A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...
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A orientadora educacio<strong>na</strong>l relata que <strong>na</strong> <strong>escola</strong> tem problemas com alguns<br />
alunos que têm uma preferência diferente. Como eu me apresentei <strong>na</strong> <strong>escola</strong> como<br />
psicóloga propõe que eu realize um trabalho com estes homossexuais: “Po<strong>de</strong>ria fazer<br />
um projeto com esses que estão com dificulda<strong>de</strong>s, trabalhar com eles para que eles<br />
aceitem melhor essa condição, que é um conflito para eles, e tem o preconceito. Para<br />
que eles aprendam a lidar com isso. Porque eles são negros, pobres e vão ser<br />
discrimi<strong>na</strong>dos. Então eles po<strong>de</strong>riam apren<strong>de</strong>r como lidar com isso.”<br />
Quando o “problema” é individualizado, ou seja, se consi<strong>de</strong>ra que o indivíduo<br />
“opta” por ser diverso, então as possíveis intervenções são muito limitadas, não são<br />
percebidas como <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos educadores, e nem que os acontecimentos<br />
são <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> um cotidiano <strong>escola</strong>r em específico. Nas entrevistas em relação às<br />
perguntas <strong>de</strong> como se agia nestes “casos” as respostas foram <strong>de</strong> ações individuais e,<br />
quando coletivas, circunscritas à discipli<strong>na</strong> e contenção da violência explícita, as<br />
educadoras tiveram dificulda<strong>de</strong> em respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira clara, <strong>de</strong>monstrando um<br />
tratamento da questão sem reflexão sistemática.<br />
“A gente tinha alunos com conflito aqui. E a gente tentou dar um suporte, vamos dizer<br />
<strong>de</strong> aconselhamento, <strong>de</strong> acompanhamento que é o nosso trabalho <strong>de</strong> orientação. Então<br />
todo um trabalho nesse sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mostrar que a nossa<br />
socieda<strong>de</strong> é preconceituosa e que em alguns momentos essa pessoa vai encontrar<br />
algumas barreiras, sim, e que vai ser rechaçado em alguns ambientes, sim, em função<br />
da sua opção, e que, vai trabalhando todas as questões, bem do âmbito... como dizer,<br />
do verda<strong>de</strong>iro, bem honesto mostrando todos os acontecimentos, assim. Como vão se<br />
dar as relações daqui para a frente, como se dão essas relações <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, que as<br />
pessoas, muitas pessoas transitam bem com essa idéia, tem outras que não tanto e<br />
que as dificulda<strong>de</strong>s acabam aparecendo como um todo, e que até pelos próprios<br />
professores em alguns momentos há um tipo <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ção e preconceito, tem<br />
preconceito sim, porque as pessoas, né, nem todas são trabalhadas da mesma forma,<br />
para enfrentar esse tipo <strong>de</strong> opção das pessoas, esse tipo <strong>de</strong>...<strong>de</strong> escolha, então que<br />
isso é uma coisa muito pessoal, e que a pessoa que faz as suas opções e suas<br />
escolhas tem que estar preparada para enfrentar essas...essas dificulda<strong>de</strong>s que vem da<br />
própria, da própria questão da opção <strong>sexual</strong> da pessoa. Então tudo isso, acho que a<br />
gente trabalha nesse sentido dando suporte para esses alunos, conversando muito,<br />
batendo muito papo, conversando com os colegas, conversando com a turma,<br />
conversando com os professores a respeito.” (Sônia - orientadora educacio<strong>na</strong>l)<br />
Uma abordagem da qual se lança mão é a dos saberes vindos do campo da<br />
psicologia, associando-se um entendimento que os conflitos surgem por uma<br />
<strong>de</strong>sa<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>ste indivíduo em particular, a ele é dada responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “se