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Júlio Diniz – A última pergunta para cada um de vocês. Quais são as expectativas da<br />

contação de histórias<br />

Benita Prieto – Estamos construindo uma bela história. Mas precisamos mapear o<br />

Brasil para ampliar as nossas bases nacionais. E solidificar as relações que mantemos<br />

com outros contadores no mundo construindo uma rede de cooperação que<br />

possibilite cada vez mais a troca de experiências e os intercâmbios. E algo que me<br />

aflige é a renovação. Há extrema necessidade de jovens contadores de histórias,<br />

para que todo esse trabalho não desapareça. Afinal e infelizmente eternas são<br />

somente as histórias.<br />

Celso Sisto – A contação de histórias no Brasil de hoje está bem difundida. Mas<br />

falta mais, falta muito mais. Primeiro é preciso investir enormemente na formação<br />

de grupos. Eu acredito nisso. Contar histórias coletivamente tem uma força<br />

incalculável, e o que a gente vê com mais frequência é o surgimento de contadores<br />

individuais (é mais fácil contar sozinho! ser dono de tudo!). Mas sou a favor dos<br />

grupos, dessa experiência coletiva e socializante, inclusive como maneira de “barrar”<br />

os estrelismos. O que importa é a literatura, o compromisso com as obras de<br />

qualidade. O que assistimos hoje é o que chamo de “pasteurização” da arte de<br />

contar histórias. Explico: o contador de histórias tem que se adequar à história<br />

que ele conta, e não o contrário. A história é quem deve determinar a forma, a<br />

maneira, o estilo requerido por ela, para ser contada, e não o contrário. O que<br />

se vê são contadores de histórias usando as histórias para ressaltarem suas qualidades<br />

artísticas e não “iluminarem” as histórias que contam. Toda e qualquer<br />

habilidade individual deve estar a serviço da história, para engrandecimento da<br />

história que se conta, e não do contador.<br />

Eliana Yunes – A contação de história sempre foi uma fórmula de abertura para<br />

ler o mundo. Pensando assim, como o mundo chega organizado às cabeças das<br />

pessoas, elas não sabem mais quais são as relações com as coisas. Que o mundo<br />

é o mundo da cultura, não é As histórias fizeram esse papel. A oralidade sobrevive<br />

porque ela dá para organizar as sociedades, mesmo quando essas formas são<br />

muito sofisticadas como o caso das formas gregas. Elas prevalecem, permanecem<br />

Júlio Diniz & Morandubetá<br />

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