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pulsão pela leitura. Falava-se todo o tempo de textos, de escritores, de lançamentos<br />
de livros, de temas interessantes para se contar, de cultura popular, contos da carochinha,<br />
e, assim, circulavam os livros, trocavam-se experiências, formavam-se grupos,<br />
pesquisava-se sobre a leitura da literatura.<br />
O mais interessante é que os cursos não tinham exclusivamente o objetivo de<br />
ensinar a contar histórias, pois isso já é quase inerente ao ser humano. Basicamente<br />
visavam o incentivo à leitura pelo viés da arte, da literatura. Mas os alunos, além de se<br />
descobrirem leitores, descobriam-se também contadores de histórias. Até hoje encontramos<br />
nos cursos de Letras, ou já formados nas Universidades, pessoas que, a partir<br />
dos cursos da Casa da Leitura, descobriram sua vocação e hoje são profissionais dessa<br />
área; meu filho José Mauro Brant e minha neta Alluana Ribeiro são alguns exemplos.<br />
O Leia Brasil, que chegou a ter, em 1998, 16 Bibliotecas Volantes em 89 cidades<br />
de seis estados do Brasil, teve a contação de histórias como seu carro-chefe. Não havia<br />
uma atividade do Leia que não iniciasse e acabasse com uma história contada pelos<br />
novos contadores. Além disso, oferecíamos cursos de contadores de histórias para<br />
todos os professores, o que tornava o Programa cada vez mais respeitado e querido<br />
pelas Secretarias de Educação dos Municípios conveniados.<br />
Nas cidades, muitos professores tornaram-se contadores, ou individualmente, ou<br />
em grupos e, por essa atividade se apaixonaram também pela leitura e pela literatura<br />
a ponto de mudar suas vidas. Não é exagero não, pois quem conta a história do Leia<br />
Brasil sabe a influência que as histórias autorais e as populares, apresentadas daquele<br />
jeito de contar, tiveram na formação de professores leitores, na sua atuação como<br />
promotores da leitura e nas suas histórias pessoais. Houve uma melhoria significativa<br />
na relação da escola com a leitura, dos professores com a leitura dos seus alunos e dos<br />
professores entre si. Foi a questão do encantamento. Foram todos encantados pelos<br />
contadores de histórias e trabalhar com leitura passou a ser um prazer.<br />
Após quase sete anos no Leia Brasil, fui para o Sesc Rio, levando comigo essa bagagem<br />
de experiências bem sucedidas com a contação de histórias. No programa de leitura<br />
que implantamos no Sesc, chamado Tecendo o Amanhã – Programa de Leitura do Sesc<br />
Maria Helena Ribeiro<br />
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