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Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes<br />
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Coração de Tinta, de Cornélia Funke, em seu diálogo de preocupação com as crianças<br />
desprovidas do acesso ao livro “– Mas como fazem essas crianças sem livros de<br />
histórias – perguntou Naftali. E Reb Zebelun respondeu: – Elas têm que se conformar.<br />
Livros de histórias não são como pão. Pode-se viver sem eles. – Eu não poderia<br />
viver sem eles. – disse Naftali.”<br />
Eu não poderia viver sem livros. Este foi o princípio básico da contação de história<br />
que se vivenciava nas salas de aula do Colégio de Aplicação da UFG, naquele tempo...<br />
contavam-se histórias para despertar o desejo pelo texto escrito e, para contá-las, era<br />
necessário gostar muito delas, outro princípio básico.<br />
Aquelas duas professoras, agora acompanhadas de outros colegas de trabalho,<br />
então, fundaram um grupo de contadores de histórias, Grupo Gwaya Contadores de<br />
Histórias, da UFG. Este grupo institucionalmente era um projeto de extensão e cultura,<br />
que propiciou a elas o tempo necessário para saírem por aí em escolas, hospitais,<br />
festas, seminários e eventos, contando muitas histórias. E, com isso, se depararam<br />
com uma nova demanda, muitos e muitos professores que desejavam aprender a<br />
contar histórias.<br />
o ato de ler guarda sempre significados que estão além dele, transforma-se em metáfora que<br />
alimenta desejos ancestrais que a humanidade sempre perseguiu, mesmo se em vão. Em<br />
várias culturas, em várias épocas, ele foi promessa de revelação, de superação final da precariedade<br />
imposta como condição (PERROTI: 1990, p.39)<br />
Eu buscava estes significados no trato com a leitura e com a escola básica e coletivamente<br />
o grupo passou a construir o seu projeto de formação de novos contadores. Os<br />
livros lidos, as discussões realizadas, as histórias contadas, o contato com o universo<br />
da literatura e da arte cênica essencial para contar história foi me mostrando que o<br />
livro tem um poder que se estabelece em duas perspectivas, na primeira ele se coloca<br />
como objeto histórico que narra a história refletindo, difundindo, permitindo, testemunhado<br />
e me colocando como partícipe do tempo, dos costumes, dos valores, do<br />
imaginário, do contexto e da época que ele me narra; na segunda o livro é constitutivo,<br />
nele mesmo, de um imaginário de sua significação e, em meio a estas constatações me