o_19dm3aj1o1sup1j651bkj1drp13h6a.pdf
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
[Kika Freyre]<br />
Uma Contadora e um livro de histórias. Uma enfermaria e várias crianças. Foi<br />
assim que os contos chegaram ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife<br />
(Brasil), para que pudessem construir laços de parceria com o tratamento quimioterapêutico<br />
e cardiológico de crianças.<br />
Vieram fazer parte do Programa A Arte na Medicina às vezes cura, de vez em quando<br />
alivia, mas sempre consola, da Faculdade de Ciências Médicas da UPE (Universidade<br />
de Pernambuco), que já contava com oficinas de artes plásticas, fotografia e vários<br />
instrumentos musicais. Para estas aulas, as crianças precisavam ir até a Escolinha<br />
de Artes e Iniciação Musical, no próprio hospital. Mas e aí e quando estas crianças<br />
estavam em processo de quimioterapia E quando as suas defesas, de tão baixas não as<br />
deixavam sair da enfermaria Que fariam elas Daí a ideia da Oficina de Contos, para<br />
levar as histórias ao pé da cama, ao pé do ouvido, sobretudo às crianças que, cheias de<br />
achaques e cateteres, mal podiam ficar de pé.<br />
As histórias foram chegando comigo e logo se propagavam por todo aquele andar.<br />
As crianças pediam e a médica prescrevia: amor todos os dias, remédios tal e tal hora<br />
e ao menos uma história por semana. E assim, se cumpria a rotina terapêutica, sempre<br />
quebrada pela chegada de gente nova ou pela alta de quem lá estava – às vezes<br />
também se quebrava pela morte, mas isso é uma outra história. E rápido, como efeito<br />
de medicação intravenosa, os contos passaram a fazer parte do tratamento e, uma vez<br />
por semana, cada criança recebia a sua dose de fantasia.<br />
Mas não era só de fantasia que a Oficina de Contos vivia. Porque as histórias<br />
169