de</strong> discursos autorizados pela incorporação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos saberes/verda<strong>de</strong>s<br />

psicológicos acabam por conferir uma essência às formas <strong>de</strong> convivência familiar.<br />

Ferramentas teóricas associadas à área da psicologia acabam produzindo um efeito <strong>de</strong>

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