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Epignatus ou fissura 0-14 de Tessier: interrelação entre ... - ABCCMF

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<strong>Epignatus</strong> <strong>ou</strong> <strong>fissura</strong> 0-<strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>Tessier</strong>: interrelação <strong>entre</strong> <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s da linha média<br />

INTRODUÇÃO<br />

<strong>Epignatus</strong> é um tipo raro <strong>de</strong> teratoma nasofaríngeo congênito<br />

<strong>de</strong>rivado das três camadas germinativas e que usualmente<br />

contém órgãos i<strong>de</strong>ntificáveis 1,2 . O termo “epignatus” é puramente<br />

topográfico, referindo-se a todos os tipos <strong>de</strong> tumor originários<br />

da maxila, palato <strong>ou</strong> osso esfenói<strong>de</strong> – região da Bolsa<br />

<strong>de</strong> Ratske 3 . Lesões relacionadas a este tumor não dispõem <strong>de</strong><br />

qualquer apresentação histopatológica específica e são frequentemente<br />

difíceis <strong>de</strong> distinguir <strong>de</strong> gêmeos incompletos, reduplicação<br />

e teratoma 4 . Existem diversas teorias sobre a etiologia:<br />

implantação traumática <strong>de</strong> tecidos, falha na fusão <strong>de</strong> região<br />

somática durante a embriogênese <strong>ou</strong> implantação <strong>de</strong> células<br />

pluripotenciais que <strong>de</strong>sorganizam o crescimento no tecido 5 .<br />

O tumor protrui pela boca e po<strong>de</strong> levar à morte do recémnato<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> obstrução significativa da via aérea.<br />

Dessa forma, o cuidadoso planejamento antes e após o nascimento<br />

é necessário para assegurar a permeabilida<strong>de</strong> da via<br />

aérea 1 . Po<strong>de</strong> estar associado a <strong>ou</strong>tras anomalias do palato,<br />

maxila e mandíbula, sequência <strong>de</strong> Pierre Robin, cistos branquial<br />

e doenças cardíacas congênitas 1,4,6 .<br />

Apenas 10% dos teratomas ocorrem na região da cabeça<br />

e pescoço, predominantemente nas regiões cervical e nasofaringeas,<br />

fazendo dos teratomas nasofaríngeos entida<strong>de</strong>s<br />

extremamente raras 2 . Teratomas ocorrem em média um caso a<br />

cada 35.000 a 200.000 nascidos-vivos, <strong>de</strong>monstrando prepon<strong>de</strong>rância<br />

em mulheres 7,8 . Não há casos relatados <strong>de</strong> anomalias<br />

genéticas <strong>ou</strong> incidência familiar 3,6 . O propósito <strong>de</strong>ste estudo é<br />

apresentar dois casos <strong>de</strong> teratomas tratados, com massa saindo<br />

a partir da base do crânio associada à <strong>fissura</strong> palatina.<br />

Durante dois anos, a criança teve cinco episódios <strong>de</strong> pneumonia.<br />

Quando retorn<strong>ou</strong> aos nossos cuidados, o hipertelorismo<br />

estava mais evi<strong>de</strong>nciado, com presença <strong>de</strong> seis <strong>de</strong>ntes incisivos<br />

superiores, seis <strong>de</strong>ntes incisivos inferiores, duplo frênulo<br />

labial e nariz bífido (Figuras 2 e 3). Os exames <strong>de</strong> tomografia<br />

computadorizada e ressonância magnética <strong>de</strong>monstraram uma<br />

massa originada na face rostral do esfenói<strong>de</strong>, protruindo sobre<br />

a cavida<strong>de</strong> nasal e oral, estando inclusa no seu pedículo uma<br />

estrutura óssea, a qual se assemelhava a um septo bífido.<br />

Havia uma pequena comunicação com a base do crânio na<br />

região esfenoidal (Figuras 4 a 6). Aos 24 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a massa<br />

palatal foi excisada com o tecido normal adjacente, sob anestesia<br />

geral. A língua bífida não foi tratada, assim como a <strong>fissura</strong> palatina.<br />

Histologicamente, a massa palatina era recoberta <strong>de</strong> pele<br />

queratinizada, folículos pilosos e estruturas epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong>s<br />

(Figura 7), associados a tecido gorduroso maduro e brotos<br />

<strong>de</strong>ntários, posteriormente diagnosticada como epignatus. A<br />

criança foi mantida por cinco dias sob cuidados em unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> terapia intensiva e recebeu alta hospitalar no décimo dia<br />

pós-operatório. A palatoplastia foi realizada um mês após a<br />

primeira cirurgia e associada à ressecção do tecido na linha<br />

média da língua, que <strong>de</strong>monstr<strong>ou</strong> ser um hamartoma.<br />

Figura 1 – Paciente 1: dois dias <strong>de</strong> vida, com massa<br />

protuindo através da boca.<br />

RELATO DOS CASOS<br />

Os achados clínicos, radiológicos e laboratoriais <strong>de</strong> dois<br />

pacientes tratados no Centro <strong>de</strong> Atendimento Integral ao Fissurado<br />

Lábio Palatal, portadores <strong>de</strong> epignatus foram revisados. Realiz<strong>ou</strong>se<br />

revisão extensa da literatura sobre o tema, e se discutiu a etiopatogenia<br />

e tratamento <strong>de</strong>ssa malformação. Propõe-se que epignatus<br />

po<strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong> apresentação da <strong>fissura</strong> craniofacial 0-<strong>14</strong>.<br />

Caso 1<br />

Criança do sexo feminino, nasceu após 38 semanas <strong>de</strong><br />

gestação, pesando 2,880 gramas, com Apgar <strong>de</strong> 9 ao primeiro<br />

minuto e 10 aos cinco minutos, sem dificulda<strong>de</strong>s respiratórias.<br />

Foi encaminhada ao nosso serviço no seu segundo dia <strong>de</strong> vida<br />

para investigação clínica, por apresentar massa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

dimensões no palato e malformação da língua (Figura 1). Não<br />

havia intercorrências em sua história pré-natal, e a história<br />

familiar também foi negativa.<br />

Ao exame clínico, uma lesão <strong>de</strong> dimensões aproximadas<br />

às da língua era visível no palato duro, o qual se apresentava<br />

<strong>fissura</strong>do. A massa era recoberta por pele e pêlos finos, evi<strong>de</strong>nciando<br />

hipertelorismo. A língua era larga, bífida e com uma<br />

pequena proeminência sobre a superfície do dorso. Não foram<br />

encontradas <strong>ou</strong>tras anomalias no exame físico. O diagnóstico<br />

clínico foi <strong>de</strong> epignatus combinado com <strong>fissura</strong> palatina e língua<br />

lobulada com tumor lingual. A paciente teve um episódio <strong>de</strong><br />

pneumonia, sendo internada em <strong>ou</strong>tro hospital e submetida a<br />

traqueostomia e biópsia, com diagnóstico <strong>de</strong> teratoma.<br />

Figura 2 – Paciente 1: dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, préoperatório<br />

com traqueostomia.<br />

Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2009; 12(4): 178-83<br />

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