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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes 16 Anteriormente à modernidade, foram os românticos os responsáveis pela revalorização da memória oral das comunidades. Os romances foram uma recriação das narrativas orais. Por outro lado, os irmãos Grimm na Alemanha, o dinamarquês Hans Christian Andersen e os romancistas, como Alexandre Dumas, Walter Scott e José de Alencar, foram buscar nas lendas, na história, no folclore, o imaginário coletivo. E, na modernidade, ocorrem insólitas revalorizações da palavra. A arte contemporânea, depois de ter chegado ao abstracionismo, deu uma meia-volta em direção à palavra e institucionalizou a “arte conceitual” como uma das mais nítidas tendências do século XX. E isto se deu de tal forma que o “discurso” sobre os quadros ou obras passou a ser mais relevante que as próprias obras e a terem em relação a elas certa independência. (Tratei disto no livro O enigma vazio, editado pela Rocco). A indústria das novelas de televisão, o cinema, o teatro, as estórias em quadrinho e os romances continuam mais fortes que nunca. A publicidade tornou-se uma forma de narrar e de seduzir. Uma cidade é um livro, cheia de letras, como para o índio é a floresta. Disto tudo sobressai a palavra – narratividade. Narramos sem saber que narramos e somos lidos até sem nos darmos conta de que nos estão lendo. Mais do que nunca torna-se urgente que as pessoas tenham consciência de que ler o mundo é uma tarefa contínua, desafiadora e propiciadora do sucesso pessoal e social. Somos estórias em movimento. Parábolas vivas. E quem conta estórias vive várias vidas numa só.
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