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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />
52<br />
Júlio Diniz – De onde vem essa palavra, “contação”<br />
Morandubetá – Essa palavra é do grande contador Gregório Filho. Primeiro ficávamos<br />
cheios de receios de usar, pois a palavra não existia. Mas Gregório nos<br />
convenceu. É melhor falar de um jeito que todo mundo entenda. A língua portuguesa<br />
aguenta tudo isso. Ele define assim contação, ação de contar.<br />
Júlio Diniz – Quando é que vocês deram um salto, ou seja, modificaram um pouco<br />
o trajeto, se profissionalizaram e foram para o teatro Já tive oportunidade de ver<br />
o trabalho de vocês em vários esquemas diferentes. Até no palco do CCBB – Centro<br />
Cultural Banco do Brasil – aqui no Rio<br />
Morandubetá – Fomos evoluindo sem perceber. A gente não tinha um plano.<br />
Ocupávamos os espaços. Houve um fato importante que marcou o início de nossa<br />
trajetória – o trabalho no Museu Histórico Nacional. A revista Veja fez uma matéria<br />
e aí despertamos o interesse do público, da imprensa e dos gestores de cultura.<br />
Passamos a ser chamados para projetos em várias instituições, nós fazíamos tudo<br />
ao mesmo tempo.<br />
Júlio Diniz – A partir daí, o que aconteceu<br />
Morandubetá – Naquele momento veio uma vontade de profissionalização. Decidimos<br />
ter um logotipo, assessoria de imprensa, pensar em ter produtos, virar uma<br />
microempresa. E decidimos sair da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil,<br />
para não parecer que pertencíamos à FNLIJ. Despedimo-nos com uma linda carta<br />
que está lá nos arquivos da Fundação.<br />
Júlio Diniz – A partir das vivências no Proler e no Leia Brasil, vocês formaram contadores<br />
de história, é isso Eu queria que vocês falassem um pouco sobre esse assunto.<br />
Morandubetá – Percebemos que não daríamos conta de tudo, já que o Proler e o<br />
Leia Brasil estavam crescendo por todos os cantos do país. Nessa época também<br />
surge a Casa da Leitura em Laranjeiras que abre espaço para os contadores. A<br />
Casa começa com a gente contando histórias porque ainda não havia a formação<br />
continuada de grupos. Ministramos também cursos na PUC-Rio, Ler UERJ, universidades,<br />
SESC, SESI. Era tanto lugar, uma loucura saudável.<br />
Júlio Diniz – Vou adaptar a frase do Millôr Fernandes que é muito boa para falar