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A diversidade sexual na escola: produção de subjetividade e ...

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homos<strong>sexual</strong> (tido como o diferente) a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencer ao grupo dos "normais",<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ele adote um comportamento normalizado no espaço público. A i<strong>de</strong>ntificação do<br />

diferente e sua classificação funcio<strong>na</strong>m, antes <strong>de</strong> tudo, como estratégia <strong>de</strong> adaptação do<br />

diferente ao sistema normalizador e normalizante através dos discursos permitidos e/ou<br />

interditados sobre ele.<br />

“Tem o Purpuri<strong>na</strong>, esse é o apelido <strong>de</strong>le, que ele adora ser chamado assim...Esse fica<br />

se expandindo e tendo piti. Aí tumultua um pouco a aula. Mas ele é mais tranqüilo que o<br />

Tales. O Tales não tem problema cognitivo, nisso tudo bem , mas ele fica arranjando<br />

confusão.” “ Ele está ultimamente agressivo e o<strong>de</strong>ia as meni<strong>na</strong>s e fica agredindo, todo<br />

o recreio ele arranja confusão.” (Tânia- supervisora pedagógica)<br />

Segundo esta perspectiva, a localização do problema está neste<br />

indivíduo/diferente que gera conflitos, como nesta leitura que esta educadora e a equipe<br />

do SOE apresentam <strong>de</strong>sta situação, visto que as meni<strong>na</strong>s costumam xingar e<br />

menosprezar este jovem não permitindo que o mesmo participe do grupo das meni<strong>na</strong>s.<br />

A atitu<strong>de</strong> das meni<strong>na</strong>s não entra em discussão, não se tor<strong>na</strong> o foco <strong>de</strong> intervenções<br />

que no diário irão se direcio<strong>na</strong>r para aquele que é o <strong>de</strong>sviante.<br />

Pensando o po<strong>de</strong>r em seu aspecto produtivo, como elemento que produz efeitos<br />

tais como a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> saberes e a legitimação <strong>de</strong> práticas que discipli<strong>na</strong>m os sujeitos<br />

e suas vidas (MICHEL FOUCAULT,1997), po<strong>de</strong>-se pensar como um efeito específico<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r o engendramento <strong>de</strong> um jogo permanente que cria, e preten<strong>de</strong> reabilitar, um<br />

grupo <strong>de</strong> pessoas qualificado ora como "incluídos" ora como "excluídos" socialmente.<br />

(...) os “diferentes” correspon<strong>de</strong>m a uma construção, um invenção, quer dizer, são reflexo <strong>de</strong><br />

um largo processo que po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong> diferencialismo, isto é, uma atitu<strong>de</strong>- sem<br />

dúvida do tipo racista- <strong>de</strong> categorização, separação e diminuição <strong>de</strong> alguns traços, <strong>de</strong><br />

algumas marcas, <strong>de</strong> algumas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> alguns sujeitos, em relação ao vasto e por<br />

<strong>de</strong>mais caótico conjunto <strong>de</strong> diferenças huma<strong>na</strong>s. (CARLOS SKLIAR, 2006, p. 23)<br />

A equipe do SOE reclama que tem muito trabalho: “tem que dar conta <strong>de</strong> tudo:<br />

assistência social, organizar e agendar consultas, encaminhamentos...” “Aqui se apaga<br />

incêndio” No seu trabalho a orientadora educacio<strong>na</strong>l afirma que a psicologia é<br />

“contribuição fundamental” porque no trabalho <strong>de</strong>las “...a gente acaba psicologizando<br />

muito”, como exemplo <strong>de</strong>screve as abordagens com “estes alunos”, que aconselhou um<br />

aluno: “O problema que tu não tá te aceitando, tu tem um corpo <strong>de</strong> homem e uma<br />

cabeça <strong>de</strong> mulher, então tu vai ter que ver como que tu lida com isso.”

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