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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />

198<br />

Um lugar para experimentar mil combinações do que é possível, para aprender o<br />

que pode vir a ser.<br />

Precisamente o que as estórias milenares nos convidam a fazer, num passeio pela<br />

paisagem mítica preservada humanidade afora. Que ecoa na nossa paisagem interior,<br />

aberta para nossa passagem quando estamos encantados.<br />

Sinto um pouco de pena das pessoas que confundem alhos com bugalhos. Então,<br />

nesse caso, por exemplo:“Os contos de fadas foram ridicularizados pela arte moderna<br />

e pelos freudianos como instrumento de alienação” (frase tirada do artigo: Disney,<br />

vida e fantasia de luzes e sombras, de Daniel Piza para o Jornal O Estado de São Paulo<br />

em 17 de maio de 2009).<br />

O encantamento não é alienado e também não é infantil. E os contos de fadas<br />

são um ramo apenas recente de uma árvore que existe desde que o mundo é mundo,<br />

enraizada no desejo de saber.<br />

E nem todos os freudianos concordariam com a afirmação acima, mas isso é uma<br />

outra conversa.<br />

O encantamento é um estado de conhecimento. A qualidade que acende sua<br />

vivacidade é o movimento perene e flexível da imaginação criadora. Uma qualidade<br />

forjada no SEMPRE que se manifesta nas mais variadas situações: nas formas da<br />

Natureza, nas brincadeiras das crianças (quando elas PODEM brincar), nas obras<br />

de artistas, de cientistas, nos mitos e nos ritos das culturas tradicionais, em todas as<br />

transgressões que transformam a História dos grupos humanos.<br />

Outro menino de quatro anos estava brincando com sua avó. De repente a corrente elétrica<br />

foi interrompida.<br />

No escuro, disse a avó: “Nossa, a luz caiu!”<br />

Logo em seguida tudo voltou ao normal. A avó outra vez: “Que bom, a luz voltou !”<br />

O menino, em silêncio por um certo tempo, abriu um ar de descoberta: “Sabe, vó, eu estava<br />

pensando. A luz caiu e depois ela voltou. Deve ser porque tem uma cama elástica dentro da<br />

parede!” (Caso contado pela avó, Eliana)<br />

O SEMPRE é também um lugar de risco, da aventura de formular hipóteses, de

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