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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC<br />

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS<br />

CÍNTIA SOUZA DA SILVA<br />

FOTOPROTEÇÃO: UM CUIDADO PARA TODOS OS TIPOS DE PELE<br />

CRICIÚMA, JULHO DE 2009


CÍNTIA SOUZA DA SILVA<br />

FOTOPROTEÇÃO: UM CUIDADO PARA TODOS OS TIPOS DE PELE<br />

Monografia apresentada à Diretoria <strong>de</strong> Pósgraduação<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Extremo Sul<br />

Catarinense- UNESC, para a obtenção <strong>do</strong> título<br />

<strong>de</strong> especialista em Ciências Farmacêuticas.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Profª. Msc. Marilucia Rita Pereira.<br />

CRICIÚMA, JULHO DE 2009


DEDICATÓRIA<br />

Dedico este trabalho a minha família, por estarem<br />

sempre ao meu la<strong>do</strong> em mais essa conquista.


AGRADECIMENTO<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Deus. A minha família<br />

pelo incentivo <strong>de</strong> continuar<br />

estudan<strong>do</strong>. A Professora Marilúcia<br />

por ter aceita<strong>do</strong> me orientar na<br />

elaboração <strong>de</strong>ste trabalho. E a todas<br />

as pessoas que <strong>de</strong> alguma forma me<br />

ajudaram a concluir não só este<br />

trabalho, mas que estiveram ao meu<br />

la<strong>do</strong> em mais essa conquista.


“A Pele negra tem suas vantagens em relação<br />

à pele branca, por conta da alta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

melanina, mas suas <strong>de</strong>svantagens também<br />

existem e <strong>de</strong>vem ser conhecidas. A pele negra<br />

tem particularida<strong>de</strong>s que pe<strong>de</strong>m cuida<strong>do</strong>s<br />

específicos”.<br />

Autora:<br />

Profª. Mafalda Ruiz Domingues.


RESUMO<br />

Inicialmente a pele correspon<strong>de</strong> a 16% <strong>do</strong> peso corporal e exerce várias funções. A<br />

seguir, fizemos uma breve explanação <strong>de</strong> como é formada as camadas da pele.<br />

Logo mostra como se forma a melanina nas células da pele. Posteriormente o ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>de</strong>rmatológico o <strong>de</strong>terminismo genético da pigmentação cutânea não é bem<br />

conheci<strong>do</strong>. Com isso, a <strong>de</strong>rmatologia utiliza uma classificação para cada cor <strong>de</strong> pele.<br />

Aponta também, as particularida<strong>de</strong>s estruturais, biológicas e funcionais da pele<br />

negra. Finalmente <strong>de</strong>staca como a importância <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> FPS na prevenção <strong>do</strong><br />

câncer <strong>de</strong> pele e <strong>do</strong> envelhecimento. Explican<strong>do</strong> a diferença que existem entre os<br />

<strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> raios ultravioletas raios UVA e UVB. Neste contexto a intenção foi <strong>de</strong><br />

ressaltar que to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> pele in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua tonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem e<br />

precisam o uso <strong>de</strong> protetor solar.<br />

Palavras chaves: Pele; pigmentação; protetor solar; raios ultravioletas UVA e UVB.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 01 - Epi<strong>de</strong>rme corada com ricrômio <strong>de</strong> Masson, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> as suas<br />

diferentes camadas: C – Camada Córnea; G – Camada Granulosa; S – Camada<br />

Espinhosa; B – Camada Basal; D – Derme ............................................................... 13<br />

Figura 02 - Classificação <strong>do</strong> fototipos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Fitzpatrick ............................... 17<br />

Figura 03 – Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração <strong>do</strong>s raios solares ao nível da pele ............... 24


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 - Classificação <strong>do</strong> fototipo <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Fitzpatrick.................................. 18<br />

Tabela 02 - Tipos <strong>de</strong> pele e o FPS a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para cada tipo .................................... 29


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9<br />

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 10<br />

2.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 10<br />

2.2. Objetivos específicos ................................................................................... 10<br />

3. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ........................................................................ 11<br />

3.1. Pele ................................................................................................................. 11<br />

3.1.1. Camadas da pele ........................................................................................ 11<br />

3.1.2. Tipos <strong>de</strong> pele .............................................................................................. 13<br />

3.1 3. Funções da pele ......................................................................................... 14<br />

3.2. Diferenças raciais e etnias ........................................................................... 15<br />

3.3. Fotoproteção ................................................................................................. 22<br />

3.4. Filtros solares ................................................................................................ 26<br />

3.4.1. Formulações <strong>de</strong> protetores solares.......................................................... 27<br />

3.4.2. Fator <strong>de</strong> proteção solar ............................................................................. 28<br />

4. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 31<br />

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 33


9<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A pele é consi<strong>de</strong>rada um <strong>do</strong>s órgãos mais complexos, sen<strong>do</strong> o maior <strong>do</strong><br />

corpo humano. É o principal órgão <strong>de</strong> comunicação com o meio externo, ten<strong>do</strong><br />

muitas funções essenciais, como proteção, termo-regulação, resposta aos estímulos<br />

imunológicos, <strong>de</strong>tecção sensorial e comunicação social e sexual.<br />

As pessoas <strong>de</strong> pele negra representam à maioria da população <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, ainda assim, na literatura é limita<strong>do</strong> sobre as características das pessoas<br />

com esta característica. Ao longo das últimas décadas, vários grupos vêm tentan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>cifrar as diferenças, estruturas, funções nas diferentes origens étnicas e tipos <strong>de</strong><br />

pele. A mais óbvia diferença refere-se à cor da pele, que é <strong>do</strong>minada pela presença<br />

da melanina.<br />

Atualmente existe uma gran<strong>de</strong> preocupação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>rmatologistas e <strong>do</strong>s<br />

meios <strong>de</strong> comunicação, principalmente na estação mais quente, que é o verão, com<br />

a fotoproteção da pele. Há uma importância <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> protetores solar, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> os<br />

riscos que os raios UVA e UVB causam à pele, principalmente para as pessoas <strong>de</strong><br />

pele mais clara. Ao contrário das pessoas com hiperpigmentação que não são<br />

mencionadas para este tipo <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s.<br />

Desta forma, o presente trabalho tem como justificativa estudar as<br />

diferentes características da pele humana e, buscar esclarecer a necessida<strong>de</strong> ou<br />

não <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s com a proteção da pele negra, assim como acontece com as<br />

pessoas <strong>de</strong> pele clara.


10<br />

2. OBJETIVOS<br />

2.1. Objetivo Geral<br />

Estudar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fotoproteção pela pele negra.<br />

2.2. Objetivos específicos<br />

a) Estudar a fisiologia da pele humana;<br />

b) Estudar as diferenças raciais em relação a pele;<br />

c) Estudar a importância da fotoproteção para a pele humana;<br />

d) Estudar se a pele negra precisa <strong>de</strong> fotoproteção.


11<br />

3. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO<br />

3.1. Pele<br />

A pele é o órgão que envolve o corpo <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> seu limite com o meio<br />

externo. Correspon<strong>de</strong> a 16 % <strong>do</strong> peso corporal e exerce diversas funções, como:<br />

regulação térmica, <strong>de</strong>fesa orgânica, controle <strong>do</strong> fluxo sanguíneo, proteção contra<br />

diversos agentes <strong>do</strong> meio ambiente e funções sensoriais (calor, frio, pressão, <strong>do</strong>r e<br />

tato). É o único órgão que apresenta <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> envelhecimento: o cronológico ou<br />

intrínseco comum a to<strong>do</strong>s os outros órgãos, relaciona<strong>do</strong> com a ida<strong>de</strong>; e o<br />

envelhecimento causa<strong>do</strong> por fatores ambientais, principalmente pelo sol, chama<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> fotoenvelhecimento. (AZULAY; AZULAY; 2004).<br />

3.1.1. Camadas da pele<br />

Sua formação possui três camadas distintas: epi<strong>de</strong>rme, <strong>de</strong>rme e<br />

hipo<strong>de</strong>rme, da mais externa para a mais profunda, respectivamente. (SAMPAIO;<br />

RIVITI; 2001).<br />

A epi<strong>de</strong>rme é a camada mais externa, constituída por células<br />

diferenciadas, como queratinócitos, que se dispõe em quatro ou cinco camadas e<br />

produzem a proteína queratina. Sen<strong>do</strong> que, a queratina é uma proteína fibrosa e<br />

dura que ajuda a proteger a pele e os teci<strong>do</strong>s subjacentes <strong>do</strong> calor, microrganismos<br />

e substâncias químicas. Os queratinócitos também produzem grânulos lamelares,<br />

que liberam uma substância sela<strong>do</strong>ra hidrorrepelente. As células <strong>de</strong> Langerhans que<br />

participam das respostas imunes preparadas contra os microrganismos que inva<strong>de</strong>m<br />

a pele. Essas células são facilmente danificadas pela radiação ultravioleta (UV).<br />

Cerca <strong>de</strong> 8 % das células epidérmicas são melanócitos, que produzem o pigmento<br />

melanina. Suas projeções longas e <strong>de</strong>lgadas se esten<strong>de</strong>m entre queratinócitos, para<br />

os quais transferem os grânulos <strong>de</strong> melanina. A melanina é um pigmento marromescuro<br />

que contribui para a cor da pele e absorve a luz UV prejudicial. Ainda que os


12<br />

queratinócitos ganhem alguma proteção <strong>do</strong>s grânulos <strong>de</strong> melanina, os próprios<br />

melanócitos são especialmente suscetíveis ao dano causa<strong>do</strong> pela luz UV. Também<br />

é constituída por epitélio estratifica<strong>do</strong>, cuja espessura apresenta variações<br />

topográficas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0,04 mm nas pálpebras até 1,6 mm nas regiões palmo-plantares.<br />

Formada por cinco camadas celulares que, <strong>do</strong> centro para a periferia, são: estrato<br />

germinativo ou camada basal, estrato espinhoso, estrato granuloso, estrato lúci<strong>do</strong> e<br />

estrato córneo (Figura 01). É na camada basal, on<strong>de</strong> ocorrem as divisões celulares<br />

através das mitoses, ten<strong>do</strong> papel fundamental na regeneração da epi<strong>de</strong>rme. Na<br />

camada espinhosa, possui ainda, mas em menor número, células com ativida<strong>de</strong><br />

mitótica. Nesta camada os queratinócitos são caracteriza<strong>do</strong>s por apresentar<br />

expansões citoplasmáticas que contém tolofilamentos <strong>de</strong> queratina. Apresentam<br />

também aspecto <strong>de</strong> “células com espinhos” que a caracteriza. A camada granulosa<br />

possui grãos <strong>de</strong> queratoialina (pre<strong>curso</strong>ra <strong>de</strong> uma proteína, a filagrina), que aumenta<br />

a resistência da queratina e que se <strong>de</strong>compõe numa mistura <strong>de</strong> aminoáci<strong>do</strong>s, dan<strong>do</strong><br />

origem ao fator <strong>de</strong> hidratação natural (natural moisturizing factor). Já na camada<br />

clara ou estrato lúci<strong>do</strong>, as células são achatadas dispostas sobre um ou <strong>do</strong>is<br />

estratos, e contêm uma substância lipídica: a eleidina. E a camada córnea,<br />

compreen<strong>de</strong> células completamente queratinizadas, sem núcleo. A filagrina,<br />

sintetizada na camada granulosa sob a forma <strong>de</strong> profilagrina, <strong>de</strong>grada-se na camada<br />

córnea e participa da formação <strong>de</strong> pequenas moléculas hidrossolúveis como:<br />

aminoáci<strong>do</strong>s, uréia, áci<strong>do</strong>s pirrolidônico carboxílico (PCA), áci<strong>do</strong> úrico e áci<strong>do</strong> lático,<br />

que fazem parte <strong>do</strong> fator <strong>de</strong> hidratação natural. Já a <strong>de</strong>rme ou cório, é a camada<br />

intermediária, constituída por fibras <strong>de</strong> colágeno, elastina e reticulina. Promove a<br />

flexibilida<strong>de</strong>, elasticida<strong>de</strong> da pele e mantém a homeostase. Esta camada é bem<br />

vascularizada e inervada, e é on<strong>de</strong> se encontram também as glândulas su<strong>do</strong>ríparas,<br />

sebáceas e os folículos pilosos. E a hipo<strong>de</strong>rme, é a camada mais profunda e<br />

constituída <strong>de</strong> células adiposas. Consi<strong>de</strong>rada um isolante térmico, cuja ativida<strong>de</strong> é<br />

basicamente amortizar traumas físicos ou mecânicos e atuar como reservatório <strong>de</strong><br />

gordura (função energética). (SAMPAIO; RIVITI; 2001. TORTORA; GRABOWSKI;<br />

2006).


13<br />

Figura 01 - Epi<strong>de</strong>rme corada com ricrômio <strong>de</strong> Masson,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> as suas diferentes camadas: C – Camada<br />

Córnea; G – Camada Granulosa; S – Camada Espinhosa; B –<br />

Camada Basal; D – Derme.<br />

Fonte: Mace<strong>do</strong>, 2001.<br />

3.1.2. Tipos <strong>de</strong> pele<br />

A pele varia <strong>de</strong> pessoa para pessoa, assim convencionou-se dividi-las em:<br />

Normal ou eudérmica: pele i<strong>de</strong>al, secreções equilibradas. Pele lipídica ou oleosa:<br />

espessura aumentada, pH áci<strong>do</strong>, aspecto oleoso e com brilho intenso. Pele seca ou<br />

alípica: secreção sebácea insuficiente, pessoas <strong>de</strong> pele muito clara, fina e sensível,<br />

frágil e facilmente irritável. Pele mista: pele oleosa na zona T, restante aspecto<br />

resseca<strong>do</strong>. (RIBEIRO; 2006).


14<br />

3.1 3. Funções da pele<br />

A pele tem como principal função a proteção, que é exercida das mais<br />

diversas maneiras contra as agressões <strong>do</strong> meio exterior. Tem uma resistência<br />

relativa aos agentes mecânicos, por sua capacida<strong>de</strong> moldável e elástica (fibras<br />

colágenas, elásticas e hipo<strong>de</strong>rme). No senti<strong>do</strong> físico, essa proteção se faz pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, através <strong>de</strong> seu sistema melânico, impedir e absorver as radiações<br />

ultravioletas e, até mesmo, ionizantes (parcialmente). (AZULAY; AZULAY; 2004).<br />

A melanina, o caroteno e a hemoglobina são três pigmentos que<br />

conferem uma ampla gama <strong>de</strong> cores à pele. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melanina é<br />

responsável pela variação da cor da pele, <strong>do</strong> amarelo-claro, ao bronzea<strong>do</strong> e ao<br />

preto. A biossíntese da melanina ocorre no interior da unida<strong>de</strong> metabólica <strong>do</strong>s<br />

melanócitos, que são mais abundantes na epi<strong>de</strong>rme <strong>do</strong> pênis, nos mamilos<br />

mamários e na área que os circundam (aréolas), face e membros, estan<strong>do</strong> também<br />

presentes nas túnicas mucosas. Uma vez que o número <strong>de</strong> melanócitos é quase o<br />

mesmo em todas as pessoas, as diferenças na cor da pele são <strong>de</strong>vidas<br />

essencialmente à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pigmento que os melanócitos produzem e<br />

transferem para os queratinócitos. Em algumas pessoas, a melanina se acumula em<br />

manchas <strong>de</strong>nominadas sardas. (TORTORA; GRABOWSKI; 2006).<br />

A exposição à luz UV estimula a produção <strong>de</strong> melanina, que aumenta em<br />

quantida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor, dan<strong>do</strong> à pele uma aparência bronzeada e,<br />

adicionalmente, protegen<strong>do</strong> o corpo contra a radiação UV. Desse mo<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

certos limites, a melanina tem uma função protetora. Todavia, a exposição repetida<br />

da pele à luz UV po<strong>de</strong> causar câncer <strong>de</strong> pele. O bronzea<strong>do</strong> é perdi<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os<br />

queratinócitos que contêm melanina são <strong>de</strong>scama<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estrato córneo.<br />

(TORTORA; GRABOWSKI; 2006).<br />

A pele também possui função <strong>de</strong> regulação da temperatura corporal, on<strong>de</strong><br />

contribui para a regulação homeostática da temperatura corporal, liberan<strong>do</strong> o suor<br />

em sua superfície e ajustan<strong>do</strong> o fluxo sanguíneo da <strong>de</strong>rme. Os lipídios libera<strong>do</strong>s<br />

pelos grânulos lamelares retardam a evaporação da água da superfície da pele,<br />

protegen<strong>do</strong> assim, o corpo da <strong>de</strong>sidratação. O sebo impe<strong>de</strong> os pêlos <strong>de</strong> ressecarem<br />

e contém substâncias bactericidas que eliminam as bactérias das superfícies. O pH<br />

áci<strong>do</strong> da perspiração retarda o crescimento <strong>de</strong> alguns microrganismos.


15<br />

As sensações cutâneas são aquelas que se manifestam na pele, incluin<strong>do</strong><br />

as táteis – toque, pressão, vibração e cócegas – e as térmicas, por exemplo, <strong>de</strong><br />

calor e frio. A <strong>do</strong>r, outra sensação cutânea, é uma indicação <strong>de</strong> dano tecidual<br />

iminente ou real. A excreção e absorção da pele normalmente têm um pequeno<br />

papel. Na excreção, a eliminação <strong>de</strong> substâncias <strong>do</strong> corpo, e na absorção, a<br />

passagem <strong>de</strong> materiais <strong>do</strong> ambiente externo para as células corporais.<br />

A síntese da vitamina D, que é estimulada pela exposição da pele à luz<br />

UV, que após a exposição da pele ao sol a vitamina D é convertida em sua forma<br />

ativa, um hormônio <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> calcitriol, que auxilia a absorção <strong>do</strong> cálcio e <strong>do</strong><br />

fósforo <strong>do</strong> trato gastrintestinal para o sangue. (SAMPAIO; RIVITI; 2001. TORTORA;<br />

GRABOWSKI; 2006).<br />

3.2. Diferenças raciais e etnias<br />

O conceito relativo a “raças humanas” compreen<strong>de</strong> as diferenças<br />

morfológicas entre os povos. Cada raça tem características particulares (cor da pele,<br />

tipo <strong>do</strong> cabelo, conformação cranial e facial, ancestralida<strong>de</strong>, genética, etc.),<br />

<strong>de</strong>senvolvidas num processo <strong>de</strong> adaptação a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço geográfico e<br />

ecossistema ao longo <strong>de</strong> várias gerações. Do ponto <strong>de</strong> vista biológico, porém, raças<br />

humanas não existem, existe apenas o Homo-sapiens – a espécie humana. O termo<br />

raça é construção racial e divi<strong>de</strong> a humanida<strong>de</strong> em cinco categorias: caucasói<strong>de</strong>:<br />

europeus, os povos <strong>do</strong> Oriente Médio e na Índia. Os mongolói<strong>de</strong>s: oriente asiático,<br />

in<strong>do</strong>nésios, polinésios, micronesianos, ameríndios, e os esquimós. Os australói<strong>de</strong>s:<br />

aborígenes, melasianos, tribos indígenas. Os negrói<strong>de</strong>s: negros africanos, africanos<br />

americanos e africanos <strong>do</strong> Caribe. E os capói<strong>de</strong>: tribos africanas. O conceito <strong>de</strong> raça<br />

é associa<strong>do</strong> ao <strong>de</strong> etnia, diferin<strong>do</strong>-se, entretanto, pelo fato <strong>de</strong> um grupo étnico ser<br />

uma comunida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong>finida por afinida<strong>de</strong>s lingüísticas e culturais, e<br />

semelhanças genéticas. (ALCHORNE; ABREU; 2008. RAWLINGS, 2005).<br />

Enquanto nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s negro é to<strong>do</strong> aquele que tem um ancestral<br />

negro (mesmo em ponto remoto da árvore genealógica), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tom da<br />

pele, no Brasil, levam-se em conta a cor da pele e a aparência física, não a<br />

ancestralida<strong>de</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, a população brasileira se divi<strong>de</strong> em: brancos, pretos,


16<br />

par<strong>do</strong>s, amarelos e indígenas. O termo par<strong>do</strong> aplica-se ao fruto da miscigenação<br />

entre índios, branco e negro, ou seja, pessoas com ancestralida<strong>de</strong> indígena,<br />

européia e africana. O Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE)<br />

consi<strong>de</strong>ram os par<strong>do</strong>s negros, sen<strong>do</strong>, portanto, a população negra no Brasil a soma<br />

<strong>de</strong> par<strong>do</strong>s e pretos. (ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

Devi<strong>do</strong> ao alto grau <strong>de</strong> miscigenação da população brasileira, há pouca<br />

precisão em i<strong>de</strong>ntificar quem po<strong>de</strong> ser chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> negro, prevalecen<strong>do</strong> para fins<br />

estatísticos o critério da auto<strong>de</strong>claração. A última Pesquisa Nacional por Amostra <strong>de</strong><br />

Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE em 2005, apontou que a população<br />

brasileira é composta por 93.096 milhões <strong>de</strong> brancos, 79.782 milhões <strong>de</strong> par<strong>do</strong>s,<br />

12.908 milhões pretos, 919 mil amarelos e 519 mil indígenas. Em relação ao censo<br />

<strong>de</strong> 2000, o número <strong>de</strong> par<strong>do</strong>s aumentou <strong>de</strong> 38,5% para 42,6%, e o <strong>de</strong> pretos <strong>de</strong><br />

6,2% para 6,9%. Desse mo<strong>do</strong>, a população negra <strong>do</strong> Brasil alcança, atualmente, o<br />

índice <strong>de</strong> 49,5 % da população total. A composição étnica <strong>do</strong>s brasileiros não é<br />

uniforme por to<strong>do</strong> o país. Devi<strong>do</strong> ao longo fluxo <strong>de</strong> imigrantes europeus para o <strong>sul</strong><br />

<strong>do</strong> Brasil, no século XIX, a maior parte da população nessa região é branca (79,6<br />

%). Na região nor<strong>de</strong>ste, em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> africanos que<br />

trabalhavam nos engenhos <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, o número <strong>de</strong> par<strong>do</strong>s e pretos, 62,5 %<br />

e 7,8 %, respectivamente. Na região norte, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao importante componente<br />

indígena, a maior parte das pessoas é <strong>de</strong> cor parda (69,2%). Nas regiões su<strong>de</strong>ste e<br />

centro-oeste as porcentagens <strong>do</strong>s diferentes grupos étnicos são bastante similares,<br />

haven<strong>do</strong> na região su<strong>de</strong>ste 32,5 % <strong>de</strong> par<strong>do</strong>s, 7,7 % <strong>de</strong> pretos, enquanto na região<br />

centro-oeste 42,6 % da população é composto por par<strong>do</strong>s e 6,9 % por pretos.<br />

(ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

As pessoas <strong>de</strong> pele negra representam à maioria da população <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, ainda assim, na literatura é limita<strong>do</strong> sobre as características das pessoas<br />

com pele hiperpigmentada. Ao longo das últimas décadas, vários grupos vêm<br />

tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cifrar as diferenças, estruturas, funções nas diferentes origens étnicas e<br />

tipos <strong>de</strong> pele. (RAWLINGS, 2005).<br />

A cor da pele, sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>rmatológico e, o <strong>de</strong>terminismo<br />

genético da pigmentação cutânea não é bem conheci<strong>do</strong>. Como não existe um<br />

consenso internacional quanto ao que é “pele negra” (por exemplo, conceitualmente,<br />

um indivíduo negro nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> branco no Brasil), é


17<br />

difícil <strong>de</strong>finir o que é e, qual grupo populacional tem “pele negra”. (ALCHORNE;<br />

ABREU; 2008).<br />

Para tentar uma uniformização, a <strong>de</strong>rmatologia utiliza um sistema <strong>de</strong><br />

classificação para a cor da pele, mas nenhum usa<strong>do</strong> como padronização para a<br />

“pele negra”. O mais usa<strong>do</strong> é o <strong>de</strong> Fitzpatrick, que <strong>de</strong>fine o fototipo (Figura 02;<br />

Tabela 01). Esse sistema <strong>de</strong> classificação foi cria<strong>do</strong> para categorizar a pele branca;<br />

toda pele escura foi classificada inicialmente como fototipo V. Mas, como a pele<br />

escura abrange várias gradações <strong>de</strong> cores, subseqüentemente, foi dividida nos<br />

fototipos IV, V e VI que raramente queimam ou nunca queimam pelo sol e que<br />

facilmente bronzeiam. (ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

Figura 02 - classificação <strong>do</strong> fototipos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Fitzpatrick.<br />

Fonte: Revista Cosmetics & Toiletries, Temática Proteção Solar, mar/2008.


18<br />

Tabela 1: Classificação <strong>do</strong> fototipo <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Fitzpatrick. *<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

pele<br />

Reação à exposição solar<br />

Cor da pele<br />

I Queima facilmente, nunca bronzeia Branca<br />

II Queima facilmente, levemente bronzeia Branca<br />

III<br />

Queima mo<strong>de</strong>radamente, bronzea<strong>do</strong><br />

uniforme<br />

Branca<br />

IV Queimadura mínima, bronzea<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> Morena clara<br />

V<br />

VI<br />

Raramente queima bronzea<strong>do</strong> abundante e<br />

escuro<br />

Nunca queima, possui pigmentação<br />

profunda<br />

Morena<br />

Escura<br />

* Classificação baseada nos primeiros 45 – 60 minutos <strong>de</strong> exposição solar após o inverno.<br />

Fonte: Revista Cosmetics & Toiletries, mar - abr 2004.<br />

Entretanto, esse sistema nunca preten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>finir a etnicida<strong>de</strong>. Ele foi<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para <strong>de</strong>finir a resposta <strong>de</strong> tipos diferentes <strong>de</strong> pele à luz UV, através <strong>de</strong><br />

queimadura ou <strong>de</strong> bronzeamento. Um sistema <strong>de</strong> classificação basea<strong>do</strong> na<br />

propensão da pele a se tornar hiperpigmentada por estímulo inflamatório e sustentar<br />

essa hiperpigmentação por perío<strong>do</strong> prolonga<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> valor, já que essa<br />

característica é exclusiva da pele pigmentada. (ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

Reconhecen<strong>do</strong> as limitações <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para avaliar<br />

pele clara, que é aplica<strong>do</strong> para avaliar pele <strong>de</strong> outras raças, Kawasa em (1986)<br />

(apud Rawlings, 2005) 1 , adaptou o sistema para melhor categorizar os tipos <strong>de</strong> pele<br />

<strong>de</strong> indivíduos japoneses. Ele criou um sistema <strong>de</strong> classificação em três categorias,<br />

basea<strong>do</strong> no nível <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> à luz ultravioleta. Outros sistemas <strong>de</strong> classificação<br />

<strong>de</strong> pele, basea<strong>do</strong>s em outros fatores que não a radiação UV <strong>de</strong>ve ser encarada. O<br />

Lancer Ethnicity Scale (LES) é um sistema <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para<br />

calcular tempo e eficácia <strong>de</strong> cura em pacientes submeti<strong>do</strong>s a procedimentos<br />

cosméticos químicos ou a laser. A cor da pele <strong>do</strong> paciente é um importante fator a<br />

ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao risco que envolve esses procedimentos. (TAYLOR; 2002).<br />

Indivíduos com pele escura po<strong>de</strong>riam ser mais bem avalia<strong>do</strong>s por um<br />

sistema <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> pele basea<strong>do</strong> em outros critérios que não a sensibilida<strong>de</strong><br />

1 RIENERTSON e WHEATLEY apud RAWLINGS, 2006, p. 28


19<br />

a radiação UV ou eficácia <strong>de</strong> cura. Por exemplo, um sistema <strong>de</strong> classificação<br />

basea<strong>do</strong> na propensão da pele <strong>de</strong> se tornar hiperpigmentada por estímulo<br />

inflamatório e <strong>de</strong> sustentar essa hiperpigmentação por perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s po<strong>de</strong><br />

se tornar válida. Profissionais relaciona<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>rmatologia estão conscientes da<br />

reativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s melanócitos e da tendência <strong>de</strong> hiperpigmentação como<br />

características exclusivas da pele pigmentada. (TAYLOR; 2002).<br />

A pele negra tem suas particularida<strong>de</strong>s estruturais, biológicas e<br />

funcionais. A epi<strong>de</strong>rme, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melanina é maior nos indivíduos negros,<br />

sem diferenças no número <strong>de</strong> melanócitos. Aquela se <strong>de</strong>ve a variações no número,<br />

tamanho e agregação <strong>de</strong> melanossomas. A pele negra tem melanossomas gran<strong>de</strong>s,<br />

não-agrega<strong>do</strong>s, com número aumenta<strong>do</strong> na camada basal e distribuí<strong>do</strong>s por todas<br />

as camadas da epi<strong>de</strong>rme. Já na pele branca, possui melanossomas pequenos e<br />

agrega<strong>do</strong>s, alguns nas camadas basal e malpighiana, estan<strong>do</strong> ausentes nas<br />

camadas superiores da epi<strong>de</strong>rme. A <strong>de</strong>rme não apresenta diferença na espessura<br />

entre negros e brancos, mas parece haver em alguns aspectos celulares. Os<br />

fibroblastos da pele negra são maiores, bi ou multinuclea<strong>do</strong>s, em maior número e<br />

hiperativos, o que, combina<strong>do</strong> à diminuição da ativida<strong>de</strong> da colagenase, po<strong>de</strong><br />

originar a formação <strong>de</strong> quelói<strong>de</strong>, <strong>de</strong> incidência maior em negros. Os feixes <strong>de</strong> fibras<br />

colágenas são menores e dispostos mais paralelamente à epi<strong>de</strong>rme, notan<strong>do</strong>-se<br />

muitas fibrilas colágenas e fragmentos <strong>de</strong> glicoproteínas no interstício dérmico. Os<br />

macrófagos são maiores e mais numerosos, não haven<strong>do</strong> diferenças <strong>de</strong> origem<br />

racial nos mastócitos. (ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

A diferença racial na estrutura <strong>do</strong> estrato córneo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o número<br />

<strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> células <strong>de</strong> corneócitos no estrato córneo, em média, verificou-se que<br />

o estrato córneo da pele negrói<strong>de</strong> contém maior número <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> corneócitos<br />

<strong>do</strong> que a pele caucasiana (média <strong>de</strong> 21.8 versus 16.7 camadas <strong>de</strong> células). Des<strong>de</strong><br />

que não foi encontrada diferença significativa na espessura <strong>do</strong> estrato córneo entre<br />

brancos e negros, verificou-se que as camadas <strong>de</strong> células da pele negrói<strong>de</strong> são mais<br />

compactas, talvez refletin<strong>do</strong> uma maior coesão intercelular. Comparan<strong>do</strong> indivíduos<br />

com tipos <strong>de</strong> pele V e VI aos tipos II e III <strong>de</strong>monstrou-se que aqueles com<br />

pigmentação escura precisam <strong>de</strong> uma lesão maior para que houvesse ruptura da<br />

barreira epitelial, sugerin<strong>do</strong> assim, que o fenótipo mais escuro tinha um maior<br />

número <strong>de</strong> camadas celulares. (RAWLINGS, 2005).


20<br />

Já o tamanho <strong>do</strong>s corneócitos <strong>do</strong> estrato córneo não houve diferenças<br />

entre indivíduos brancos, negros e asiáticos (911, 899 e 909 µm 2 , respectivamente).<br />

Entretanto, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scamação foi maior nos indivíduos negros: 26.500, 11.800,<br />

10.400 corneócitos por cm 2 , ou seja, a <strong>de</strong>scamação espontânea foi aumentada em<br />

aproximadamente 2,5 vezes nos indivíduos negros. Todavia, encontrou-se o oposto,<br />

com um índice maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>scamação em bochechas e fronte <strong>do</strong>s brancos em<br />

comparação com os negros. Segun<strong>do</strong> Manuaskiatti et al, relataram não haver<br />

diferenças na <strong>de</strong>scamação entre mulheres negras e brancas. (RAWLINGS, 2005<br />

apud TAYLOR, 2002).<br />

Análise <strong>do</strong> tamanho, qualida<strong>de</strong> e fenótipo <strong>do</strong>s corneócitos é importante,<br />

pois pequenas células geralmente estão relacionadas com hiperproliferação e a<br />

tendência ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pele seca correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às mudanças nos<br />

níveis lipídicos. Há mais lipídios por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área nos teci<strong>do</strong>s com os menores<br />

corneócitos. O estrato córneo sofre um processo <strong>de</strong> maturação induzida pela enzima<br />

transglutaminase em direção à superfície da pele. O rosto é heterogêneo em<br />

relação ao tipo <strong>de</strong> corneócito que está presente, e um número aumenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> células<br />

é observa<strong>do</strong> na pele seca <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os grupos étnicos. (RAWLINGS, 2005 apud<br />

TAYLOR, 2002).<br />

Os primeiros estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Rienertson e Wheatley em 1959 e Weigand e<br />

colabora<strong>do</strong>res (1974) (apud Rawlings, 2005) 2 , sugeriram que o conteú<strong>do</strong> em lipídios<br />

<strong>do</strong> estrato córneo <strong>de</strong> pele negra é mais alto que o <strong>de</strong> pele branca. Também foi<br />

avaliada a perda hídrica transepidérmica e valores <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> água com<br />

concentrações <strong>de</strong> esfingolipídios e ceramidas na pele <strong>de</strong> negros, brancos, asiáticos<br />

e espânicos. Encontraram diferenças nos valores <strong>de</strong> perda hídrica transepidérmica<br />

entre os quatros grupos étnicos. Em or<strong>de</strong>m crescente, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ceramidas foi<br />

maior em: Asiáticos > Espânicos > Caucasianos > Negros. Os níveis totais <strong>de</strong><br />

ceramidas foram 50% mais baixos no estrato córneo <strong>de</strong> negrói<strong>de</strong>s comparan<strong>do</strong> com<br />

caucasianos e Espânicos (10.7µg mg -1 versus 20.4 e 20 µg mg -1 , respectivamente).<br />

Isso correspon<strong>de</strong> ao mais baixo valor <strong>de</strong> perda hídrica transepidérmica e ao mais<br />

alto valor <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> hídrico para Asiáticos e o contrário para indivíduos negros.<br />

Contu<strong>do</strong>, as diferenças <strong>de</strong> perda hídrica transepidérmica são contraditórias com os<br />

re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s outros, que não encontraram diferenças significativas na perda<br />

2 RIENERTSON e WHEATLEY apud RAWLINGS, 2006, p. 28


21<br />

hídrica transepidérmica entre indivíduos negros, brancos e espânicos <strong>do</strong> norte da<br />

Califórnia. (TAYLOR, 2002).<br />

O câncer <strong>de</strong> pele é menos comum em indivíduos negros, pois o conteú<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> melanina e o padrão <strong>de</strong> dispersão <strong>do</strong>s melanossomos são fatores <strong>de</strong> proteção<br />

para os efeitos carcinogênicos da luz solar. Portanto, a radiação ultravioleta não é<br />

fator relevante para o seu aparecimento, exceto no caso <strong>do</strong> carcinoma basocelular<br />

(CBC), que se <strong>de</strong>senvolve mais em áreas expostas ao sol; a ocorrência <strong>do</strong><br />

carcinoma espinocelular (CEC) e <strong>do</strong> melanoma é maior nas áreas não foto expostas.<br />

Os índices <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> são maiores em indivíduos negros. O CEC é<br />

o mais freqüente, representan<strong>do</strong> 30 % <strong>do</strong>s cânceres em negros. São fatores <strong>de</strong> risco<br />

os processos crônicos cicatriciais, a inflamação crônica, o albinismo, as verrugas<br />

virais, a epi<strong>de</strong>rmodisplasia verruciforme, a imuno<strong>de</strong>pressão e os carcinógenos<br />

químicos, tais como o arsênico e o coaltar. O CBC é o segun<strong>do</strong> câncer cutâneo em<br />

freqüência na pele negra. Apenas cerca <strong>de</strong> 1,8 % <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> CBC ocorrem em<br />

indivíduos negros, sen<strong>do</strong> característica clínica freqüente das lesões a pigmentação<br />

presente em 50 % <strong>do</strong>s casos. Suspeita-se que a presença <strong>de</strong> alterações na<br />

imunida<strong>de</strong> e na vigilância tumoral possa ser fator etiológico importante para o CBC<br />

em indivíduos negros, o que po<strong>de</strong>ria aumentar também o risco <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>s não cutâneas simultâneas. O melanoma é o terceiro, representan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 1 % a 8 % <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s cânceres cutâneos na população negra. É menos<br />

pigmenta<strong>do</strong> e geralmente <strong>de</strong> localização mucosa ou acral (nas palmas, nas plantas e<br />

no leito subungueal). Fatores <strong>de</strong> risco incluem albismo, cicatrizes <strong>de</strong> queimadura,<br />

radioterapia, traumas, imuno<strong>de</strong>pressão e lesões pigmentadas preexistentes<br />

(especialmente nas regiões acral e mucosa). A história familiar não parece ser fator<br />

predisponente. É provável que outros fatores, talvez imunológicos e ambientais,<br />

<strong>de</strong>sempenhem papel no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> melanoma em negros. As causas<br />

possíveis para o prognóstico pior incluem a <strong>de</strong>mora no diagnóstico, a presença<br />

freqüente <strong>de</strong> lesões primárias já mais espessas e os tumores acrais intrinsecamente<br />

mais agressivos. (ALCHORNE; ABREU; 2008)<br />

A fotoproteção, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> melanina e o padrão <strong>de</strong> dispersão <strong>do</strong>s<br />

melanossomas ocasionam envelhecimento cutâneo mais tardio em indivíduos<br />

negros, que costumam ter pele mais firme e mais lisa <strong>do</strong> que a <strong>de</strong> indivíduos<br />

brancos da mesma ida<strong>de</strong>. As alterações histológicas, como dano <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> colágeno<br />

e elástico, aparecem em intensida<strong>de</strong> menor, mas, mesmo assim, recomenda-se


22<br />

fotoproteção quan<strong>do</strong> uma exposição acentuada no trabalho ou no lazer.<br />

(ALCHORNE; ABREU; 2008).<br />

3.3. Fotoproteção<br />

Diferentemente <strong>de</strong> hoje, até o século XIX as pessoas evitavam a<br />

excessiva exposição ao sol. Soma<strong>do</strong> a isso, nesse perío<strong>do</strong>, os estilos <strong>de</strong> vida,<br />

roupas e assessórios utiliza<strong>do</strong>s serviam como meios <strong>de</strong> proteção solar. A pele clara,<br />

ao contrário <strong>do</strong> que se observa hoje, era consi<strong>de</strong>rada i<strong>de</strong>al, bonita e <strong>de</strong>sejável,<br />

enquanto a pele morena era um estigma social. Nesse perío<strong>do</strong> ainda, não havia<br />

conhecimento da associação da luz solar com o câncer <strong>de</strong> pele. As primeiras<br />

formulações <strong>de</strong> protetores solares consistiam <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> petrolato, zinco e óxi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> bismuto. No ano <strong>de</strong> 1928 foi introduzida, no merca<strong>do</strong> americano, uma emulsão<br />

comercial conten<strong>do</strong> <strong>do</strong>is filtros orgânicos, o salicilato <strong>de</strong> benzila e o cianamato <strong>de</strong><br />

benzila. Do início <strong>do</strong> século XX até o final <strong>do</strong>s anos 70 houve uma evolução lenta na<br />

área <strong>de</strong> fooproteção. A partir da década <strong>de</strong> 80 este merca<strong>do</strong> cresceu com o advento<br />

<strong>de</strong> fotoproteção total. Mesmo com esse crescimento, porém, estima-se que apenas<br />

22 % da população brasileira usam filtro solar, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong>s protetores<br />

com alto fator <strong>de</strong> proteção solar. A fotoproteção hoje é recomendada por<br />

<strong>de</strong>rmatologistas como importante na prevenção <strong>do</strong> câncer cutâneo e <strong>do</strong><br />

envelhecimento. Está bastante claro que a radiação ultravioleta (UV) po<strong>de</strong> provocar<br />

na pele queimadura, tanto após a exposição aguda e intensa ao sol, como os efeitos<br />

tardios que a UV po<strong>de</strong> produzir. As pessoas <strong>de</strong> pele, cabelos e olhos claros,<br />

chama<strong>do</strong>s tecnicamente <strong>de</strong> fototipo baixos, estão mais propensas a <strong>de</strong>senvolver<br />

malefícios pela exposição à radiação solar por apresentarem menos melanina para<br />

proteção. A melanina age como um fotoprotetor natural que minimiza os efeitos <strong>do</strong><br />

sol. (RIBEIRO; 2006).<br />

Já as pessoas com fototipos mais alto <strong>de</strong> pele, cabelos e olhos escuros<br />

produzem mais melanina, com isso, os sinais externos <strong>de</strong> envelhecimento que<br />

estamos acostuma<strong>do</strong>s como rugas, manchas na pele e lábios, etc., também são<br />

menos propensos a <strong>de</strong>senvolver câncer <strong>de</strong> pele (TORTORA; GRABOWSKI; 2006).


23<br />

Protetor solar ou filtro solar tem como objetivo proteger a pele da radiação<br />

UV, diminuin<strong>do</strong> as chances <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele. Existem <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> protetor solar:<br />

químicos e físicos. Do ponto <strong>de</strong> vista fisiológico, os filtros químicos agem como a<br />

melanina, absorven<strong>do</strong> a UV. Além disso, este tipo <strong>de</strong> proteção não interfere na<br />

produção <strong>de</strong> vitamina D e, geralmente, são resistentes à água. (SAMPAIO; RIVITTI;<br />

2001).<br />

O sol é essencial para a vida na terra e seus efeitos sobre o homem<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das características individuais da pele exposta, intensida<strong>de</strong>, freqüência e<br />

tempo <strong>de</strong> exposição, que por sua vez <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da localização geográfica, estação<br />

<strong>do</strong> ano, perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia e condição climática. Estes efeitos trazem benefícios ao ser<br />

humano, como sensação <strong>de</strong> bem-estar físico e mental, estímulo à produção <strong>de</strong><br />

melanina com conseqüente bronzeamento da pele, tratamento <strong>de</strong> icterícia (cor<br />

amarela da pele e <strong>do</strong> branco <strong>do</strong>s olhos <strong>de</strong> bebês, causada pelo excesso <strong>de</strong><br />

bilirrubina no sangue), etc., porém, a radiação solar também po<strong>de</strong> causar prejuízos<br />

ao organismo, caso não se tome os <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s quanto à <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação<br />

solar recebida. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).<br />

O espectro solar que atinge a superfície terrestre é forma<strong>do</strong><br />

pre<strong>do</strong>minantemente por radiações ultravioletas (100 – 400 nm), visíveis (400 – 800<br />

nm) e infravermelhas (acima <strong>de</strong> 800 nm). Nosso organismo percebe a presença<br />

<strong>de</strong>stas radiações <strong>do</strong> espectro solar <strong>de</strong> diferentes formas. A radiação infravermelha é<br />

percebida sob a forma <strong>de</strong> calor, a radiação visível através das diferentes cores<br />

<strong>de</strong>tectadas pelo sistema óptico e a radiação ultravioleta (UV) através <strong>de</strong> reações<br />

fotoquímicas. Tais reações po<strong>de</strong>m estimular a produção <strong>de</strong> melanina cuja<br />

manifestação é visível sob a forma <strong>de</strong> bronzeamento da pele, ou po<strong>de</strong> levar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

produção <strong>de</strong> simples inflamações até graves queimaduras. Também, há a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrerem mutações genéticas e comportamentos anormais das<br />

células, cuja freqüência tem aumenta<strong>do</strong> nos últimos anos. A energia da radiação<br />

solar aumenta com a redução <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> onda, assim, a radiação UV é a <strong>de</strong><br />

menor comprimento <strong>de</strong> on<strong>de</strong> e, conseqüentemente, a mais energética, ou seja, a<br />

mais propensa a induzir reações fotoquímicas. Outra consi<strong>de</strong>ração importante diz<br />

respeito à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta radiação permear a estrutura da pele. A radiação UV <strong>de</strong><br />

energia menor penetra mais profundamente na pele e, ao atingir a <strong>de</strong>rme, é<br />

responsável pelo fotoenvelhecimento. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).


24<br />

Da totalida<strong>de</strong> da radiação solar que atinge a terra, apenas 5 %<br />

correspon<strong>de</strong> à UV, no entanto, praticamente to<strong>do</strong>s os efeitos positivos e negativos<br />

<strong>do</strong> sol ao nível da pele são <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a este tipo <strong>de</strong> radiação. (FLOR, DAVOLOS;<br />

CORREA; 2007).<br />

O comprimento <strong>de</strong> on<strong>de</strong> é diretamente proporcional à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

penetração na pele da radiação UV (UVA>UVB), mas inversamente proporcional à<br />

capacida<strong>de</strong> energética (UVA


25<br />

a indução da su<strong>do</strong>rese (com conseqüente formação <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> urocânico) e produção<br />

<strong>de</strong> melanina.<br />

Quan<strong>do</strong> um indivíduo se expõe ao sol, cerca <strong>de</strong> 24 a 36 horas após a<br />

irradiação UV, há uma hiperpigmentação, com conseqüente espessamento da<br />

epi<strong>de</strong>rme, cuja finalida<strong>de</strong> é absorver parte da radiação inci<strong>de</strong>nte. (RAWLINGS,<br />

2005).<br />

A agressão <strong>do</strong> sol é cumulativa e irreversível, capaz <strong>de</strong> produzir<br />

alterações normalmente imperceptíveis aos nossos olhos, tais como induzir a<br />

diversas alterações bioquímicas, inclusive alterações das fibras colágenas e<br />

elásticas, perda <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> adiposo subcutâneo e fotocarcinogênese. A radiação UVB<br />

atua sobre as fibras colágenas, o que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como o primeiro<br />

mecanismo <strong>do</strong> envelhecimento prematuro. Além disso, suspeita-se que a radiação<br />

UVA atue sinergicamente com a UVB, na formação <strong>de</strong> cânceres <strong>de</strong> pele. Os efeitos<br />

nocivos da radiação estão relaciona<strong>do</strong>s diretamente com a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação UV<br />

recebida e indiretamente com a pigmentação. Po<strong>de</strong>m ser dividi<strong>do</strong>s em agu<strong>do</strong>s e<br />

crônicos. Os primeiros são o eritema calórico, a queimadura solar, a<br />

fotossensibilida<strong>de</strong> induzida por drogas e o agravamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, enquanto os<br />

crônicos são o envelhecimento prematuro e o câncer <strong>de</strong> pele. O envelhecimento<br />

prematuro provoca<strong>do</strong> pela exposição ao sol manifesta-se por alterações <strong>do</strong> colágeno<br />

e da elastina, originan<strong>do</strong> atrofia <strong>de</strong> pele e rugas precoces. E também sob a forma <strong>de</strong><br />

lesões pigmentadas, tais como a queratose actínica, uma alteração pigmentária<br />

hiperqueratinizada, que é conhecida como elastose actínica e consi<strong>de</strong>rada como<br />

lesão pré-cancerosa. O câncer <strong>de</strong> pele é o mais comum <strong>do</strong>s problemas malignos da<br />

radiação solar. O espectro <strong>de</strong> absorção para a carcinogênese parece coincidir com o<br />

espectro da forma <strong>de</strong> eritema, ou seja, apresentam espectros semelhantes na faixa<br />

<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 290 a 320 nm. Dos vários tipos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong><br />

pele, somente o carcimona <strong>de</strong> células escamosas foi claramente relaciona<strong>do</strong> à<br />

exposição da radiação ultravioleta, embora outros, como o carcinoma baso-celular<br />

tenha distribuição que apóie o papel indutor da luz solar. O bronzeamento induzi<strong>do</strong><br />

pela radiação UVB confere maior proteção contra o eritema, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao<br />

bronzea<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> pela radiação UVA; porém, as manifestações bioquímicas<br />

re<strong>sul</strong>tantes são idênticas: o nível <strong>de</strong> lesão <strong>do</strong> DNA é o mesmo. (SAMPAIO; RIVITTI;<br />

2001).


26<br />

3.4. Filtros solares<br />

Os filtros solares <strong>de</strong>vem ser compatíveis com os numerosos ingredientes<br />

usa<strong>do</strong>s na formulação, <strong>de</strong>vem ser estáveis e conservar suas proprieda<strong>de</strong>s quan<strong>do</strong><br />

exposta à luz, <strong>de</strong>vem ser inócuos para a pele sadia e <strong>de</strong>vem ser atóxicos. Também<br />

<strong>de</strong>vem apresentar boa relação custo-benefício e fácil processabilida<strong>de</strong>. (RANGEL;<br />

CORREA; 2002).<br />

Enten<strong>de</strong>-se por filtros solares substâncias químicas com proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

absorver, refletir e dispersar a radiação que inci<strong>de</strong> sobre a pele. (OLIVEIRA, D. A. G.<br />

C.; DUTRA, E. A.; SANTORO, M. I. R. M. et al. 2004).<br />

Além da classificação por categoria química os filtros orgânicos po<strong>de</strong>m,<br />

ainda, ser dividi<strong>do</strong>s em lipofílico ou hidrofílicos, sóli<strong>do</strong>s ou líqui<strong>do</strong>s. Uma última<br />

divisão po<strong>de</strong> ser feia levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração o espectro <strong>de</strong> absorção, on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>mos dividir os filtros em absorve<strong>do</strong>res ou refletores/refratores <strong>de</strong> radiação<br />

UVA/UVB. (RIBEIRO; 2006).<br />

Os filtros orgânicos são forma<strong>do</strong>s por moléculas orgânicas capazes <strong>de</strong><br />

absorver a radiação UV (alta energia) e transformá-las em radiações com energias<br />

menores e inofensivas ao ser humano. Já os filtros solares inorgânicos, são<br />

representa<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>is óxi<strong>do</strong>s, óxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> zinco (ZnO) e dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> titânio (TiO 2 ).<br />

Estes filtros solares representam a forma mais segura e eficaz para a proteção da<br />

pele, pois apresentam baixo potencial <strong>de</strong> irritação, sen<strong>do</strong> inclusive, os filtros solares<br />

recomenda<strong>do</strong>s no preparo <strong>de</strong> fotoprotetores para uso infantil e pessoas com pele<br />

sensíveis. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).<br />

Para melhor entendimento, segue as diferenças entre protetor,<br />

bloquea<strong>do</strong>r, bronzea<strong>do</strong>r e autobronzea<strong>do</strong>r: o bloquea<strong>do</strong>r solar é o único que reflete a<br />

luz <strong>do</strong> sol e a impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetrar na pele. Seu maior inconveniente é o estético,<br />

pois, como não é absorvi<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>rme, <strong>de</strong>ixa um visual branco sobre o local<br />

aplica<strong>do</strong>; Normalmente, bloquea<strong>do</strong>r também é encontra<strong>do</strong> na composição <strong>de</strong><br />

protetores solares, cuja combinação é feita a partir <strong>de</strong> um agente químico que<br />

absorve a luz ultravioleta e outro que reflete. O protetor solar tem como tarefa<br />

principal impedir a ação <strong>do</strong> UVA e <strong>do</strong> UVB. Ele absorve os raios solares e impe<strong>de</strong> a<br />

penetração mais intensa na pele. O sol age sobre nossa pele em qualquer horário<br />

<strong>do</strong> dia, mas <strong>de</strong> diferentes maneiras. Assim, o i<strong>de</strong>al é optar por protetores solares que


27<br />

combatam os <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> raios. Quanto mais clara a pele, maior <strong>de</strong>ve ser o fator <strong>de</strong><br />

proteção solar. Acima <strong>do</strong> FPS 15, os protetores também são chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

bloquea<strong>do</strong>res. Os bronzea<strong>do</strong>res têm o objetivo <strong>de</strong> bronzear, esse tipo <strong>de</strong> produto<br />

não apresenta em sua composição filtros <strong>de</strong> raios UVA e UVB. O bronzea<strong>do</strong>r contém<br />

substâncias que estimulam a pigmentação, mesmo que a pessoa não se exponha<br />

ao sol. O simples reflexo da radiação na areia da praia, conheci<strong>do</strong> como mormaço,<br />

já é o suficiente para produzir o efeito espera<strong>do</strong>. Por oferecer baixa proteção, o uso<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> po<strong>de</strong> causar sérias queimaduras na pele. E por fim os autobronzea<strong>do</strong>res,<br />

com eles o bronzea<strong>do</strong> é garanti<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia para noite. A formulação é composta por<br />

substâncias que oxidam as células da camada mais superficial da <strong>de</strong>rme e<br />

produzem um efeito semelhante ao da melanina. A vantagem é que não causa<br />

danos à saú<strong>de</strong>. A maioria <strong>do</strong>s autobronzea<strong>do</strong>res não possui filtros solares,<br />

funcionam como uma maquiagem, por isso, não é aconselha<strong>do</strong> à exposição ao sol<br />

após sua aplicação sem a proteção a<strong>de</strong>quada. (MACEDO; 2001).<br />

3.4.1. Formulações <strong>de</strong> protetores solares<br />

A eficácia <strong>do</strong> produto solar e os re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>s estéticos são influencia<strong>do</strong>s<br />

pela escolha <strong>do</strong> fabricante <strong>do</strong> veículo <strong>de</strong> liberação <strong>do</strong>s ingredientes ativos.<br />

(RIBEIRO; 2006).<br />

Além <strong>de</strong> química, fotoquímica e termicamente inertes os protetores <strong>de</strong>vem<br />

apresentar características como ser atóxico, não ser sensibilizantes, irritante ou<br />

mutagênico, não ser volátil, possuir características solúveis apropriadas, não ser<br />

absorvi<strong>do</strong> pela pele, não alterar sua cor, não manchar a pele e vestimentas, ser<br />

incolor, ser compatível com a formulação e material <strong>de</strong> acondicionamento e ser<br />

estável no produto final. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).<br />

Diversos são os veículos possíveis a serem utiliza<strong>do</strong>s no preparo <strong>de</strong><br />

protetores solares, envolven<strong>do</strong> soluções simples a estruturas complexas como<br />

emulsões. Os principais veículos emprega<strong>do</strong>s para preparações <strong>de</strong> fotoprotetores<br />

po<strong>de</strong>m ser: loções e cremes: são para pessoas com pele normal e oleosa, as loções<br />

ten<strong>de</strong>m a serem as preferidas por apresentarem menor viscosida<strong>de</strong>, por espalharem<br />

com mais facilida<strong>de</strong> e serem menos oleosas. A pele mista também é adaptável a


28<br />

loções, mas pacientes com peles secas dão preferência aos cremes. Esses produtos<br />

constituem os protetores solares i<strong>de</strong>ais, pois a maioria <strong>do</strong>s ingredientes ativos po<strong>de</strong><br />

ser introduzida na fase lipídica <strong>de</strong> uma emulsão. Os produtos com FPS mais alto,<br />

entretanto, contêm mais fotoprotetores lipofílicos, geran<strong>do</strong> uma sensação oleosa<br />

mais forte. (RIBEIRO; 2006).<br />

É claro que há vários tipos <strong>de</strong> formulações são comercializa<strong>do</strong>s e<br />

escolhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as preferências individuais, mas para ser utiliza<strong>do</strong> para a<br />

pele negra seriam as loções e/ou cremes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao tipo <strong>de</strong> pele sen<strong>do</strong> geralmente<br />

oleosa. (FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. 2004).<br />

3.4.2. Fator <strong>de</strong> proteção solar<br />

O conceito <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> proteção solar (FPS) surgiu na década <strong>de</strong> 60 e foi<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Food and Drugs Administration (FDA) em 1978. Atualmente, há uma<br />

meto<strong>do</strong>logia padronizada não apenas para <strong>de</strong>terminar o FPS <strong>de</strong> um produto, mas<br />

também para indicá-lo para cada tipo <strong>de</strong> pele. (MACEDO; 2001).<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> por exemplo, as localizações geográficas, estações <strong>do</strong> ano,<br />

condições climáticas e perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia, uma pessoa <strong>de</strong> pele clara que po<strong>de</strong> ficar 20<br />

minutos exposta ao sol sem protetor solar, po<strong>de</strong>rá ficar 300 minutos exposta ao sol<br />

com um protetor <strong>de</strong> FPS igual a 15, pois 20 x 15 = 300. Quanto maior o FPS maior<br />

será a proteção da pele. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).<br />

Para enten<strong>de</strong>r melhor o conceito <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> proteção solar é necessário<br />

conhecer o conceito <strong>de</strong> <strong>do</strong>se eritematosa mínima (DEM), a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação solar<br />

capaz <strong>de</strong> produzir um eritema mínimo na pele, expresso em minutos. Os múltiplos<br />

<strong>de</strong> DEM são capazes <strong>de</strong> produzir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma <strong>do</strong>r aguda até a formação <strong>de</strong> bolhas.<br />

Seu padrão é um eritema com bordas bem marcadas, e com esse da<strong>do</strong> é realiza<strong>do</strong><br />

um méto<strong>do</strong> in vivo, pelo qual se <strong>de</strong>termina a razão entre DEM sem proteção (ao<br />

natural) e o produto a ser testa<strong>do</strong>. (MACEDO; 2001).<br />

FPS =<br />

DEM na pele com anti-solar<br />

DEM na pele sem anti-solar


29<br />

A tentativa <strong>de</strong> relacionar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um filtro solar e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia necessária para produzir uma DEM originou uma escala <strong>de</strong>nominada FPS.<br />

De uma forma simplificada, o FPS é o fator multiplicativo <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> exposição ao<br />

ultravioleta em relação à proteção dada por um filtro solar. A escala <strong>do</strong> FPS po<strong>de</strong> ser<br />

resumida da seguinte forma: (Tabela 02).<br />

Tabela 02: Tipos <strong>de</strong> pele e o FPS a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para cada tipo:<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

pele<br />

Pele Clara<br />

Pele<br />

morena<br />

Clara<br />

Pele Morena<br />

Pele Negra<br />

Sem<br />

protetor<br />

10 minutos 15 minutos 20 minutos 25 minutos<br />

FPS 03 30 minutos 45 minutos 1 hora 1h 15 minutos<br />

FPS 05 50 minutos<br />

1h 15 1h 40<br />

minutos minutos<br />

2h 05 minutos<br />

FPS 08<br />

1h 20<br />

2h 40<br />

2 horas<br />

minutos<br />

minutos<br />

3h 20 minutos<br />

FPS15<br />

2h 30 3h 45<br />

minutos minutos<br />

5 horas 6h 15 minutos<br />

FPS 20<br />

3h 20<br />

6h 40<br />

5 Horas<br />

minutos<br />

minutos<br />

8h 20 minutos<br />

FPS 30 5 horas<br />

7 h 30<br />

minutos<br />

10 horas 12h 30 minutos<br />

Fonte: Mace<strong>do</strong>, 2001.<br />

Há pessoas que acreditam que os filtros solares somente precisam ser<br />

usa<strong>do</strong>s durante a exposição direta ao sol, e na verda<strong>de</strong> o sol não escolhe dia ou<br />

hora para atingir a pele. Mesmo em dias nubla<strong>do</strong>s e chuvosos a luz solar atravessa<br />

as nuvens, e <strong>de</strong> 70 a 80 % <strong>do</strong>s raios solares po<strong>de</strong>m atingir a pele. Inclusive nas<br />

pessoas <strong>de</strong> pele negra que não tem o menor hábito <strong>de</strong> cuidarem <strong>de</strong> suas peles por<br />

não serem informadas que por mais que tenham uma proteção natural oferecida<br />

pela melanina também precisam usar protetor solar. (OLIVEIRA; DUTRA;<br />

SANTORO, et al ; 2004).<br />

Estes produtos têm a vantagem <strong>de</strong> formar filme totalmente transparente<br />

após a aplicação. (OLIVEIRA; DUTRA; SANTORO et al, 2004).<br />

Um protetor solar i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>ve apresentar algumas características:<br />

pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> agentes fotoprotetores físicos, para diminuir as reações <strong>de</strong> irritação e<br />

alergias que os químicos possam acarretar; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver as radiações


30<br />

ultravioletas; ser estável, não se alterar com a luz e calor. Ser <strong>de</strong> preferência<br />

ino<strong>do</strong>ro; ser insolúvel em água, para assegurar maior permanência na pele frente ao<br />

suor, banhos <strong>de</strong> mar e <strong>de</strong> piscina; ter espalhamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong><br />

sobre a pele; não manchar a pele e vestimentas; ter inocuida<strong>de</strong>. (OLIVEIRA;<br />

DUTRA; SANTORO; et al, 2004).<br />

Há uma gran<strong>de</strong> preocupação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>rmatologistas e <strong>do</strong> meio <strong>de</strong><br />

comunicação enfatizan<strong>do</strong> a importância d utilização <strong>de</strong> proteção solar somente para<br />

as pessoas com fototipo baixo. Com isso, faz com que as pessoas com<br />

hiperpigmentação não cuidam <strong>de</strong> sua pele da mesma forma, por acharem que por<br />

ter uma pele mais escura, e pelo fato <strong>de</strong> não haver uma conscientização no meio em<br />

geral não precisarem fazer uma fotoproteção. (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007).<br />

No Brasil, a análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s das campanhas <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong><br />

pele, promovidas pela Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Dermatologia <strong>de</strong> 1999 a 2005,<br />

evi<strong>de</strong>nciou 17.980 casos (8,7%) <strong>de</strong> diferentes tipos câncer <strong>de</strong> pele em meio aos 205,<br />

869 indivíduos examina<strong>do</strong>s. A proporção <strong>de</strong> câncer nos indivíduos negros foi <strong>de</strong> 5%<br />

(1,6% nos com pele mais escura e 3,4% nos com a pele um pouco mais clara)<br />

contra 3,2% nos amarelos e 12,7% nos brancos. Com relação ao melanoma, a<br />

heterogeneida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> pele da população brasileira torna sua epi<strong>de</strong>miologia<br />

variável, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a região estudada. Além disso, levan<strong>do</strong>-se em conta grupos<br />

sociais diferentes, um estu<strong>do</strong> verificou que a freqüência <strong>de</strong> melanoma na casuística<br />

assistencial (maioria da população brasileira0 é significativamente maior em<br />

pacientes não brancos, em faixa etária mais elevada, com percentagem alta <strong>de</strong><br />

melanoma acrolentiginoso, enquanto na casuística da clínica privada a <strong>do</strong>ença<br />

pre<strong>do</strong>mina em indivíduos brancos, em faixa etária não elevada, com pequena<br />

percentagem <strong>de</strong> melanoma acrolentiginoso. Isso sugere que a epi<strong>de</strong>miologia <strong>do</strong><br />

melanoma cutâneo no Brasil, em população acima <strong>de</strong> 50 anos, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>corrente<br />

da diferença racial e étnica em relação aos países <strong>de</strong> população pre<strong>do</strong>minante<br />

branca. (ALCHORNE; ABREU, 2008).<br />

Para to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> pele, em maior ou menor escala, estão sujeitos às<br />

queimaduras, por isso necessitam <strong>de</strong> uma proteção efetiva. Alguns especialistas<br />

sugerem o uso <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong> proteção solar acima <strong>de</strong> 15, mesmo para peles mais<br />

escuras. (RAWLINGS, 2005).


31<br />

4. CONCLUSÃO<br />

To<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> pele, em maior ou menor escala, estão sujeitos a<br />

ardência, <strong>de</strong>scamação, ressecamento e queimaduras, por isso precisam <strong>de</strong> uma<br />

proteção efetiva. Alguns especialistas sugerem o uso <strong>de</strong> filtros com fator <strong>de</strong> proteção<br />

solar acima <strong>de</strong> 15, mesmo para as pessoas com a pele mais hiperpigmentadas. O<br />

motivo é que esses filtros dão uma proteção quase completa contra os raios UVB e<br />

permitem o bronzeamento progressivo <strong>de</strong> uma maneira mais segura.<br />

Apesar <strong>de</strong> suas particularida<strong>de</strong>s estruturais, biológicas e funcionais a pele<br />

negra contém maior número <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> corneócitos <strong>do</strong> que a pele branca. Não<br />

chega a ser uma diferença significativa na espessura <strong>do</strong> estrato córneo entre<br />

brancos e negros, mas, sim, camadas <strong>de</strong> células da pele negra sen<strong>do</strong> mais<br />

compactas ou talvez uma coesão intercelular maior.<br />

O tamanho <strong>do</strong>s corneócitos <strong>do</strong> estrato córneo não tem diferença entre<br />

pessoas <strong>de</strong> pele negra ou branca, mas a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scamação foi maior na pele<br />

negra. A importância da análise <strong>do</strong> tamanho, qualida<strong>de</strong> e fenótipo <strong>do</strong>s corneócitos é<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às pequenas células que geralmente estão relacionadas com<br />

hiperproliferação ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim, ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pele seca alteran<strong>do</strong><br />

os níveis lipídicos. Com isso, o estrato córneo sofre uma maturação induzi<strong>do</strong> pela<br />

enzima transglutaminase em direção a superfície da pele.<br />

Em uma or<strong>de</strong>m crescente foi avalia<strong>do</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ceramidas entre os<br />

quatro grupos étnicos. Nesta escala, os negrói<strong>de</strong>s tiveram os níveis totais <strong>de</strong><br />

ceramidas no estrato córneo 50% mais baixo <strong>do</strong> que os outros grupos.<br />

O câncer <strong>de</strong> pele é incomum, pois, as pessoas que possuem pele negra<br />

têm a vantagem em relação às pessoas <strong>de</strong> pele mais clara na hora <strong>de</strong> se exporem<br />

ao sol: a alta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melanina existente na epi<strong>de</strong>rme, que funciona como um<br />

filtro solar natural aumenta a resistência cutânea para algumas <strong>do</strong>enças, como o<br />

câncer <strong>de</strong> pele. Mas isso não é <strong>de</strong>sculpa para ter menos cuida<strong>do</strong> com a proteção<br />

solar. É importante lembrar que o protetor solar seja <strong>de</strong> amplo espectro, ou seja,<br />

proteção contra UVB e UVA.<br />

A pele negra tem uma maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar melanina, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos<br />

melanossomas que são gran<strong>de</strong>s, não-agrega<strong>do</strong>s, com número aumenta<strong>do</strong> na<br />

camada basal e distribuí<strong>do</strong>s por todas as camadas da epi<strong>de</strong>rme. O que lhes


32<br />

conferem maior proteção natural.<br />

Assim, enten<strong>de</strong>-se que a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> medidas fotoprotetoras,<br />

como o uso <strong>de</strong> protetores solares é uma realida<strong>de</strong> indiscutível. Precisa-se fazer com<br />

que esta preocupação com a proteção com a pele seja feita para to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong><br />

pele in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ser <strong>do</strong> fototipo baixo ou alto, pois ambos estarão propensos as<br />

<strong>do</strong>enças causadas pela falta <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> e, principalmente, pela falta <strong>de</strong> informação<br />

<strong>do</strong>s especialistas na área e pelos meios <strong>de</strong> comunicação.


33<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALCHORNE, M. M. A.; ABREU, M. A. M. M.. Dermatologia na pele negra. Anais<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Dermatologia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 83, n. 1, p. 7-20, jan. /fev. 2008.<br />

Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2008.<br />

AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.. Dermatologia. 3 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara<br />

Koogan, 2004.<br />

BAUMANN, L.. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Revinter, 2004.<br />

CRAVO, M; MORENO, A; TELLECHEA, O. et al. Fotoproteção na criança. Acta<br />

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FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A.. Protetores solares. Química Nova,<br />

São Paulo, v. 30, n. 1, p. 153 -158, jan./fev. 2007. Disponível em:<br />

. Acesso em:<br />

08 jun. 2009.<br />

INCA. Estimativa da incidência <strong>de</strong> câncer no Brasil para 2008: região <strong>sul</strong>. 2008.<br />

Disponível em: . Acesso em:<br />

22 nov. 2008.<br />

INMETRO. Protetor solar. Disponível em:<br />

. Acesso em: 23 nov.<br />

2008.<br />

MACEDO, O. R.. Segre<strong>do</strong>s da boa pele: preservação e correção. 2. ed. São Paulo:<br />

SENAC São Paulo, 2001.<br />

OLIVEIRA, D. A. G. C.; DUTRA, E. A.; SANTORO, M. I. R. M. et al. Protetores<br />

solares, radiação e pele. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v. 16, n. 2, p.68-72,<br />

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Paulo, v. 14, n. 6, p. 88-95, nov./<strong>de</strong>z. 2002.


34<br />

RAWLINGS A. V. Ethnic skin types: are there differences in skin structure and<br />

function International Journal of Cosmetic Science, 2006, 28, 79–93.<br />

RIBEIRO, C. J. Cosmetologia aplicada a <strong>de</strong>rmoestética. São Paulo:<br />

Pharmabooks, 2006.<br />

SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A.. Dermatologia. 2 ed.São Paulo: Artes Médicas,<br />

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TAYLOR, S. C.. Skin of color: biology, scrutucture, function, and implications for<br />

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Iorque, v. 46, n. 2, supp. 2, p. S41- S62, fev. 2002.

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