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[Lene Nunes]<br />
Meu nome é Marilene Nunes, nasci numa cidadezinha do Espírito Santo chamada<br />
Mimoso do Sul. A minha vinda para o Rio de Janeiro aconteceu quando<br />
ainda era criança. Como toda criança que mora no interior, sempre ouvi muitas<br />
histórias contadas por minha mãe, lembro que ficava horas sentada na porta de casa<br />
ao anoitecer, ouvindo mamãe contar contos de assombração, de fazendeiros, histórias<br />
de vida, etc.<br />
O tempo foi passando, me mudei e ainda era pré-adolescente quando cheguei à<br />
Maré, vinda de Del Castilho, removida da avenida Suburbana. Assim que cheguei,<br />
achei tudo muito estranho, a casa era chamada de “Dúplex”, porque tinha dois<br />
andares (embaixo ficava sala, cozinha, banheiro e em cima dois quartos), havia uma<br />
caixa d’água instalada, mas não tinha água encanada. A minha casa ficava numa parte<br />
já aterrada da Maré, na comunidade Nova Holanda, eu visitava várias colegas que<br />
moravam nas palafitas, era divertido e ao mesmo tempo perigoso quando andava nas<br />
pontes sobre as águas e no calor era gostoso, porque sempre molhava meus pés. Outra<br />
diversão era carregar água com o “rola-rola” ou “lata na cabeça” para encher a caixa<br />
d’água. (Era difícil conseguir água, porque tinha que sair pedindo nas casas distantes.)<br />
A minha entrada nesse universo de contar histórias aconteceu através de uma amiga<br />
que me informou que haveria uma Oficina de Contação de História no CEASM<br />
(Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), logo me interessei, pois sempre gostei<br />
de ouvir e contar histórias para os meus filhos. Fiz a inscrição e fui entrevistada, mas<br />
saí de lá com a certeza de que não seria selecionada, pois a faixa etária exigida era de<br />
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