o_19dm3aj1o1sup1j651bkj1drp13h6a.pdf
Blog, uma janela para o mundo o
[Marcio Allemand] Eu conto histórias desde muito moleque, se bem que custei a me dar conta disto. Lembro que costumava deixar minha prima Mônica intrigada e de boca aberta com tantas invencionices que saíam da minha mente pra lá de fértil. Afinal eu era o primo mais novo, mas nestas horas a diferença de idade pouco importava. Na verdade eu era só uma criança que não parava de pensar um segundo sequer, observava tudo e a todos, criava as situações mais absurdas e tinha sempre uma ideia nova na cabeça. Minhas tias diziam que eu gostava de inventar moda. Concordo. Por outro lado, tenho um amigo que diz que eu tenho a mente voltada para o mal. Discordo totalmente. Com os amigos da rua em que eu morava, no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, não era diferente. Eu era o que se pode chamar de arteiro. Não que eu fosse um moleque levado, agitado, daqueles que não parava quieto. Muito pelo contrário. Mas eu gostava de inventar arte e volta e meia deixava a vizinhança de cabelo em pé. Até hoje nunca descobriram quem realmente jogava ovos na casa da vila ao lado do meu prédio. Se desconfiarem de mim, continuarei negando. Já o caso do açougue, este todos souberam. Houve também uma época em que as meninas da minha rua começaram a receber cartas anônimas. Eram cartas onde eu me declarava apaixonado, cheias de versinhos simples e rimas baratas. Eu me divertia mesmo era vendo a cara das mães das meninas que, ao receberem as tais cartas, desciam para tentar adivinhar quem seria o autor desta ou daquela. Muito provavelmente eu fui o responsável pela maioria delas. Ou de todas, sei lá. Mas eu era precavido. Em meio aos versos e rimas, escrevia um “apaichonado“, assim com ch mesmo, e todas as vítimas acaba- 95
- Page 42 and 43: Contadores de Histórias: um exerc
- Page 44 and 45: Vozes, corpos e textos nos vãos da
- Page 46: Contadores de Histórias: um exerc
- Page 49 and 50: [Júlio Diniz & Morandubetá] Júli
- Page 51 and 52: Júlio Diniz - Como era ser um cont
- Page 53 and 54: desse aspecto. O Rio de Janeiro est
- Page 55 and 56: Júlio Diniz - A última pergunta p
- Page 57 and 58: Esta conversa com os participantes
- Page 59 and 60: [Bia Bedran] “Embora nenhum de n
- Page 61 and 62: na minha meninice e, mesmo antes de
- Page 63 and 64: difícil tarefa de viver e conviver
- Page 65 and 66: u O dom da história: uma fábula s
- Page 67 and 68: [José Mauro Brant] A voz é querer
- Page 69 and 70: história de leituras oferece, text
- Page 72 and 73: A voz quente do coração do rádio
- Page 74 and 75: Contadores de Histórias: um exerc
- Page 76: Leituras Inspiradoras Contadores de
- Page 79 and 80: [Augusto Pessôa] Acho que contar h
- Page 81 and 82: posto Optei por adaptar histórias
- Page 83 and 84: experiências com a telinha contand
- Page 85 and 86: [Paulo Siqueira] Meus avós eram da
- Page 87 and 88: O cinema é uma indústria cara, s
- Page 89 and 90: imaginar que alguém vivesse disso,
- Page 91 and 92: cortando partes, dando dinâmicas a
- Page 96 and 97: Contadores de Histórias: um exerc
- Page 98: Contadores de Histórias: um exerc
- Page 101 and 102: [Cléo Busatto] Eu me lembro do fog
- Page 103 and 104: epresentava um outro. Enquanto isso
- Page 105 and 106: [Carlos Eduardo Klimick Pereira & E
- Page 107 and 108: grande diversidade de cenários (fa
- Page 109 and 110: elemento importante foi que os joga
- Page 111 and 112: cação: certas preferências hist
- Page 113 and 114: u TNI (Técnicas para Narrativas In
- Page 115 and 116: [Ana Luísa Lacombe] Na verdade, el
- Page 117 and 118: depois, na minha adolescência, fui
- Page 119 and 120: 119
- Page 121 and 122: [Almir Mota] Quando eu era criança
- Page 123 and 124: importante é o que está dentro de
- Page 125 and 126: Leituras Inspiradoras u A pedagogia
- Page 127 and 128: [Nanci Gonçalves da Nóbrega] Ao c
- Page 129 and 130: fragmentos de nossas interpretaçõ
- Page 131 and 132: O que aqui se diz é da Arte como a
- Page 133 and 134: que o envolve e com o próprio Mist
- Page 135 and 136: 135
- Page 137 and 138: [Edvânia Braz Teixeira Rodrigues]
- Page 139 and 140: vi diante de questionamentos sobre
- Page 141 and 142: nenhuma emoção bateu mais forte q
[Marcio Allemand]<br />
Eu conto histórias desde muito moleque, se bem que custei a me dar conta disto.<br />
Lembro que costumava deixar minha prima Mônica intrigada e de boca aberta<br />
com tantas invencionices que saíam da minha mente pra lá de fértil. Afinal eu era o<br />
primo mais novo, mas nestas horas a diferença de idade pouco importava. Na verdade<br />
eu era só uma criança que não parava de pensar um segundo sequer, observava tudo<br />
e a todos, criava as situações mais absurdas e tinha sempre uma ideia nova na cabeça.<br />
Minhas tias diziam que eu gostava de inventar moda. Concordo. Por outro lado, tenho<br />
um amigo que diz que eu tenho a mente voltada para o mal. Discordo totalmente.<br />
Com os amigos da rua em que eu morava, no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro,<br />
não era diferente. Eu era o que se pode chamar de arteiro. Não que eu fosse um<br />
moleque levado, agitado, daqueles que não parava quieto. Muito pelo contrário. Mas<br />
eu gostava de inventar arte e volta e meia deixava a vizinhança de cabelo em pé.<br />
Até hoje nunca descobriram quem realmente jogava ovos na casa da vila ao lado do<br />
meu prédio. Se desconfiarem de mim, continuarei negando. Já o caso do açougue,<br />
este todos souberam. Houve também uma época em que as meninas da minha rua<br />
começaram a receber cartas anônimas. Eram cartas onde eu me declarava apaixonado,<br />
cheias de versinhos simples e rimas baratas. Eu me divertia mesmo era vendo<br />
a cara das mães das meninas que, ao receberem as tais cartas, desciam para tentar<br />
adivinhar quem seria o autor desta ou daquela. Muito provavelmente eu fui o responsável<br />
pela maioria delas. Ou de todas, sei lá. Mas eu era precavido. Em meio aos versos<br />
e rimas, escrevia um “apaichonado“, assim com ch mesmo, e todas as vítimas acaba-<br />
95