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Vozes, corpos e textos nos vãos da cidade o
[Júlio Diniz] Aliberdade, segundo o senso comum, é um direito inalienável de todo ser humano. Mas a luta para que ela seja valor imprescindível nas relações sociais, políticas e econômicas é um exercício que se perpetua na contemporaneidade. É impossível para o (e)leitor de nosso momento histórico conceber a arte submetida a regimes estéticos, mercadológicos e ideológicos autoritários. A liberdade, além de ser um segredo, como diz Clarice Lispector, tem uma densidade uma oitava acima de qualquer tom. Contar uma história, para mim, é sempre um exercício em liberdade. Não consigo entender como, diante dos impasses do presente, as narrativas individuais e coletivas possam ser controladas e/ou orientadas por forças externas a sua fundação como discurso. Estar diante do outro e falar para o outro do outro que habita em si é o grande gesto político, artístico e ético que um contador de histórias pode fazer num mundo de descasos e banalizações. Há quem ainda acredite e perpetue a ideia de que o autor morreu. Parece que alguns proto-pós-modernos de plantão não leram bem ou passaram apressadamente os olhos pelos textos de Foucault e Barthes que discutem essa questão. Como falar de morte do autor num momento de histeria coletiva diante do conceito de intimidade e da proliferação das narrativas do eu, das autobiografias e das autoficções As narrativas urbanas que moldam o corpo textual e sonoro do contador formam um contínuo e caudaloso rio que contempla margens e penetra territórios que vão da família à rua, da solidão ao encantamento, da loucura à memória. Infância, paixões, pre- 45
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[Júlio Diniz]<br />
Aliberdade, segundo o senso comum, é um direito inalienável de todo ser<br />
humano. Mas a luta para que ela seja valor imprescindível nas relações sociais,<br />
políticas e econômicas é um exercício que se perpetua na contemporaneidade. É<br />
impossível para o (e)leitor de nosso momento histórico conceber a arte submetida<br />
a regimes estéticos, mercadológicos e ideológicos autoritários. A liberdade, além de<br />
ser um segredo, como diz Clarice Lispector, tem uma densidade uma oitava acima de<br />
qualquer tom.<br />
Contar uma história, para mim, é sempre um exercício em liberdade. Não consigo<br />
entender como, diante dos impasses do presente, as narrativas individuais e coletivas<br />
possam ser controladas e/ou orientadas por forças externas a sua fundação como discurso.<br />
Estar diante do outro e falar para o outro do outro que habita em si é o grande<br />
gesto político, artístico e ético que um contador de histórias pode fazer num mundo<br />
de descasos e banalizações.<br />
Há quem ainda acredite e perpetue a ideia de que o autor morreu. Parece que<br />
alguns proto-pós-modernos de plantão não leram bem ou passaram apressadamente os<br />
olhos pelos textos de Foucault e Barthes que discutem essa questão. Como falar de<br />
morte do autor num momento de histeria coletiva diante do conceito de intimidade<br />
e da proliferação das narrativas do eu, das autobiografias e das autoficções<br />
As narrativas urbanas que moldam o corpo textual e sonoro do contador formam<br />
um contínuo e caudaloso rio que contempla margens e penetra territórios que vão da<br />
família à rua, da solidão ao encantamento, da loucura à memória. Infância, paixões, pre-<br />
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