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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />

174<br />

Há histórias que trazem mistérios. Eu gosto do mistério das histórias. As nossas vidas também<br />

trazem mistérios. As histórias são as nossas vidas contadas aos poucos, de mistério em<br />

mistério. Carlota, 39 anos<br />

Trabalhamos com o que está guardado. Trabalhamos com o mistério e com os<br />

tantos vazios que às vezes passamos a vida inteira em busca de conseguir preencher.<br />

Trabalhamos com o que ficou retido daquele ‘eu’ que, com receio do mundo, encontrou<br />

no adoecer a única possibilidade de conseguir sobreviver. Trabalhamos com a<br />

verdade. Não a verdade que se cria para se apresentar ao mundo, a verdade social, mas<br />

a verdade íntima, profunda, desigual. Aquela que existia antes do mundo imprimir<br />

a nossa imagem em nós. Daí a importância da posse da nossa história. Da história<br />

legitimamente nossa, genuína. Construída com as linhas que contornam nosso semblante,<br />

que tatuam a nossa alma e nos acompanham por toda a caminhada; para que<br />

saibamos reconhecer quando aquele enredo ou aqueles personagens não fazem parte<br />

dos nossos capítulos e, assim, possamos construir e demarcar nossos parágrafos com<br />

os nossos próprios pontos finais.<br />

E peneirando os tesouros brotados entre histórias humanas e literárias, editamos<br />

dois livros com contos criados na partilha de olhares, palavras e silêncios.<br />

‘ A lenda das sementes e outras histórias bonitas (FREYRE, Kika [Org.], Ed. Livro<br />

Rápido, Olinda, 2006)<br />

‘ À margem de um sol poente… histórias de vários caminhos (FREYRE, Kika [Org.], Ed.<br />

Novo Estilo, Recife, 2007)<br />

E assim, seguimos buscando e partilhando o que há de saudável, nobre e rico,<br />

o que ainda está guardado no sótão do coração da alma, onde a doença pode até<br />

tentar chegar, mas não alcança. Onde as metáforas da vida e os desassossegos diários<br />

propõem novas esperanças a cada nascer do sol.

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