o_19dm3aj1o1sup1j651bkj1drp13h6a.pdf
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
desse aspecto. O Rio de Janeiro estava irreconhecivelmente inteligente naquele<br />
momento. É isso<br />
Morandubetá – É isso mesmo! No início não havia muito público. Tudo acontecia<br />
numa salinha. Levávamos nossos parentes e amigos para encher a sala. Depois o<br />
público foi crescendo, tinha disputa... Tinha senha. Às vezes fazíamos duas sessões<br />
no mesmo espaço. Todo o processo foi muito lindo. Tanto no CCBB quanto<br />
na Casa da Leitura.<br />
Júlio Diniz – Vocês se tornaram multiplicadores e formadores de novos contadores<br />
de história e de grupos, não é mesmo<br />
Morandubetá – Há vários grupos e contadores que são importantes no Brasil hoje<br />
que foram formados por nós. Praticamente deixamos um grupo em cada cidade<br />
por onde passamos. O Morandubetá possibilitou, junto com essas andanças,<br />
junto a esses projetos de que estamos falando, não só formar contadores como<br />
descobrir contadores, porque essa é a nossa missão também.<br />
Júlio Diniz – Agora falem um pouco do repertório.<br />
Morandubetá – A história de repertório é a seguinte. Como as nossas sessões tinham<br />
sempre um tema, precisávamos pesquisar muito. Começamos com literatura infantil,<br />
depois passamos para literatura adulta, dentro da Biblioteca Nacional. A ideia<br />
foi sumamente rejeitada. As críticas eram pesadas. Alguns achavam um absurdo<br />
funcionários ouvindo histórias, fazendo círculo de leitura. Achavam que era loucura<br />
contar histórias para gente que não sabia ler.<br />
Júlio Diniz – O pessoal da limpeza<br />
Morandubetá – É, porque só sobrou o pessoal da limpeza, porque ninguém, funcionário<br />
nenhum queria efetivamente participar. Quando passamos a fazer para o<br />
público em geral, escolhíamos histórias de acordo com a época, segundo o calendário.<br />
Tivemos que literalmente caçar nossas leituras, consultar outras pessoas<br />
e mergulhávamos na biblioteca para ver os acervos. Foi aí que a Lúcia e o Celso<br />
viraram escritores. Na medida em que não encontrávamos um repertório do que<br />
queríamos, tínhamos que criar. Chegamos a ter um repertório de cem contos<br />
cada um de nós. E também nos encontrávamos para estudar. Fazíamos reuniões<br />
Júlio Diniz & Morandubetá<br />
53